terça-feira, 21 de abril de 2015

As reações de pânico do "movimento espírita": do coitadismo às ameaças


Ocorre, nos bastidores do "movimento espírita", uma reação de pânico entre seus líderes e membros, diante do crescimento de questionamentos e contestações que agravam ainda mais a sua crise e que mostram toda a podridão que está por trás da seita que já havia sido contestada pelo espírito Erasto, e, no Brasil, por pessoas lúcidas como Afonso Angeli Torteroli e José Herculano Pires.

Nunca demos o devido ouvido a eles, e nem a pessoas como Osório Borba, que havia observado, com sua lucidez de especialista literário, que o livro Parnaso de Além-Túmulo havia sido fraude, apontando exemplos gritantes como os de Augusto dos Anjos e Olavo Bilac.

Enquanto isso, deixamos passar esse espetáculo da "tábua Ouija" e das "mesas giratórias" que se reduziu a atividade "espírita", que, alvo de profundas e mais diversas contestações, cria reações das mais diversas entre seus líderes e seguidores.

Uns se acham os pretensos "Cristos crucificados". Outros procuram o "Amauri Pena" da vez, o sobrinho de Chico Xavier morto como os condenados do DOI-CODI, ou como o Amarildo do "movimento espírita", só porque queria denunciar as fraudes do "movimento espírita".

Um possível exemplo deste segundo caso é o de um portal que se autoproclama de "filosofia e ciência", mas que se apega aos absurdos ligados a Chico Xavier - certa vez copiou um texto que supunha que militares dos EUA teriam "comprovado" tese da "data-limite" sem que houvesse qualquer explicação plausível, veio com uma nota muitíssimo estranha.

O portal publicou uma nota sobre as tragédias que teriam atingido três homens que iriam investigar as mentiras por trás do atentado do 11 de setembro, que, sabemos, é um episódio que envolveu tanto a supremacia de um país quanto ao fundamentalismo religioso que motivou os três atos terroristas, um deles contra o World Trade Center.

O que levou o portal a publicar tal nota, fora da data em que se lembra de tristes ocorrências - afinal, ainda estamos em abril -  é um mistério. Curiosidade? Ou não seria a tristeza ou a revolta de ver que a era de mistificações impunes do "espiritismo" brasileiro está chegando ao fim? Ou de ver que o querido Chico Xavier não pôde ser a síntese de profeta, cientista e estrategista político?

A RELIGIÃO DOS "DONOS DA VERDADE"

Infelizmente, deixamos as deturpações do "movimento espírita", que tantos e dolorosos escândalos haviam causado e, o que é pior, com seus responsáveis se passando por "vítimas de perseguições", crescerem de tal forma que seus líderes e mitos se consideram "donos da verdade", "donos dos mortos" e possuidores tanto de belas retóricas quanto de julgamentos severos.

Sem conhecer direito a Ciência Espírita, os "espíritas" brasileiros inventaram uma prática que eles julgam ser mediúnica, e criam todo um repertório de valores místicos e moralistas que faz apologia do sofrimento humano - "sofra amando e sem queixumes", aconselhava o "sábio" Chico Xavier - e a glamourização das tragédias precoces.

Mensagens apócrifas são produzidas em série e atribuídas a espíritos do além, quando são feitas pela imaginação dos supostos médiuns. Quadros falsificados são produzidos com autoria atribuída aos pintores do além.

Tanto nas supostas psicografias e psicopictografias, não há o escrúpulo sequer de imitar as assinaturas dos falecidos, e tudo é passado por "verídico" mesmo mostrando a caligrafia do "médium" escrevendo o nome do finado em questão.

A "religião espírita" se vale de julgamentos infundados, quando, em sua hipocrisia, pede para que os outros "não julguem". Chico Xavier fez um julgamento perverso contra as vítimas do incêndio em um circo em Niterói, em 1961, acusando-os indevidamente de terem sido "gauleses sanguinários" (a Gália, correspondente à atual França, era integrante do Império Romano) e botando a acusação sob a responsabilidade espiritual de Humberto de Campos.

Só para sentir a gravidade dessa acusação, o médico e suposto médium paulista, Woyne Figner Sacchetin, fez o mesmo contra as vítimas do acidente da TAM em 2007 e usou o nome de Alberto Santos Dumont, E foi processado. Três décadas antes, Chico Xavier fez o mesmo e ninguém processou. A essas alturas a FEB havia blindado Chico e evitado incidentes como os de 1944.

E Chico Xavier fez um mal ainda mais grave do que Woyne, que por si é gravíssimo. Isso porque Woyne profanou pessoas de classe média ou alta, que foram as 199 vítimas do acidente da TAM, entre ocupantes do avião e pessoas que estavam perto do local da explosão. Eram pessoas com dinheiro para arrumar um advogado e processar o "médium". Além disso, Woyne usou um nome muito famoso e prestigiado como Alberto Santos Dumont.

Já Chico Xavier prejudicou as vítimas e suas famílias de origem humilde, que não tinham dinheiro para pagar advogados e processar o "médium" por tamanhas acusações. E Chico usou um nome esquecido como o falecido escritor Humberto de Campos, que, mesmo sob o codinome "Irmão X", foi rebaixado a uma "marionete" do anti-médium de Pedro Leopoldo e Uberaba.

A "religião espírita" está em pânico porque os questionamentos aparecem de todos os lados. E isso num país em que se "religiosiza" de tudo, do futebol à cerveja, do rock ao vinho, do BRT ao "funk", em que tudo é divinizado.

Vem uma decisão arbitrária, vinda de alguém "de cima" (um poderoso ou um diplomado) e a pessoa aceita sem questionar. Isso já é uma "divinização" de uma decisão nociva que muitos aceitam sem reação. Quando muito, se reclama pelas costas, mas depois, se passar muito tempo, tudo passa a ser visto como natural e até virtuoso, mesmo com todos os prejuízos causados, até com mortos.

E aí, como reagem os "chefões espíritas"? Uns com o coitadismo da vitimização chorosa, se dizendo "perseguidos" porque "fazem o bem" (que bem eles realmente fazem é um mistério que a razão questiona e desqualifica com mais facilidade). Outros, fazendo ameaças, do tipo "olha, quem investigou certas mentiras foi castigado pela 'sorte'". Olha a "maldição da esfinge", olha o "homem do saco", como se ouve desde a infância.

Não sentimos intolerância religiosa, mas tudo tem limites. Quando a religião, terreno do místico, do mítico, do fantasioso, passa a exercer supremacia sobre a realidade, querendo se julgar acima da ciência, da lógica e do raciocínio humano, ela se torna perigosa. Quando a religião, parada no tempo, quer se julgar acima dele, surgem ataques fundamentalistas, que dizimam multidões em todo o mundo.

A religião tornou-se, então, uma grande ameaça. E os "espíritas" brasileiros, que rebaixaram a doutrina de Allan Kardec a um espetáculo de "tábua Ouija" misturado com Catolicismo medieval, estão vendo ruir a ilusão de suposta superioridade espiritual da qual gozavam diante das paixões terrenas e pretensamente "espiritualistas" de seus seguidores.

Vendo que nem todos acreditam que os líderes "espíritas" se tornarão "puros" e "perfeitos" quando forem para a pátria espiritual, eles agora se desnorteiam diante da crise que sofrem, não por culpa dos que os contestaram severamente, para por culpa dos erros que o próprio "espiritismo" brasileiro produziu e deixou crescer ao longo de 130 anos.

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