quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

As armadilhas "espíritas" e a comoção ingênua dos pais "órfãos de filhos"


O que leva o sentimentalismo fácil, a comoção desesperada e a submissão da fé, principalmente quando os próprios pais, "orfãos" de seus filhos prematuramente falecidos, A comoção fácil torna essas pessoas, mesmo adultas e com alguma experiência de vida, altamente vulneráveis à tentação invigilante de entrar em contato com seus falecidos.

Sem que hajam técnicas de comunicação confiável com os mortos, o "movimento espírita" se aproveita do coração mole dos pais "órfãos" de seus descendentes para explorar sua credibilidade e sua sensibilidade. E o livro Nossa Nova Caminhada é um exemplo aberrante dessa armadilha "espírita".

No caso da tragédia ocorrida na boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria, em 27 de janeiro de 2013, isso chegou ao ponto de pais de sete das 242 vítimas financiarem um livro com supostas mensagens dos mortos. Em outras palavras, eles podem estar financiando uma mentira, uma fraude.

Desesperados em saber como estão seus filhos, os pais carentes recorrem a tudo e, tomados de completa emoção, tornam-se incapazes de fazer um discernimento exato das coisas. Sem qualquer verificação cuidadosa, atribuem veracidade às mensagens apenas por algumas semelhanças superficiais.

A reportagem do G1, que noticiou o lançamento do livro, não informou que "detalhes íntimos" tornaram "verídicas" as mensagens colhidas, mas, em contrapartida, mostrou justamente uma carta, atribuída a Stéfani Posser Simeoni, em que o suposto ou a suposta médium, na maior cara-de-pau, teria assinado errado o prenome.

Nessa assinatura duvidosa, há até a marca de um "Sp" com o "p" rasurado por um "t" na primeira escrita do nome "Stéfani, e abaixo o prenome escrito, desta vez com o sobrenome todo da jovem. Uma fraude que não consegue explicar o porquê dessa assinatura hesitante de um espírito que, supostamente, estava calmo e trazia uma mensagem tranquilizadora.

A falta de cautela faz com que os próprios familiares se tornem vulneráveis a mensagens duvidosas, já que, mesmo que apresentem alguma semelhança com o que o falecido foi em vida, apresenta também aspectos que contradizem sua personalidade.

O próprio panfletarismo religioso, um padrão uniforme que "assombra" os espíritos do além quando têm seus nomes usados pelos "espíritas" do lado de cá, capaz de fazer com que até um punk como Redson (ex-cólera) venha com mensagens dignas de um coroinha de paróquia, causa muita estranheza.

Afinal, o mundo espiritual deveria ser desapegado de qualquer contexto religioso. E, em nome desse panfletarismo todo, vemos aberrações como o roqueiro Chorão associado a uma mensagem "espiritual" por demais solene, o jovem Rafael Mascarenhas chamando a mãe Cissa Guimarães pelo vocativo de "senhora" (ele a chamaria de "você", como seria do contexto) etc etc.

Mas tudo passa porque são "mensagens de amor", que causam uma comoção profunda que entorpece a razão e causa impotência ao raciocínio. A saudade faz as famílias tornarem-se reféns de sua própria carência, e torna-se fácil que supostos médiuns se aproveitem disso e mandem mensagens apócrifas que usam o nome de entes queridos falecidos. 


Esse clima de saudade e sentimentalismo piegas torna-se sedutor, não somente para os familiares que perderam seus entes queridos e aceitam qualquer mensagem que surja em nome dos falecidos, sem atestar se elas são realmente verídicas ou não.

Elas contagiam mais pessoas, tomadas também desse sentimentalismo que seduz de maneira traiçoeira corações e mentes sensíveis e despreparados para o discernimento. Ninguém desconfia, porque a regra mesmo é a de "acreditar" porque "tudo é amor, paz e compaixão".


Vendo uma página que anuncia o lançamento do livro Nossa Nova Caminhada, numa comunidade do Facebook, reproduzida aqui em duas partes, nota-se o quanto é estarrecedor esse processo de seduzir mentes às custas da exploração sentimentalista das tragédias prematuras e da comoção familiar.

O sensacionalismo inerente ao livro vergonhosamente financiado pelos próprios familiares dos mortos atrai muita gente, daí que, na referida comunidade digital, é praticamente unânime o interesse e a curiosidade dos internautas em conhecer um trabalho que, na verdade, é de credibilidade duvidosa.

As pessoas não sabem o quanto está por trás disso tudo, e o quanto o "movimento espírita", tomado de tantas fraudes, é capaz de criar embustes que resultam em publicações e outros produtos de crédito duvidoso, que ludibriam as pessoas na sua ingênua boa-fé.

E é constrangedor ver que essas famílias se submetem à sua própria credulidade, à sua ingenuidade, transformando a saudade de seus filhos mortos num sentimentalismo obsessivo, que os faz atrair a qualquer mensagem que use o nome dos falecidos, explorando a emotividade alheia e garantindo o poder dominante, a esperteza e a astúcia de "espíritas" que se enriquecem por fora.

Um deles, Carlos A. Bacceli, já é conhecido por muitas picaretagens e pela tese ABSURDA de que Chico Xavier era reencarnação de Kardec, quando todos os argumentos lógicos, ou mesmo alguns que consideram alguma virtude em Chico, refusam firmemente esta tese.

O quanto se pode imaginar a felicidade de Bacceli ao ser favorecido pelo investimento de famílias tão crédulas... Pessoas desesperadas pagando pela divulgação de mentiras, vendendo seus sofrimentos e seus prantos em troca de um mero sensacionalismo místico acompanhado de propagandismo religioso.

Isso já diz muito do caráter duvidoso dessas mensagens. Panfletarismo religioso, assinaturas hesitantes, e o que vier por aí, porque até agora não pudemos analisar mais o conteúdo do livro. Mas uma coisa é certa: é muito perigoso apelar para tais artifícios.

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