sábado, 30 de dezembro de 2017

O perigo do discurso excessivamente melífluo dos "médiuns"


É bom demais para ser verdade, na realidade complexa em que vivemos, haver pessoas de voz macia e com um discurso tão adoçado que chega aos níveis da pieguice mais enjoada. Só mesmo no Brasil, onde as pessoas têm a razão atrofiada e existe um lobby que blinda os "médiuns espíritas" mais até do que os políticos do PSDB, todo mundo se torna prisioneiro e escravo de tantas ilusões.

A esperteza dos "médiuns" já foi advertida, com muitíssima antecedência, pela literatura kardeciana original. Mas o arrivismo com que eles utilizam para se tornarem pretensas unanimidades adota truques tão sofisticados que não há a menor chance de suspeita nem de investigação.

Depois do caso da "farinata", Divaldo Franco tenta se triunfar sob a desculpa do "movimento pela paz", um mero evento religioso, no qual o "médium" faz seu teatro verborrágico posando de valente em encenações discursivas cheias de gestos dramáticos. Uma mera missa, plágio das missas do Vaticano, que muita gente acredita que irá provocar a paz no mundo. Só que não.

Que todos desejamos a paz, isso é óbvio. Mas desconfiemos de eventos como Você e a Paz, mera propaganda itinerante de um grave deturpador dos ensinamentos espíritas originais. Embora tudo pareça maravilhoso, a impressão que se tem é que Divaldo quer ser o "senhor da paz", um dos donos das virtudes humanas que se vale de apelos emocionais para dominar tudo e todos.

Os "médiuns" querem ser donos das "virtudes humanas". Querem obter uma espécie de copyright para conceitos como "amor", "paz", "caridade", e transformam esses conceitos em franquias, na qual todos "podem livremente pegar, de graça e sem moderação", desde que haja o vínculo ideológico aos "médiuns". É aquela coisa: "uso livre, mas mantenha os créditos".

Vemos, por exemplo, que Francisco Cândido Xavier tornou-se "dono" da palavra "amor", como se tivesse propriedade intelectual da palavra, "registrada" em seu nome. Divaldo tem a palavra "paz" como de sua propriedade, sob condições similares.

Em tese, ninguém precisa pedir autorização aos "médiuns" para o uso dessas virtudes, mas há o vínculo ideológico que garante promoção a essas "raposas velhas" que empastelraram os ensinamentos espíritas em prol de um igrejismo medieval.

Isso é terrível. Os eventos Você e a Paz são apenas propaganda de um deturpador do Espiritismo, de alguém que faz uma perversidade ao espalhar conceitos estranhos aos ensinamentos kardecianos originais e sai por aí se promovendo às custas de um pretenso pacifismo que não passa de letra morta, conversa para boi dormir.

O ÓDIO NO BRASIL SÓ CRESCE. E OS "ESPÍRITAS" TAMBÉM COLABORAM

Talvez pelo fato da paz ter "donos", ela não se tornou um bem público. As virtudes humanas, sendo propriedade intelectual dos "médiuns espíritas", só são "livremente utilizadas" desde que eles sejam considerados "símbolos máximos" das mesmas.

Isso parece invenção, mas não é, e infelizmente muitos se guiam de apelos emocionais que blindam os "médiuns espíritas" a ponto de pensarmos se o PSDB não poderia mudar seu nome para ESPÍRITAS e os tucanos passem a serem chamados "médiuns", para recuperar e até ampliar a blindagem que eles recebem da Justiça, da mídia etc.

O ódio e o reacionarismo só cresce, enquanto os "donos da paz", como Divaldo Franco, ficam lamentando com discursos dramáticos que fazem todo mundo crer que ele é um poderoso líder humanista. Não é. Fora desse teatro de palavreado açucarado, Divaldo é um covarde, que primeiro deixou ser lançada uma estranha "farinata" na edição paulista do Você e a Paz para depois, diante do escândalo, sair de fininho, aproveitando o silêncio da imprensa.

A imprensa só fala de Divaldo Franco coisas positivas. Infelizmente, é um privilégio descomunal de um "médium": quando os atos são positivos, atribui-se responsabilidade. Quando negativos, diz-se que ele "foi manipulado", "não sabia das coisas", "foi vítima de ato indigno" etc. Será que, se Aécio Neves tivesse sido "médium espírita", sua carreira de corrupções receberia vista grossa da sociedade?

Os próprios "espíritas" reagem com muito rancor às críticas. Não dizemos os "médiuns" que, como raposas, têm que manter o aparato dócil das mesmas. Eles se recolhem em silêncio, não dão uma palavra, mesmo que seja para fazer autocrítica, e, na sua omissão, ressurgem em eventos de "caridade" ou movimentos "pacifistas" para triunfarem com sua conversa mole cheia de apelos emocionais muito fortes e alucinógenos.

O ódio vem de pessoas que são convidadas a despertar do mundo de sonhos, do "cenário de Teletubbies" que constroem através da fascinação obsessiva dos "médiuns", no momento em que eles são desqualificados por seus erros graves e por posturas bastante sombrias, como a apologia ao sofrimento humano, o pedantismo intelectual, as ideias truncadas.

AÇÚCAR DEMAIS FAZ MAL. FALA DOCE DEMAIS TAMBÉM

Divaldo Franco corre contra o tempo, com 90 anos de idade, para forjar a ilusão de santidade ao público, a exemplo do que fez Chico Xavier, antes que a desencarnação, como ocorreu com este, há quinze anos, derrube a fantasia de "luminosidade", pois os deturpadores da Doutrina Espírita, no além-túmulo, são desmascarados e o choque que os "espíritas" recebem ao voltar à "pátria espiritual" é de níveis traumatizantes.

A sorte é que, no Brasil, as ilusões que beneficiam os "médiuns" se tornam tão firmes, não como pilares fortes que sustentam um edifício, mas antes pedaços carcomidos de peças enferrujadas que se tornam difíceis de serem retirados. Ninguém desconfia quando alguém se utiliza de um discurso dócil demais, sobre coisas aparentemente maravilhosas, com apelos emocionais dos mais diversos e exagerados, como uma overdose de açúcar que atinge o organismo.

Poucos têm coragem de questionar a retórica melíflua de Divaldo, mesmo sabendo que um sábio de verdade não é aquele que expressa o mel das palavras, mas aquele que transmite conhecimentos e estimula o debate, o que, sem dúvida alguma, não é o caso do "médium" baiano.

Devemos nos lembrar que os aspectos sombrios de Divaldo não são constatados por algum sentimento de intolerância religiosa, mas, sim, pela identificação de aspectos negativos que a própria literatura espírita original já preveniu, com mais de um século de antecedência.

É só ver, por exemplo, O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, no capítulo 24, Identidade dos Espíritos, e ver o que o espírito São Luís disse com muita exatidão. Fizemos uma seleção dos principais itens.:

"4º) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre, sem qualquer mistura de trivialidade. Eles dizem tudo com simplicidade e modéstia, nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais. A linguagem dos Espíritos inferiores ou vulgares é sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que revele baixeza, auto-suficiência, arrogância, fanfarronice, mordacidade é sinal característico de inferioridade. E de mistificação, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado".

Embora Divaldo Franco seja erroneamente reconhecido pela "linguagem simples e digna" e aparentemente "sem vanglórias", nota-se que isso não passa de um simulacro de pretensa modéstia, que esconde a ostentação de um saber pedante e um meio sutil de se colocar acima das demais pessoas, eliminando o sentido intermediário do médium original para ser o palavreador que quer ser o centro das atenções.

Além disso, o próprio discurso melífluo de Divaldo é cheio de mistificações - vide as "crianças-índigo" e as "materializações" do dr. Adolfo Bezerra de Menezes - e existe a apresentação de nomes respeitáveis e veneráveis, como a suposta Joana Angélica do pseudônimo Joana de Angelis, cujo espírito na verdade é o próprio obsessor de Divaldo, o Máscara de Ferro, fantasiado de uma identidade histórica.

"5º) Não devemos julgar os Espíritos pelo aspecto formal e a correção do seu estilo, mas sondar-lhes o íntimo, analisar suas palavras, pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção. Toda falta de lógica, de razão e de prudência não pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o nome de que o Espírito se enfeite".

Essa recomendação é justamente para prevenir de casos como o de Divaldo Franco. A linguagem impecável, a fala dócil, as palavras suaves, a pretensa erudição, tudo isso é um artifício que pode trazer armadilhas sérias, como o gravíssimo juízo de valor de Divaldo contra refugiados do Oriente Médio, que o "médium" supôs "quererem buscar os velhos tesouros da Europa".

Não se deve dar valor às palavras pelo gosto de mel, pelo tom suave e pela suposta erudição, pois elas podem ser apenas um adorno discursivo, um perfume textual, um aparato sem coerência. Deve-se observá-las no íntimo, questionando-as conforme o contexto, o conteúdo, pesá-las de maneira isenta de paixões religiosas, com muita prudência e desapego a apelos emocionais e sem qualquer risco de retratação, pois, uma vez identificada qualquer erro, desqualifica-se o discurso do "médium".

"7º) Os Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou confessando a sua ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tudo com segurança, sem se importar com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom senso revela a fraude, se o Espírito se apresenta como esclarecido".

Divaldo Franco se insere, neste item, na condição de espírito mau, por "falar de tudo com segurança, sem se importar com a verdade". Ele se apresenta como um suposto esclarecido, vide as entrevistas nas quais tem a pretensão de "possuir respostas para tudo", mesmo quando há ideias truncadas, vide o caso de uma palestra sobre "crianças-índigo", na qual Divaldo, além de investir nesta tolice, tratou o "transtorno de déficit de atenção" dessas pessoas como "virtude".

Os espíritos verdadeiramente sábios não têm a pretensão de responder a tudo, tomando o cuidado de, diante da ignorância a respeito de uma coisa, admitirem-na com humildade. Divaldo não faz isso, preferindo expor seu pseudo-saber ilustrado, tentando definir até o que não sabe, investindo num pedantismo cheio de palavras enfeitadas, que não raro cometem equívocos de transmitir informações erradas, ideias incoerentes e juízos de valor bastante cruéis.

"8º) Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer. Os Espíritos bons podem fazer-nos pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação".

Este aspecto sombrio é claramente representado por Divaldo Franco. Ele já havia estabelecido datas para acontecimentos futuros, como 2052 e 2057, que o "médium" se arroga em definir como "cruciais" para a transformação da Terra num "planeta de luz". Note-se que as datas foram usadas mediante caprichos pessoais: 2052 é o centenário da Mansão do Caminho, criada por ele, e 2057 foi escolhido a título de bajulação a Kardec, sendo o bicentenário de O Livro dos Espíritos.

O próprio Kardec desaconselha tais aventuras. O pedagogo não acreditava que fosse possível haver determinadas mudanças a médio ou longo prazo e nem mesmo evoluções rápidas da humanidade, e ele mesmo não tinha ideia do que seria o mundo no século XXI. Ele procurou o máximo deixar subsídios para a posteridade, vide o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos, mas admitia os limites do seu tempo, no qual os meios de comunicação existentes se limitavam, praticamente, à fotografia e à imprensa.

"9º) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das idéias e das expressões, claro, inteligível a todos, não exigindo esforço para a compreensão. Eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras, porque cada palavra tem o seu justo emprego. Os Espíritos inferiores ou pseudo-sábios escondem sob frases empoladas o vazio das idéias. Sua linguagem é freqüentemente pretensiosa, ridícula ou ainda obscura, a pretexto de parecer profunda".

Embora muitos acreditem que Divaldo Franco se expresse de maneira simples, prestando atenção a seu discurso, em oratórias ou depoimentos, nota-se que ele expressa mais a natureza dos espíritos inferiores, pois aposta numa linguagem frequentemente pretensiosa, com frases empoladas e vazio de ideias. A própria "paz" se insere nesse vazio, por ela ser defendida de maneira vaga, como uma fórmula igrejeira. Não raro Divaldo também exprime de maneira obscura, em falsa profundidade.

"11º) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem que se faz, mas sempre de maneira prudente. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles que desejam conquistar".

Divaldo Franco é um grande bajulador, inspirando outros palestrantes "espíritas" que, optando pela deturpação e pelo igrejismo, tentam lisonjear os que combatem a deturpação. Casos de bajulação dos deturpadores do Espiritismo a nomes honrados como José Herculano Pires e Deolindo Amorim são exemplos disso.

Divaldo exagera nos elogios, excitando o orgulho e a vaidade de seus parceiros, e o "médium", embora pregue, na aparência, a "humildade", forjando gestos, poses e outros aparatos, ainda usa a manobra traiçoeira de exaltar a importância pessoal dos que Divaldo pretende dominar, como os ateus e os não-religiosos, através do famoso truque de dizer que prefere "estar ao lado dos que professam o ateísmo ou a não-religião do que dos religiosos confessos".

"22º) Os conhecimentos de que certos Espíritos muitas vezes se enfeitam, com uma espécie de ostentação, não são nenhuns sinais de superioridade. A verdadeira pedra de toque para se verificar essa superioridade é a pureza inalterável dos sentimentos morais".

Esse item requer cautela. Divaldo Franco é conhecido pela suposta "pureza inalterável dos sentimentos morais", mas isso é só jogo de cena. A pureza inalterável não se define pela mansuetude permanente, pois, numa sociedade complexa e cheia de problemas, isso pode significar omissão ou permissividade aos desvios morais.

O caso da "farinata", na qual Divaldo Franco deixou o homenageado prefeito de São Paulo, João Dória Jr., lançar um complexo alimentar duvidoso, sem reagir com firmeza contra essa aventura incerta, revela isso. Divaldo cometeu um desvio moral, pois deixou que fosse lançado um alimento considerado pelos movimentos sociais como "acinte à dignidade humana".

De nada adiantou a aparência inalterável de mansuetude e serenidade, porque neste caso o "médium humanista" apoiou um projeto desumano de alimentação popular, do qual se despertou suspeitas de ter matado vários internos numa instituição em Jarinu, interior paulista, por suposta intoxicação alimentar.

Divaldo, além de enfeitar sua retórica com ostensivo pedantismo, demonstrando não ter superioridade intelectual, também demonstrou que, na aparência de seu comportamento inalteravelmente calmo, cometeu sérios desvios morais, deixando de ter a firmeza que seria a obrigação de um alegado líder.

CONCLUSÃO

Não se pode atribuir superioridade a um "médium" pela suposta liderança de "movimentos pela paz", que não passam apenas de festivais de missas religiosas, sem efeito concreto para promoção da verdadeira paz. São estes meros entretenimentos, feitos para fazer propaganda de um "médium", cuja promoção pessoal não deve ser considerada menos leviana que a dos "pastores eletrônicos" das igrejas neopentecostais.

Além disso, o mel das palavras traz muita suspeita, porque as pessoas realmente evoluídas moralmente e verdadeiramente sábias não se servem do açúcar das palavras nem de encenações discursivas ou oratórias, o que desqualifica Divaldo Franco como pessoa evoluída e sábia, pois ele, como deturpador do Espiritismo e cujo caráter traiçoeiro já foi prevenido por ninguém menos que Herculano Pires, se serve apenas desse aparato que deveria despertar suspeitas.

O Brasil precisa abrir mão de paixões religiosas que fazem as pessoas serem prisioneiras e escravas da idolatria religiosa, cultuando pseudo-sábios que vendem a imagem de "símbolos da paz e da caridade". Os "médiuns espíritas" obtiveram êxito exercendo nas pessoas a fascinação obsessiva e, em certos casos, a subjugação, porque os brasileiros são desinformados e emocionalmente frágeis, se tornando presas fáceis de espertalhões que se escondem na mística da fé e no mel das palavras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...