sexta-feira, 26 de junho de 2015

O "espiritismo" e a prepotência humana


Infelizmente, o "espiritismo" brasileiro, pela sua inclinação moralista, prefere que a missão humana na Terra se reduza a obediência e ao ato de suportar as provações mais pesadas, tendo muita dificuldade para superá-las.

A religião "espírita" acaba desestimulando o desenvolvimento social de pessoas dotadas de muita inteligência e criatividade, pessoas que, em parte, são definidas de forma discriminatória como "crianças índigo", definição tomada emprestada de um ex-casal de esotéricos.

Os tratamentos espíritas não conseguem melhorar a vida das pessoas, porque quase sempre seguem um receituário moralista, que influi nas energias pesadas que acabam sendo obtidas. A pessoa, em vez de ter seus problemas iniciais resolvidos, contrai outros, tendo que aguentar a prepotência de alguém, seja um patrão ou um internauta que "compra" briga com o pobre coitado.

As desculpas em torno de "reajustes espirituais" e a presunção de supor encarnações anteriores para cada pessoa - isso com a ignorância em relação à Ciência Espírita - faz com que as "boas energias" dos tratamentos espirituais permitam ao seu paciente contrair adversidades de forma que seus algozes é que se tornam mais sortudos e protegidos pelas circunstâncias.

O arremedo de tratamento hospitalar, as músicas relaxantes, a homeopatia, as recomendações de, a uma semana do dia marcado, evitar pensar em sexo ou não comer carne vermelha, não impedem que, depois de tudo feito, uma onda de azar venha em sua vida.

A culpa não é do paciente. Ele faz sua parte, com dedicação, calma, disciplina e atenção. Procura até mesmo tomar a dose recomendada da água fluidificada. Ele faz o "evangelho no lar", faz suas orações, presta reverência aos ícones "espíritas" etc etc etc.

Só que nada de concreto acontece em sua vida. Tudo se resume a uma água com açúcar, na qual os problemas apenas fingem que desapareceram, enquanto outros surgem depois. O tratamento acaba dando errado, mas há aquela desculpa esfarrapada dos "espíritas": "O tratamento está dando certo, mas, sabe como é, os irmãozinhos sofredores tentam atrapalhar né...".

Como explicar que o tratamento "dá certo" porque dá errado e que os benefícios acabam sendo para os prepotentes, para o pobre coitado que recebeu o tratamento aguentar cada absurdo em sua vida, e tentar resolver as coisas (em vão) indo para sucessivas doutrinárias, ouvindo CDs de Divaldo Franco, ficando escravo de toda essa pregação "espírita", até tomar todo o seu tempo com ela?

O prepotente continua "zoando" com o pobre coitado, que fica desprotegido, porque o seu esforço desesperado de buscar as doutrinárias "espíritas" pouco lhe adiantam, já que as provações continuam pesadas e difíceis de serem resolvidas, criando uma dependência psicológica das doutrinárias.

Infelizmente, o moralismo "espírita" acaba permitindo, mesmo de forma indireta, que as pessoas cometam abusos em suas vidas, num relativo prolongamento de suas situações de privilégios desmerecidos, de vaidades e chantagens, de corrupções e crimes, em relativa imunidade diante de escândalos e encrencas.

Essa visão moralista acaba criando injustiças, uma vez que as pessoas que querem fazer algo melhor na vida tornam-se impossibilitadas de fazê-lo, enquanto as pessoas que cometem erros graves de qualquer natureza são protegidas pela sorte e pela longa fase de privilégios.

Só que essas injustiças tornam-se piores do que se imagina. Isso porque, se o prepotente prolonga sua existência de privilégios e vantagens às custas do prejuízo alheio, irá aumentar suas dívidas morais sem necessidade, pois tudo permite para que sua vaidade cresça e seu orgulho, mesmo à mercê de um aparente arrependimento, não seja em todo eliminado.

A sociedade não melhora porque quem poderia ajudá-la nesse sentido tem as oportunidades vetadas. Enquanto isso, os que cometem graves erros acabam por se tornarem exemplo de sucesso para uma parcela da sociedade ou, quando muito, mesmo as punições recebidas são insuficientes para dar aos outros a plena consciência da gravidade desses delitos.

A humanidade acaba ficando na mesma, e o Brasil da mediocridade sócio-cultural permanece nesse círculo vicioso que a "fé espírita", pela pretensão de ser a vanguarda da transformação moral da humanidade, não consegue eliminar, antes agindo para perpetuá-la e crescê-la ao propiciar os abusos humanos que influem nos vários retrocessos vistos no país.

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