segunda-feira, 29 de junho de 2015

Com ônibus, Governo do Estado do RJ reforça mentalidade provinciana

A FALSA MOBILIDADE URBANA QUE LUIZ FERNANDO PEZÃO E EDUARDO PAES TESTAM COM CARLOS ROBERTO OSÓRIO...

Segundo reportagem do jornal O Globo, o Secretário de Transportes do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Roberto Osório, prepara mais um presente amargo para os passageiros de ônibus, anunciando a "licitação" das linhas intermunicipais que servem a capital.

A decisão é de arrancar os cabelos, se perceber que seu grupo político fez com as linhas municipais cariocas, criando uma "licitação" que, em vez de mostrar as empresas, as esconde, impondo uma tenebrosa padronização visual que confunde os passageiros, que precisam redobrar atenção na hora e ir e vir de ônibus.

A decisão, na medida que proibiu as empresas de ônibus de apresentar suas identidades visuais - em algumas cidades, como São Gonçalo, pequenos logotipos têm exibição permitida, mas isso é insuficiente - , estimulou a corrupção empresarial e fez empresas boas não só decaírem como serem confundidas com empresas ruins, já que ostentam a mesma pintura.

Isso interfere muito nas vidas das pessoas. E sobrecarrega os indivíduos que, na correria do dia a dia, têm que diferenciar uma empresa da outra com muita atenção, porque diferentes empresas se amontoam com seus ônibus de uma mesma pintura e o passageiro precisa observar duas vezes para não pegar o ônibus errado.

As autoridades dizem que isso é "mobilidade urbana", mas a realidade diz que isso é uma brincadeira de muito mau gosto. O desprezo das autoridades pelo interesse público e a mentalidade provinciana de adotar certas medidas como "verdades absolutas" só porque vieram de decisões de políticos e tecnocratas influentes é notório, por mais que os governantes cariocas tentem desmentir o desprezo.

TEM TUDO A VER COM O OBSCURANTISMO DE EDUARDO CUNHA.

Afinal, o "sucesso" da medida se deve mais ao lobby político em torno de Jaime Lerner, arquiteto e político lançado pela ditadura militar e considerado o "Roberto Campos dos transportes" pelo seu caráter tecnocrático e antipopular.

Político paranaense, Lerner foi o padrinho político de José Richa, pai do atual governador do Paraná, Beto Richa, recentemente envolvido na violenta repressão a uma multidão de professores em greve. Ele teria ordenado a violência policial contra os manifestantes.

A falta de visão da realidade contemporânea e a imposição de medidas dignas da ditadura militar mostram o quanto o provincianismo de Eduardo Paes, Sérgio Cabral Filho, Carlos Roberto Osório, Luiz Fernando Pezão, Alexandre Sansão, José Mariano Beltrame e outros está acabando com o Rio de Janeiro, Estado que está sofrendo diversos retrocessos sociais, culturais e políticos.

É o mesmo provincianismo que faz Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, querer a terceirização do trabalho, o prolongamento da contribuição do INSS, a redução da maioridade penal e outras propostas reacionárias, expressão de um Estado que ainda tem Jair Bolsonaro e também boa parte dos reacionários internautas que espalham terror e humilhação nas mídias sociais.

O Brasil está totalmente provinciano, é verdade. Mas o Rio de Janeiro surpreende com um provincianismo que não é apenas um bairrismo, porque não é um simples chauvinismo estadual, mas um retrocesso de valores, uma estreiteza de visão de mundo e um reacionarismo ultraconservador que fazem o Estado se situar num contexto muito preocupante para o país.

A própria "solução" da pintura padronizada nos ônibus, sob o pretexto da licitação - quando esta medida contraria não só artigos da Lei de Licitações mas de leis como o Código de Defesa do Consumidor e até da Constituição Federal - já é uma expressão da mentalidade neo-coronelista das autoridades cariocas.

É como se os ônibus fossem um "gado bovino sobre rodas" - como diriam os antigos indígenas se os vissem - e recebessem o design e o carimbo da prefeitura ou, no caso da notícia de hoje, órgão estadual. Uma mentalidade tipicamente de roça, que só por vir do Rio de Janeiro se impôs como "referência" para o país, mesmo quando se trata de uma lógica ultrapassada e retrógrada.

Afinal, não existe vantagem em pintura padronizada, em dupla função de motorista e cobrador ou no esquartejamento de linhas de ônibus (como as funcionais 465 Cascadura  Gávea e 676 Méier / Penha) para forçar o uso do Bilhete Único. E ainda há a vontade das autoridades de tirar ônibus das ruas, obrigando os passageiros a esperar mais tempo por um ônibus.

Não há atendimento ao interesse público, mas claramente o contrário, o que mostra o quanto governantes e empresários de ônibus legislam em causa própria. O modelo de sistema de ônibus que impõem é retrógrado, decadente, obsoleto,

É o Estado da violência nas UPPs, o Rio de Janeiro das milícias, dos contraventores e traficantes, dos reacionários rancorosos das mídias sociais, da monocultura do "funk". da grosseria machista e "pseudo-feminista" das "musas" siliconadas, do fanatismo doentio pelo futebol local, que deixa o famoso Estado do país e, sobretudo, a sua antes deslumbrante capital, numa situação de provincianismo preocupante.

Algo tem que ser feito. Talvez cariocas e fluminenses tenham que despertar de sua passividade e reagir contra os arbítrios dos detentores do poder, contra o fascismo digital dos reacionários da Internet, contra a violência, o desabastecimento de produtos, a falta de visão de mundo de intelectuais e executivos de mídia, enfim, tudo que faz o Rio de Janeiro se tornar um dos Estados mais atrasados do país.

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