terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O Espiritolicismo e os barões da grande mídia


O "espiritismo" que a roustanguista Federação "Espírita" Brasileira criou e desenvolveu sempre foi ideologicamente conservador. Deturpou as ideias de Allan Kardec em prol de um catolicismo medieval disfarçado de espiritualidade e dotado de um moralismo rígido e vingativo, dissolvido pela "água com açúcar" das supostas "palavras de amor".

Apoiando cenários políticos conservadores e até autoritários, a FEB também mantém em boa conta o poderio midiático, sobretudo as Organizações Globo, parceira da Federação na produção de filmes baseados em obras "espíritas", sobretudo através da figura mitológica de Chico Xavier.

Comparando a parceria de Hollywood com o catolicismo norte-americano, com a produção de filmes "bíblicos" que mantiveram os diversos aspectos surreais da Igreja Católica, a parceria FEB / Globo Filmes seguiu o mesmo tom de proselitismo com a produção dos filmes "espíritas".

Em certos casos, há atuações boas e uma dramaticidade à primeira vista agradável, como no primeiro filme sobre Chico Xavier, dirigido pelo ator e diretor Daniel Filho, mas isso é por causa do mérito deste, figura veterana da televisão brasileira e que desde criança desenvolve seu talento e sua visão multifacetada do que é entretenimento, espetáculo e dramaturgia.

No entanto, há coisas risíveis como o Filme dos Espíritos que, na maior malandragem, diz ser "baseado no Livro dos Espíritos", quando não é mais do que um filme católico que mais parece vir dos almoxarifados da CNBB. Ou então a ficção científica do Nosso Lar, com um teor alucinógeno que nem Aldous Huxley em suas viagens de LSD seria capaz de produzir.

Que se possa adaptar filmes espíritas para a televisão, é bastante válido. Mas você junta uma rede de televisão fortalecida e apoiadora de cenários políticos duvidosos, como a ditadura militar, e uma federação religiosa que deturpa a Doutrina Espírita de forma violenta e, à sua maneira, também apoia cenários políticos duvidosos, e aí se vê o desastre.

Os verdadeiros espíritas, os que tratam as lições de Allan Kardec como coisa séria, não se iludem com tais filmes. A divulgação da nova visão da espiritualidade, trazida pelo professor lionês, não é devidamente valorizada e, o que é pior, a Globo Filmes acaba traduzindo em imagens toda a deturpação que a FEB fez desde seus primórdios, talvez até antes de sua fundação.

E o público que vai na onda de qualquer coisa fica mais vulnerável quando as manipulações ideológicas se dão através das imagens. A ficção imagética, muitas vezes, pode dar a impressão de realidade verídica e fiel, para pessoas que não conseguem questionar com precisão e cautela as coisas.

Daí que o que já estava bastante ruim torna-se pior. As imagens fixam com mais facilidade nas mentes das pessoas. O catolicismo medieval só faltou apelar para Hollywood, que lhe prestou uma ajuda tardia em muitos séculos. O "espiritismo" brasileiro apelou para a Globo Filmes para fixar nos seus adeptos a fé através das imagens.

E tudo isso juntando pregação espiritólica com linguagem de novelas, não bastassem os valores duvidosos que são transmitidos por estas, principalmente na faixa nobre das 21 horas.

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