segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A pseudo-ciência como fio condutor do Espiritolicismo


Sabemos que o "espiritismo" brasileiro nada tem de ciência. A ciência aparece apenas em artifícios, em aparatos ou arremedos de estudos que não passam de meras manobras ideológicas para disfarçar o moralismo religioso ou para reforçar clichês de ritos "terapêuticos".

Não existem estudos sérios, não existe gente que se prepare para algo além de uma exposição oral de livros ou de cumprir normas, ritos e atividades de seus centros espíritas. Fala-se no sentido do estudo científico, na pesquisa científica, na reflexão objetiva dos fenômenos da vida.

O que há, de "ciência", é um desfile de imagens ilustrativas que evocam formas biológicas de seres humanos, de rostos humanos, que são feitos mais para ilustrar o pedantismo dos "mestres espíritas" e para dar um verniz "intelectual" para os seminários espíritas realizados em algum lugar.

A própria desinformação de muitas pessoas, de um lado, e o pretensiosismo das lideranças "espíritas", de outro, fazem com que todo o aparato de pseudo-ciência se torne o fio condutor do "espiritismo à brasileira".

MUITOS NEM SABEM O QUE É ESTUDO

Muitos palestrantes nem sequer sabem o que é estudo. Os colaboradores - os chamados "tarefeiros" - , muitíssimo menos. Cria-se uma aura de misticismo e adoração que as pessoas pensam ser ciência, porque está tudo "tão bom", tudo parece "tudo de bom" que vale qualquer tipo de pretensiosismo.

Em muitos momentos, confunde-se esoterismo com ciência. Aquele misticismo astral, aquelas fantasias astrais de imaginarmos infantilmente o universo, os planetas e os seres extra-terrestres, aquele arremedo de psicologia, astronomia e biologia que os leigos absorvem sem ter a menor ideia do que se trata, tudo isso é típico do "espiritismo" brasileiro.



Muitos nem sabem o que é estudo. Não questionam, não perguntam, só "questionam" e "perguntam" dentro dos limites ideológicos de suas crenças, mas o conhecimento científico verdadeiro se encoraja a ultrapassar esses limites. O conhecimento religioso do espiritolicismo nem de longe cogita isso.

Quando muito, apenas pesquisa-se ligeiramente na Internet e se colhe informações a respeito de alguns textos para respaldar aquele livro "espírita" indicado para a palestra. Mas isso não é ciência, ou então qualquer aluno de primário seria um cientista tão somente porque faz os deveres de aula recomendados pelo professor.

Mesmo os físicos, astrônomos, acadêmicos e qualquer outro de conhecimentos cultos e certa erudição no discurso - inclusive Chico Xavier, notório escrevinhador de palavras cultas e por vezes rebuscadas, e Divaldo Franco, pela sofisticada manobra das palavras - , também não se comprometem a fazer ciência, quando trabalham com o Espiritolicismo.

Se eles são cientistas, eles deixam a ciência para suas profissões. O "espiritismo" brasileiro não dá lugar para a ciência, como fenômeno em si mesmo, a ciência mal consegue aparecer como um figurante que faz "pontas" no espetáculo "espírita" servido ao público, e muito menos nas atividades desenvolvidas nos bastidores.

A ciência acaba se reduzindo a uma mera desculpa para aceitar ritos e dogmas "espíritas", para  intimidar aqueles que venham realmente com questionamentos que avisem aos espiritólicos do esquecimento, da incompreensão, da ignorância ou mesmo do desprezo aos verdadeiros métodos científicos adotados pelo professor Allan Kardec.

Cria-se, no "espiritismo" brasileiro, apenas o que o anedotário popular define como jogo de aparências. Ilustram-se cartazes de palestras ou de textos "espíritas" com imagens do corpo humano, com pinturas mostrando o universo e os planetas, e enfia-se um cem número de cientistas, de Isaac Newton a Albert Einstein, em toda a verborragia espiritólica.

Cria-se todo um simulacro de ciência para fazer o "espiritismo" parecer diferente ao religiosismo explícito da Igreja Católica e das crenças evangélicas, para fazer as pessoas crerem de que se trata de uma doutrina baseada numa abordagem científica e numa visão objetiva do mundo.

Só que, por trás disso, existe toda uma retórica moralista, mística e mistificadora, em palavras de erudição formal, com vocabulário rebuscado ou, se este não for o caso, com demonstrações de pedantismo pretensamente intelectual.

Só que sabemos que existem seitas pseudo-científicas, que se tornam até mesmo religiões cruéis, a "escolher" seus beneficiários e seus lesados, como se viu na Cientologia, da qual falaremos em outra oportunidade.

O que se sabe é que o Espiritolicismo, o tal "espiritismo à brasileira", se fundamenta de todo esse aparato científico para camuflar os valores religiosos herdados sobretudo da fase final do catolicismo medieval que havia resistido na Idade Moderna e ainda vigente no Brasil do século XIX, época de fundação do "espiritismo" brasileiro.

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