sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Suposto espírito de Juscelino Kubitschek entra em contradição


As supostas psicografias que são feitas no Brasil já dão conta de sua falsidade quando elas repercutem muito pouco entre aqueles que conhecem bem ou conviveram com o suposto espírito atribuído como autor de cada livro.

Este é o caso de Juscelino Kubitschek, o ex-presidente que tentou ser membro da Academia Brasileira de Letras mais de 35 anos antes de Fernando Henrique Cardoso conquistar sua cadeira na instituição. Um livro supostamente atribuído ao expírito do ex-presidente que mandou construir Brasília havia sido lançado em 2006, aproveitando a comemoração dos 50 anos de posse do político e médico mineiro.

Intitulado JK: Caminhos do Brasil (editora Lachâtre), do obscuro "médium" Woyne Figner Sacchetin, o livro é até habilidosamente bem escrito, que dá até para acreditar que foi Juscelino quem escreveu, à primeira vista, porque o estilo de narrativa parece o mesmo dos discursos do ex-presidente. Mas pelo menos uma contradição desmascara completamente o livro, mostrando a sua farsa.

A passagem se relaciona ao episódio de 1955, em que a chuva fez Juscelino, então candidato à presidência da República, ter que desembarcar na pequena cidade de Jataí, em Goiás, e onde improvisou um discurso que se tornou histórico por causa da pergunta de um cidadão, conhecido como Toniquinho da Farmácia, fez sobre a construção de Brasília.

Quem conhece História do Brasil sabe o que ocorreu. Toniquinho, sabendo que a Constituição de 1946, vigente na época, previa a transferência da capital do Brasil do Rio de Janeiro para uma cidade a ser construída no centro do país, perguntou se Juscelino iria cumprir esse dispositivo constitucional, se caso fosse eleito.

A História registra que Juscelino havia parado para pensar uns poucos segundos, antes de dar a resposta positiva que, depois, se tornou a marca de seu controverso governo, quando a construção de Brasília foi não só incluída no seu Plano de Metas como se tornou uma das maiores prioridades.

Na obra psicografada, feita pelo pretexto de narrar uma suposta trajetória de um candango chamado Severino, com todo o discurso que imitava o estilo de falar e escrever de Juscelino, o "espírito" teria dito simplesmente: "Respondi sem hesitar", numa grave contradição ao fato histórico.

Woyne (ou quem quer que seja, se este for um pseudônimo) deve ter lido muito a revista Manchete, que em muitas edições publicou textos de e sobre Juscelino, que foi grande amigo do editor Adolpho Bloch, mas imitação tem limites.

PROCESSO - O que se sabe é que Woyne acabou sendo processado por conta de um estranho livro de uma tragédia aeroviária ocorrida em 2007, usando como autor o nome do saudoso inventor Alberto Santos Dumont, que despejou mensagens de uma crueldade estranha ao jeito simples e simpático do pai da Aviação. E que vamos detalhar em outra oportunidade.

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