quarta-feira, 13 de abril de 2016

A invigilância de parte dos espíritas autênticos


Existem espíritas autênticos no Brasil, sim. Mas eles são uma minoria, não bastasse o falso espiritismo de feições igrejistas, que prevalece no país, também estar longe de ser maioria nos movimentos religiosos brasileiros.

Mesmo assim, são menos ainda os espíritas autênticos que buscam manter vigilância contra oportunistas e usurpadores do legado de Allan Kardec, péssimos aprendizes da Doutrina Espírita, desastrosos apreciadores da Ciência Espírita e tendenciosos espertalhões agindo com bom-mocismo.

Há, entre uma parcela de espíritas autênticos, aqueles que acreditam, por boa-fé, ser possível recuperar as bases doutrinárias kardecianas mantendo, no pedestal, as pessoas de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, mesmo que seja só para enfeite.

Eles não sabem o que aproveitar de Chico Xavier e Divaldo Franco, até porque questionam os conteúdos de seus livros e são obrigados a admitir que muitas ideias trazidas por tais obras contradizem muitos ensinamentos de Allan Kardec.

No entanto, eles acham "cruel demais" eliminá-los da "causa espírita" sob a desculpa de que, pelo menos, os dois "são grandes exemplos de bondade e caridade, e atuam pelo bem-estar do próximo", daí o bom-mocismo do "movimento espírita" que tenta apaziguar as críticas, usando a tática do "mau espírita, cidadão bonzinho".

BONDADE FALHA

Isso é grave. Até porque, com uma observação mais apurada, a caridade dos dois não foi nem é tão ampla assim. Divaldo comemorou demais uma filantropia que mal consegue ajudar menos de 0,1% (isso mesmo) da população de Salvador, o que, em dimensões nacionais, desmerece o título festivo de "maior filantropo do Brasil".

Só as cidades "protegidas" pelas "poderosas energias" dos dois "médiuns", Uberaba e parte de Salvador, o bairro de Pau da Lima, estão entre os locais com índice preocupante e frequente de violência, locais cuja população vive sob o signo do medo e, se reza, não é para ter uma vida melhor, mas pelo menos terminar o dia viva e sem problemas.

Paremos para pensar. A tão alardeada "caridade" dos dois astros do "movimento espírita" tem também sua responsabilidade. Se eles são tidos como "maior exemplo de bondade" e falham quando os locais sob sua influência mostram índices dramáticos de violência, então eles não têm mérito algum para tal qualidade.

Que força espiritual eles têm - Chico Xavier, de maneira póstuma - se ela se torna impotente diante da violência? Que espírito forte se espera de alguém que falha porque os espíritos inferiores não lhe deixaram agir? Qual espírito forte pode se resignar diante da tirania do opressor, mesmo com toda a confiança nas boas energias?

Num tempo, Divaldo Franco diz, otimista, que 2012 seria uma época de muitas transformações para melhor no Brasil. Em 2010, os "espíritas" em geral festejavam que o centenário de nascimento de Chico Xavier iria impulsionar a força missionária do Brasil como "coração do mundo" e "pátria do Evangelho".

E agora? Divaldo Franco, vendo a crise acontecer no Brasil, pediu aos brasileiros a orar. A mesma coisa foi pedida por Silas Malafaia, só para se ter uma ideia. A desculpa de Divaldo é que os espíritos inferiores "não deixaram" o país evoluir e estão atrapalhando o caminho.

É sempre assim. E isso os espíritas autênticos, mas sem muita vigilância, não percebem. Eles se comovem com a propaganda institucional e acreditam que dando sopinha para umas poucas dezenas de pobres irá transformar o mundo, ou que pálidos projetos educacionais que, no entanto, incluem ensinamento igrejista, irão mudar significativamente o Brasil.

Eles não percebem que a filantropia não é desculpa para se aceitar deturpadores da Doutrina Espírita, só porque "são bonzinhos". Empresas que demitem trabalhadores em massa também investem em filantropia, e em muitos casos a caridade é pretexto para a "lavagem de dinheiro" de muitos corruptos.

Os espíritas brasileiros, autênticos ou bastardos, ainda precisam prestar melhor atenção a Allan Kardec. Deveriam prestar atenção também ao espírito Erasto, que advertiu sobre os inimigos internos da Doutrina Espírita, sobretudo quando estes se armam de "coisas boas" para terem crédito entre os incautos.

Ninguém pratica mediunidade de verdade, salvo raríssimos e quase nunca noticiados pela mídia, e ninguém segue rigorosamente os conselhos de Kardec, que sempre pediu cautela na avaliação de mensagens espirituais e nos orientou sobre como verificar se elas são autênticas ou não.

Não há um estudo rigoroso. Há apenas, quando muito, um conhecimento teórico "correto", mas sem aplicação prática adequada, e o que se diz, desdiz e contradiz no "espiritismo" faz com que a doutrina merecesse outro nome: "desculpismo". Isso é que dá a falta de vigilância de uma parcela de autênticos...

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