sábado, 5 de julho de 2014

Correio Espírita e o "gol" que se limita a mera oração


Na edição deste mês do Correio Espírita, principal periódico espiritólico do Brasil, o texto referente à Copa do Mundo Fifa 2014 é uma demonstração não apenas de um simples moralismo religioso, mas também de uma verdadeira falta de assunto.

Sob o pretexto de manifestar sua preocupação com os excessos cometidos pelas pessoas durante o período, que geram muitas tragédias devido a acidentes, violências e doenças, o texto da primeira página se limita a pedir para "orarmos e esclarecermos as pessoas", definindo tal atitude como um "gol espírita" que, na visão do jornal, deveria ser marcado por todos nós.

Isso é uma grande tolice, se observarmos o caráter superficial de tais recomendações. Afinal, o que se recomenda é o mais que óbvio, coisa que até mesmo o mais convicto ateu é capaz de seguir: não cometer excessos, evitar tragédias e danos.

Que "gol espírita" se esperará de uma mera recomendação para "orar", além da visão espiritólica de "esclarecimento" que não passa de uma mal disfarçada pregação religiosa, de um conselho vazio desses que são feitos mais para dar ao conselheiro uma imagem de pretenso bonzinho do que pela validade do conselho que é dado?

Allan Kardec recomendava aos espíritas que orassem e vigiassem. Mas o professor lionês deu maior ênfase à vigilância, coisa que o "espiritismo" brasileiro há muito tempo deixou de cumprir e ignora com uma certa convicção, embora não admitisse esta postura no seu discurso.

Afinal, de boas intenções espíritas o "umbral" está cheio, superlotado. A oração conforta, tranquiliza e, dependendo da situação, até ajuda, sobretudo nos perigos da vida, em que a simples ação e decisão do indivíduo é insuficiente para resolver algum impasse ou prevenir alguém de uma ameaça ou risco.

Mas orar, pura e simplesmente, é uma manifestação inútil, quando a situação recomenda ações mais concretas. E, sem a vigilância necessária, a oração pode tanto ser um recurso ineficiente quanto poderá resultar num mal-entendido, num desejo ou apelo realizado pela metade, mas trazendo algum novo problema de "brinde".

A mensagem oca do Correio Espírita se limitou a ser apenas um discurso que tomou o atual evento esportivo como um gancho para sua pregação religiosa. E que não serve sequer para vender jornal, porque a mensagem é muito óbvia e sem qualquer novidade. Se houve algum "gol" nessa mensagem, só pode ter sido o "gol contra". Na "melhor" das intenções, como se vê até nos "umbrais" espiritólicos.

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