sábado, 11 de novembro de 2017

Desabafo de um anônimo sobre o "espiritismo"


Recebemos o desabafo de um anônimo, que durante 28 anos recorreu ao "espiritismo" em busca de ajuda, mas só sofreu desgraças na vida. Um homem de 46 anos de idade que revela sua amargura na vida, cuja vida de infortúnios culminou na amargura que se deu até nos conflitos familiares.

"Prezados amigos,

Quero aqui escrever meu desabafo. Eu passei 28 anos, entre 1984 e 2012, recorrendo aos espíritas para pedir ajuda, com fé, jogo de cintura, espírito de misericórdia, respeito e perseverança, fazendo de tudo para receber as graças que acreditava serem oferecidas por uma doutrina tida como iluminada, fraterna e solidária.

Infelizmente, toda vez que eu recorri a essa religião, mesmo portando eu as mais nobres e alegres energias vibratórias, a desgraça entrava em minha vida e na dos meus entes queridos. Foram tantos anos de desgraças, principalmente numa situação de desemprego na qual nem mesmo a mais esforçada iniciativa e a mais intensa batalha fazia conquistar um trabalho digno, que me deixaram à beira da ruína e do fracasso.

Eu fiz de tudo. Jogo de cintura, consideração com os amigos, esforço, iniciativa, simpatia, esperança, fé, fiz meditação, orei muito, me sacrifiquei, me ofereci para tantos e tantos trabalhos, sendo simpático, gentil e moderado para os entrevistadores e tudo o mais. Na vida social, tratei meus amigos com consideração. Na vida amorosa, desejava ter mulheres que, embora fossem estética e sexualmente atrativas, tivessem no caráter a sua maior qualidade.

Ah, mas quantas desgraças obtive. Quantos currículos no lixo, quantos calhordas passando na minha frente na fila do emprego, por mais que eu siga todas as recomendações para conquistar um empregador. Quanta busca por uma qualidade de vida na qual tive o surreal conflito de ver que minha ascensão econômica tivesse que ocorrer sob o arrepio da dignidade, pois só me abriam as portas o trabalho indigno, a empresa corrompida, o patrão prepotente ou arrivista, para não dizer criminoso.

Quanto amor eu deixei em reserva para minha futura namorada, enquanto orava para que viesse uma mulher de minha afinidade, que me atraísse e garantisse um convívio harmonioso e proveitoso. Mas, depois, as mulheres que eu só conseguia atrair eram fúteis, mais preocupadas no formato, o mais redondo possível, de seus glúteos, apegadas em orgias sexuais e desejadas por homens machistas e agressivos.

Além de eu não me interessar por mulheres assim, elas eram cobiçadas por homens que poderiam me matar, se me encontrassem. E o pior não é essas mulheres acharem eu bonito ou coisa parecida, mas viverem na ilusão de acreditar que eu estava destinado a namorar qualquer uma delas, quando o meu interesse por elas é nulo e elas nem ofereceriam proveito algum para minha vida. Elas eram a união do inútil com o desagradável, em nada podendo acrescentar em minha vida.

As mulheres de minha afinidade me escapam das mãos. Se conheço uma que se torna colega minha, o destino a faz desaparecer. Na maioria dos casos, elas se comprometem com outro, e não há uma que possa se tornar minha companheira. Mas as mulheres sem afinidade comigo ficam sempre disponíveis, há até as que ficam comprometidas e se separam num estalar de dedos. 

Com elas, haja trabalheira para eu resolver as divergências, pois muitos dos valores que elas acreditam elas dificilmente abrem mão de se livrar, apesar do vínculo conjugal que elas querem ter comigo. Isso é surreal. Eu quero mulheres de caráter, discretas e decentes, o que vai fazer em minha vida uma mulher que só pensa em remexer os glúteos como se fosse pavão abanando sua cauda? Até para ouvir música as ideias não batem e, trocar ideias sobre a vida, bem menos.

Toda vez que eu ia para um centro espírita ou lia uma obra desta doutrina - não falo das obras originais de Allan Kardec, que, reconheço, fez um trabalho muito diferente do que acabou prevalecendo no Brasil, que tem um forte ranço católico nunca devidamente assumido - , parecia que eu estava passando por baixo de uma escada, pois o que ocorria era azar, azar e azar. Não entendia por quê, e creio que ninguém nunca iria entender por quê, mas ocorria, sim, e não só comigo.

Tem amigo meu que estava a fim de uma garota e, depois que foi a um centro espírita, foi só ele ficar a fim dela para ela morrer, tempos depois. Eu tenho um irmão mais novo, e foi só ele, certa vez, sair de uma reunião de um grupo jovem de um centro espírita, ser rendido por um assaltante que, num ônibus razoavelmente lotado, foi cismar justamente com meu irmão. Coincidência?

Eu não conseguia resolver minha vida, e meus problemas se acumulavam como bola de neve criando uma avalanche. Até nos concursos públicos, eu estudava e, quando fazia as provas, sempre buscava assinalar a questão que mais me parecia correta. Nunca passava, por mais que apostasse na intuição. Tem questão que era correta mas o robô que faz leitura ótica das provas apontava erro. Creio que passei em 1/3 dos concursos que fiz, mas o robô sempre me colocava como reprovado!

Azar? Pode ser. Por que eu, que me esforço em aprimorar conhecimentos, ser simpático, desenvolver talento, jogo de cintura, espírito de equipe, perseverança, fé, misericórdia, amor ao próximo, paciência, paciência, paciência e muita paciência, não consigo vencer na vida, por mais que eu lute até dar murros em ponta de faca?

Quando eu faço esse relato num centro espírita - e já fiz isso várias vezes - , escrevendo tudo o que sofro na medida do possível, a resposta que eu recebo de supostos benfeitores espirituais é essa: "Você está bem e não há nenhum problema. Acredite em si mesmo, ore e confie em Deus". Isso eu já faço! Quantas horas de prece tenho que fazer para minhas orações serem atendidas?

Ultimamente eu e meu irmão mais novo tivemos uma briga séria com os pais por causa de emprego e outros problemas particulares. Nossos pais estão idosos e doentes, e não têm idade para sofrer as discussões e explicações que eu e meu irmão, este mais impulsivo do que eu, temos a mostrar sobre o mundo. É algo que criou amargura nos meus pais, diante da perdição em que eu e meu irmão nos encontramos.

Eu culpo o Espiritismo do Brasil por isso, porque eu recorri a eles com todo o sacrifício e esforço que eu fiz em toda minha vida, e de troca só consegui azar. Eu pedi pão e me ofereceram serpentes. E os espíritas ainda me culpam pelas desgraças que vieram contra minha vontade. Me acusam de ter falta de fé, de perseverança, de esforço, dizem até que fui vagabundo, estou reclamando à toa e tenho preguiça de promover o diálogo com as mulheres que aparecem no meu caminho.

Essas acusações são infundadas. Os espíritas sempre acham que a vida é algo qualquer nota, como se fosse possível até o pescoço fazer acordo com a guilhotina em queda livre. Eu faço a minha parte, seguindo todas as recomendações possíveis, todas, mesmo, com a maior calma, mas sem preguiça nem acomodação, e com a maior paciência, simpatia e jogo de cintura. Mas se nada acontece a meu favor, isso não significa que eu falhei. 

Eu sofri azar, na maioria das vezes, e eu sinto isso diante de empecilhos que surgiram do nada. Já tive concurso público que tinha garantias de 90% para minha aprovação, e de repente surgiu do nada greves de bibliotecários para complicar o acesso à bibliografia indicada pelo edital. A greve, "por coincidência" acabou depois de eu ter feito a prova. E eu não pude arrumar outros meios de procurar o material, em maior parte de títulos raros.

Eu não posso me sacrificar mais do que me sacrifiquei. Dei de tudo de mim para vencer na vida. Estudei o quanto pude, para entender os assuntos. Desenvolvi a ética, para me relacionar bem com as pessoas. Abria a mão de impulsos sexuais quando o assunto é desejar uma namorada, para depois atrair somente aquelas que acham que botar a mão no joelho e dar uma balançadinha no bumbum é tudo na vida.

Isso tudo é consequência do azar que o espiritismo me trouxe, porque nenhuma dessas desgraças me veio porque trabalhei as energias psíquicas para atrai-las. Pelo contrário, minhas energias sempre eram para, com todo o respeito a pessoas que se envolviam com empresas corrompidas ou com orgias sexuais estimuladas por certos ritmos musicais de sucesso, deixar todos eles à distância de minha vida. Tolerava eles, desde que fossem coisas alheias ao meu cotidiano, que nunca fizessem parte de meu meio social nem de formas de ascensão na sociedade.

Mas se tudo isso era forçado a ser parte integrante de minha vida, mesmo sem que eu tenha vibrado para isso, e se toda essa força de barra surgisse justamente quando eu mais me envolvia no Espiritismo do Brasil, por que sou sempre o culpado pelas más energias que vieram a mim seu que eu vibrasse para tanto?

No entanto, os tais 'médiuns' do Espiritismo do Brasil decidem, por conta própria, aderir a projetos sociais duvidosos como um tal alimento lançado por um prefeito decadente, criticado por tantas medidas ruins impostas a uma capital, e não é responsável por isso. O 'médium' oferece seu nome e a marca de seu maior evento para o prefeito ostentar aquela gororoba química e não tem culpa por isso?

Mas eu, que vou fazer tratamento espiritual e levo em troca desgraça, de ser assaltado a ter meu nome humilhado por um blog de um cyberbully que não tolera minhas discordâncias num debate no Facebook, e que reproduz meu conteúdo pessoal ao bel prazer e mal consigo denunciar esse crime, o culpado sempre sou eu? Mesmo quando tenho vibrações positivas, encaro tudo com fé e esperança, misericórdia e paciência?

Ah, essa perda de tempo se deve por circunstâncias que surgiram ao meu contragosto. E as coisas sempre se agravavam quando eu me envolvia mais nessa doutrina, que descobri depois ser a mais desonesta, porque desvia do rumo original estabelecido por Allan Kardec em prol de caprichos igrejeiros dos mais fúteis. 

Vi o quanto significa essa desonestidade doutrinária, essa traição gravíssima aos postulados desenvolvidos pelo suor de um homem que, diferente dos nossos festejados 'médiuns' que fazem, usando o dinheiro da caridade, pomposo turismo pelo mundo só para fazer palestras tolas de auto-ajuda, viajava pagando com o próprio dinheiro e o próprio suor para realizar pesquisas.

Vi o quanto isso influi no azar da minha vida, diante do complexo de superioridade que contamina até os membros dos auxílios-fraternos que coordenam os tratamentos espirituais que, em vez de resolver problemas, os agravam com mais azar.

Quanta ruína eu tive, diante das circunstâncias alheias à minha vontade. Quanto azar contraí, por mais que eu cultive as melhores e mais sublimes energias. Quantos obstáculos maiores que meus sacrifícios mais intensos vieram no meu caminho. Quantas preces, tão rezadas com fé e tão desesperadas, quantos apelos se evaporaram no ar sem que minhas súplicas fossem atendidas!

Agora estou no fundo do poço, sem saber como será o meu futuro, com a mente desgastada de tantas desgraças. E os espíritas ainda acham que sofrimento demais dignifica a pessoa, o que revela uma grande impiedade: colecionar desgraças nem sempre traz progresso espiritual, pois em muitos casos isso pode produzir pessoas muito mais irritadas, deprimidas e angustiadas.

Os espíritas é que tem que perceber o que realmente estão fazendo, em vez de ficar se achando detentores da verdade e fazer turismo para ver a Torre Eiffel, o Big-Ben e o Coliseu de Roma e vender umas palavrinhas piegas em seminários para gente rica. Eles tanto falam em caridade, e se iludem constantemente com seus caprichos egoístas e seus juízos de valor contra quem realmente está sofrendo na vida e recebe serpentes no lugar do pão".

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