segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A "fascinação obsessiva" protege os "médiuns" que deturpam o Espiritismo


Culto à personalidade, defesa de valores moralistas conservadores, apoio a políticos retrógrados, prática de Assistencialismo (caridade que pouco ajuda e serve mais de propaganda ao "benfeitor"), sem falar de ideias difundidas ao arrepio do legado original de Allan Kardec.

Esses defeitos estão presentes nos "médiuns espíritas" e as pessoas não percebem. E, quando são informadas, ainda coçam a cabeça e procuram dizer "Isso não é possível". Fazem ginástica mental para alegar que isso não faz sentido e que os "médiuns", embora "catolicizem demais" o Espiritismo, cumprem, aos olhos de muitos, a prometida "rigorosa fidelidade" à Codificação.

Não, não cumprem. Comparem o conteúdo dos livros de Allan Kardec com os livros que são publicados por Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco. Façam uma leitura cuidadosa, minuciosa, desprovido de paixões religiosas. Parem de sonhar com passarinhos voando sobre flores no mundo espiritual porque isso nem de longe foi cientificamente tido sequer como plausível.

Sem essas paixões religiosas, se verá que o conteúdo que os "médiuns" brasileiros difundem contraria, de forma bastante vergonhosa, o legado kardeciano. Não adianta Divaldo expor em entrevistas na TV a teoria correta de Kardec se ele lança obras e palestras contrárias.

Ensinar bem num momento e ensinar errado em tantos outros não é ser fiel ao legado espírita original, algo comparado a um homem que faz um discurso em favor do feminismo e, depois, quando volta para casa, vai bater na mulher.

O "espiritismo" brasileiro é fruto de uma série de estragos irreparáveis. Foi a religião que mais se corrompeu pelas suas más escolhas. A liberdade e a tolerância religiosa não podem ignorar esses graves aspectos, porque o direito a fé não permite jamais que as pessoas façam o que quiserem e se livrem das consequências de seus atos.

Hoje se vive a realidade absurda dos "médiuns" serem blindados com tanta obstinação pela sociedade que já superam até mesmo os políticos do PSDB, que, pelo menos, sofrem algum tipo de repúdio social. Ser "médium" no Brasil já é uma aberração, vivendo o culto à personalidade, se promovendo com Assistencialismo e vivendo do aparato das lindas imagens e belas palavras.

"MÉDIUNS" APRONTAM E SAEM ILESOS EM TUDO

O fato de um "médium" como Divaldo Franco sair "invisível" na grande imprensa ou mesmo na imprensa de esquerda, mesmo quando foi ele que ofereceu o evento Você e a Paz para o lançamento oficial da "farinata", a "ração humana" do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., revela processos obsessivos que fazem com que a imagem adocicada dos "médiuns" se preserve a qualquer preço.

Chico Xavier foi o que mais personificou isso. De um pastichador literário - trabalho que não fazia sozinho, mas com a ajuda de Antônio Wantuil de Freitas e uma equipe editorial da FEB - a um quase Deus, o "médium" mineiro trilhou um caminho de muito oportunismo, a ponto dele, comprovado deturpador do Espiritismo, ser considerado "aproveitável" por muitos num esforço de recuperação das bases literárias. "Aproveitável" não se sabe por quê, mas "porque sim".

Ele usurpou a memória dos literatos falecidos. Não gostou de uma crítica de Humberto de Campos e esperou ele morrer para se apropriar dele e "mudar seu estilo" nas "psicografias". Foi julgado e impune por causa da seletividade da Justiça, e usou do processo de fascinação obsessiva para dominar Humberto de Campos Filho e evitar que ele continuasse os processos judiciais contra o "médium".

Como um Aécio Neves da religião, Chico Xavier aprontava e saía ileso. Era até ajudado, no caso da FEB que "tirou do caminho" o sobrinho que iria denunciar suas irregularidades "mediúnicas", Amauri Xavier. Passou por cima também do caso Otília Diogo, pois, apesar das provas de cumplicidade - fotos confirmam que Chico acompanhava a produção da farsa da suposta Irmã Josefa - , ele se saiu como "vítima".

Para complicar ainda mais, Chico Xavier passou a ser blindado pela Rede Globo de Televisão a partir dos anos 1970 e, mesmo assim, conseguia seduzir setores das esquerdas mesmo defendendo a ditadura militar e reprovando a crítica e o questionamento, pregando o "silêncio" como "voz da sabedoria" (falácia que é eufemismo de censura). Passou a ter a reputação, não se sabe por que motivo, de "progressista", suposta qualidade dada assim, de graça.

A coisa se tornou de tal forma que basta ser "médium espírita" para gozar de benefícios que se comparam a enredos como Prenda-me Se For Capaz e VIPs, baseados respectivamente nas trajetórias dos espertalhões Frank Abagnale Jr. e Marcelo Nascimento.

A aberração é tão grande que ser "médium espírita" hoje virou a fórmula para qualquer um fazer o que quiser e não ser pego de jeito algum. Pode-se até distribuir cestas básicas em campanha eleitoral que ninguém criminaliza, mesmo sob a base da lei.

Basta adquirir um casarão e jogar meia-dúzia de pobres e doentes, escrever livros atribuindo a um suposto morto com mensagens igrejeiras de "fé e esperança" e, pronto. Se Abagnale Jr. e Nascimento tivessem feito isso, estariam à beira da canonização.

O QUE É MESMO FASCINAÇÃO OBSESSIVA?

O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, fala de tipos de obsessão, nos quais se destacam dois dos mais perigosos, a "fascinação obsessiva" e a "subjugação". Geralmente a "fascinação obsessiva" domina os seguidores e adeptos, enquanto a "subjugação" domina aqueles com virtuais condições de investigar as irregularidades do "movimento espírita", como jornalistas, juristas e acadêmicos.

Muitos entendem a obsessão como um processo escancarado no qual um espírito claramente leviano e perverso, com um discurso claramente sombrio e malicioso, domina as pessoas na base da coerção e da ameaça. Ah, como as pessoas não percebem os voos altos da astúcia humana.

No "espiritismo", o que vemos é que a dominação se dá com o máximo de sutileza possível. Quase ninguém percebe, e mesmo os céticos se deixam levar pelo discurso de "fascinação obsessiva" que os "médiuns espíritas", movidos pelo culto à personalidade, difundem em seu favor.

O discurso é tão sofisticado que chega a se tornar uma pegadinha infalível que engana até mesmo pessoas com certo tipo de consciência crítica. Fora da religião, o "funk", um subproduto do comercialismo da mídia dominante, também se vale de apelos emocionais semelhantes, que pegaram as esquerdas desprevenidas. Para muitos oportunistas, basta mostrar fotos de crianças pobres sorridentes para conquistar a tão sonhada unanimidade social.

No caso dos "médiuns" dominando os seguidores, há uma analogia de caraterísticas da "fascinação obsessiva" de espíritos dominando médiuns na obra de Allan Kardec, pois o processo de dominação é exatamente o mesmo. Conforme o capítulo 23, item 239, de O Livro dos Médiuns:

239. A fascinação tem conseqüências muito mais graves. Trata-se de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium e que paralisa de certa maneira a sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não se considera enganado. O Espírito consegue inspirar-lhe uma confiança cega, impedindo-o de ver a mistificação e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando este salta aos olhos de todos. A ilusão pode chegar a ponto de levá-lo a considerar sublime a linguagem mais ridícula. Enganam-se os que pensam que esse tipo de obsessão só pode atingir as pessoas simples, ignorantes e desprovidas de senso. Os homens mais atilados, mais instruídos e inteligentes noutro sentido, não estão mais livres dessa ilusão, o que prova tratar-se de uma aberração produzida por uma causa estranha, cuja influência os subjuga.

Dissemos que as conseqüências da fascinação são muito mais graves. Com efeito, graças a essa ilusão que lhe é conseqüente o Espírito dirige a sua vítima como se faz a um cego, podendo levá-lo a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas como sendo as únicas expressões da verdade. Além disso, pode arrastá-lo a ações ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas.(1)

Compreende-se facilmente toda a diferença entre obsessão simples e a fascinação. Compreende-se também que os Espíritos provocadores de ambas devem ser diferentes quanto ao caráter. Na primeira, o Espírito que se apega ao médium é apenas um importuno pela sua insistência, do qual ele procura livrar-se. Na segunda, é muito diferente, pois para chegar a tais fins o Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. Porque ele só pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude.

As grandes palavras como caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança. Mas através de tudo isso deixa passar os sinais de sua inferioridade, que só o fascinado não percebe; e por isso mesmo ele teme, mais do que tudo, as pessoas que vêem as coisas com clareza. Sua tática é quase sempre a de inspirar ao seu intérprete afastamento de quem quer que possa abrir-lhe os olhos. Evitando, por esse meio, qualquer contradição, está certo de ter sempre razão.

No contexto brasileiro, a dominação que Allan Kardec se refere aos espíritos sobre os médiuns se equipara, com exatidão, à de "médiuns" - que se afastaram da função intermediária e quase anônima dos médiuns espíritas originais - sobre seus seguidores. Os aspectos denunciados por Kardec são exatamente os mesmos.

Deve-se prestar atenção ao último parágrafo do item 239, no qual "grandes palavras como caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança". Até isso Kardec já preveniu as pessoas deste perigo. Mas, infelizmente, mesmo os críticos da deturpação do Espiritismo estão mais preocupados em proteger os deturpadores, movidos por esse traiçoeiro aparato de "amor e caridade".

Há até mesmo o uso de desculpas como "intolerância religiosa", apelos como o vitimismo - nos quais os deturpadores fingem "aceitar os ataques em silêncio", dizendo-se "pacientes e humildes diante da ira da sociedade contra o trabalho do bem" e "confiantes a Deus, seu único apoio no momento em que as pedras se voltam a eles". Criam todo um teatro do coitadismo, como meio de forçar a comoção pública com sua pose de pretensos "derrotados" que oculta seu poder dominador e privilegiado.

Os "espíritas" apelam até mesmo para a estratégia mais perigosa, o "bombardeio de amor", no qual se forja um clima de emotividade intensa e falsa intimidade hospitaleira. Isso mostra o quanto a "fascinação obsessiva" protege os "médiuns" e atrai a confiança cega de seus seguidores, e a "subjugação" a subordinação de quem poderia questionar e investigar mas se submete ao domínio de forma convicta.

Dessa forma, cria-se um impasse no qual os alertas de Allan Kardec forçam o "espírita" brasileiro a optar pela aceitação desses alertas ou a rejeição a eles pela submissão aos "médiuns". A cada dia as circunstâncias forçam os brasileiros a terem que escolher entre Kardec e os deturpadores. Não se pode ficar com os dois. Não há fraternidade entre o bom senso e o contrassenso. Ou é uma coisa ou outra. É hora de cair das nuvens.

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