domingo, 29 de outubro de 2017

A "farinata" de João Dória Jr. manchou Divaldo Franco e o "espiritismo" brasileiro

DIVALDO FRANCO NÃO TEM CONDIÇÕES DE RESPONDER SOBRE O CASO DA "FARINATA" DE JOÃO DÓRIA JR..

A situação de Divaldo Franco, maior deturpador vivo da Doutrina Espírita e definido como "roustanguista convicto" por ninguém menos que o jornalista espírita José Herculano Pires, se complicou pela segunda vez.

Depois de, numa entrevista após um evento "espírita" na Espanha, acusar os refugiados do Oriente Médio de terem sido supostas reencarnações de tiranos colonizadores, alegando que eles "queriam retornar a Europa para recuperar seus tesouros", o que soa uma ofensa grave às famílias e aos cidadãos que apenas queriam fugir de nações em conflito na África e Ásia, o "médium" baiano dificilmente sairá imune no caso da "farinata" do prefeito de São Paulo, João Dória Jr..

Isso porque Divaldo Franco, com toda a sua fama de "sábio", "vidente", "ativista" e "líder", nada fez para impedir o lançamento, em pleno evento Você e a Paz, da "ração humana" feita com restos de comida de procedência duvidosa, valor nutricional desconhecido e condenada por entidades de saúde pública das mais diversas - inclusive nutricionistas - e movimentos sociais, que veem na "farinata" um meio desumano de combater a fome, tratando os pobres como se fossem animais de rua.

Divaldo deixou até mesmo que o chamado prefake - apelido pejorativo dado a João Dória Jr. pela sua falta de carisma e de interesse social - , já considerado um político decadente antes se ser homenageado pelo Você e a Paz, divulgasse o duvidoso alimento no próprio evento e divulgando o encontro através da camiseta, exibida em várias fotos fartamente publicadas na imprensa.

Ninguém percebeu a estranheza e, quando um ídolo religioso era criticado, limitava-se a ser o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, responsável pela Arquidiocese de São Paulo. Mas nenhum jornalista sequer perguntou por que João Dória Jr. não poderia ter divulgado o evento vestindo a camiseta com o logotipo da Arquidiocese em vez do evento organizado por Divaldo.

Sim, Divaldo tem uma parcela de responsabilidade, e sobretudo das mais altas. Se observarmos bem, Divaldo apoia até a Escola Sem Partido, o projeto pedagógico que não permite debater a realidade, mas estimula a preservação de crenças e fantasias religiosas. Divaldo personifica o perfil antiquado do orador verborrágico e detentor de um pretenso saber, de nível hierarquizado.

Juntamente com Francisco Cândido Xavier, popularmente conhecido como Chico Xavier, Divaldo Franco é o maior deturpador dos postulados espíritas, reduzindo o legado kardeciano a um sub-Catolicismo de valores medievais. Chico e Divaldo sempre foram católicos, e suas obras são dotadas do mais carregado igrejismo, que não raro apresentam ideias contrárias aos ensinamentos espíritas originais.

A sintonia de Divaldo Franco, tido como "progressista", a uma figura conservadora e decadente como João Dória Jr. - antes do Você e a Paz, já era noticiado que Dória tinha baixa popularidade até entre aqueles que o elegeram, era hostilizado por abandonar São Paulo e criticado por muitas medidas de "choque" (como acordar moradores de rua com jato d'água), diz muito sobre a que veio realmente o "médium" baiano, o "maior filantropo do Brasil" que não ajuda sequer 1% da população brasileira.

Isso significa que Divaldo Franco é, no fundo, uma figura muito, muito conservadora e não dá para entender o silêncio da imprensa de esquerda, porque o vínculo de imagem de Divaldo e do Você e a Paz à pessoa do prefeito de São Paulo é notória. Divaldo, pelos atos que fez ou que deixou de fazer, acabou apoiando e associando sua imagem à "farinata" de João Dória Jr..

Se até a ONU condena o "alimento" de João Dória Jr., por que o Você e a Paz deixou-se ser o palco de lançamento desse produto, contra o qual há até denúncias sombrias, de pacientes que morreram por ter sido usados como "cobaias" do "composto alimentar"?

Muitos seguidores de Divaldo Franco se apressam em dizer que ele "não sabia" do produto e "deve ter sido informado em última hora". Isso não procede. Divaldo teve condições, pois é considerado uma pessoa "lúcida e consciente de seus atos" - daí que continua fazendo palestras - , para ser informado do estranho produto e, se ele tivesse sido ético, deveria ter evitado a divulgação do mesmo apenas pela falta de informações precisas a respeito.

Mas Divaldo consentiu com tudo isso e permitiu toda a divulgação e o alarde da imprensa (que, por sorte, apenas não notou que a "farinata" foi divulgada num evento "espírita") e, com isso, se manteve num impasse que, independente da resposta, o põe em xeque-mate na sua reputação de "líder e pensador espírita".

Se "agiu sem saber", como acreditam seus seguidores, isso contraria toda a sabedoria atribuída a ele e que resultou em vendas expressivas dos dois volumes da série Divaldo Responde. É certo que um verdadeiro sábio nunca se acharia nas pretensões de responder tudo, mas, nos padrões rasteiros das redes sociais, onde o conceito de "filosofia" se resume a umas poucas frases de efeito moralistas, ele goza desse aparente prestígio.

Se Divaldo Franco "agiu sabendo", o que é mais provável, então ele é uma farsa como "líder espírita" porque permitiu que, em seu evento, fosse divulgado um projeto alimentar não só desprovido de informações confiáveis, mas também condenado pelos movimentos sociais e pelas mais respeitadas entidades de saúde pública e nutrição do Brasil e do mundo.

Divaldo, um sujeito que muitos acreditam estar na sala de espera para ir definitivamente ao "céu", imaginando anjos cantando, autoridades lhe concedendo prêmios e Jesus pessoalmente o acolhendo para levá-lo a um assento nobre no "reino dos puros", despencou ao consentir que a "farinata" fosse divulgada usando a marca do Você e a Paz e do nome do "médium".

Isso diz muito sobre o quanto o "espiritismo" brasileiro se afunda em contradições, omissões e erros da mais extrema gravidade. E isso tudo se deve às suas raízes roustanguistas, que não podem ser renegadas, porque é inútil definir o sobrenome Roustaing como um palavrão, se o legado que este deixou em Os Quatro Evangelhos se espalha na totalidade do "movimento espírita", inspirando as atividades de suas "casas", de seus palestrantes, de seus tarefeiros, de seus "médiuns".

A "farinata" é um alimento indigesto, pela natureza de suas caraterísticas. Mas a indigestão maior ela causou - por sorte, sob o silêncio da imprensa - no "movimento espírita" como um todo e no seu "maior médium", um homem que se julga capaz de "responder tudo", mas que não consegue explicar o equívoco de uma "ração humana" que envolve uma série de problemas da mais alta gravidade.

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