quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O que o "coração do mundo" tem a dizer sobre as mulheres-objetos?

MULHER MELÃO MOSTRA OS "DOTES FÍSICOS" NA PRAIA DE COPACABANA.

Anunciam que o Brasil será a vanguarda do mundo. O terrorismo irá eliminar os países civilizados na Europa e nos EUA, terremotos e tsunamis tirarão do mapa a Califórnia, também nos EUA, e vários países da Ásia, da Oceania e da Europa escandinava. Países asiáticos serão dizimados pelo terror e pelos terremotos, e com tudo isso o "velho mundo" desaparecerá, abrindo caminho para o Brasil.

Tudo bem. A "profecia" parece maravilhosa para muitos, afinal vem de Chico Xavier, o "bom velhinho" de frases dóceis que as pessoas colocam nas mídias sociais e que mesmo os espíritas de um nível de seriedade considerável, mas ainda insuficiente, querem manter no pedestal.

O Brasil, dizem, está vivendo uma revolução de ordem científica, cultural, moral e de outros âmbitos, e outro "bom velhinho", Divaldo Franco, nas suas palestras "sobre a paz", afirma que esse progresso está acontecendo há vários anos. Então tá.

Que "progresso" é esse então que está acontecendo? No âmbito científico, temos acadêmicos e intelectuais "masturbando" com a imbecilização cultural e com frivolidades tipo "como o Gangnam Style pode fazer a água doce ficar mais cristalina".

No âmbito cultural, a citada imbecilização que, sob o rótulo de "popular", despeja centenas de aberrações e canastrices, não somente musicais, mas comportamentais, informativas etc., destinadas a fazer sucesso por toda a vida, nem que seja à custa de factoides e bobagens ditas na imprensa.

As chamadas "musas sensuais", ou, deixando de ser politicamente corretos, as mulheres-objetos, que se acham a expressão "feminista" do país que pretende ser a "vanguarda da espiritualidade planetária", são o exemplo desse problema que temos entre milhares no nosso país.

Essas mulheres se ocupam apenas em mostrar seus corpos, numa pretensa sensualidade que, de tão obsessiva, rotineira e repetitiva, é de cansar e causar tédio até em tarados de plantão. Nada fazem a não ser "sensualizar", "sensualizar" e "sensualizar". E se acham "feministas" só porque, em maioria, as "musas" parecem não ter namorados nem maridos.

Há sub-celebridades como Solange Gomes, Geisy Arruda, Nicole Bahls e uma Andressa Urach que, por pouco, não regressou à "pátria espiritual". Há funqueiras com nomes de "frutas", as tais "mulheres-frutas", que incluem Mulher Melancia, Mulher Melão e Mulher Maçã, mas tem até a Mulher Filé, e funqueiras sem nomes de "frutas" como Valesca Popozuda.

Há moças saídas do Big Brother Brasil que só saem para agitos noturnos (que o establishment midiático define pela gíria "balada", expressão coloquial tão enjoada quanto o "chuchu beleza" dos anos 70). Há as musas de campeonatos de luta tipo UFC que, além de segurar plaquetas, só sabem mostrar seus corpos.

Isso não é exclusivo no Brasil, mas é no Brasil que essa exploração fútil do corpo feminino, num contexto em que "estamos preparados para governar o mundo", encontra maior terreno. Só em 2011, foram contabilizadas pelo menos 200 mulheres que buscavam a fama apenas "mostrando demais", nos portais de celebridades dos mais diversos no país.

E ver que, por outro lado, algumas mulheres dotadas de personalidade, como Daniella Perez, Dora Bria, Nara Leão e Monique Alves, e, mais antigamente, Leila Diniz e Sylvia Telles, faleceram cedo, sem que pudessem fazer seus exemplos se propagarem na sociedade, o que torna constrangedor ver que uma boa parcela de mulheres brasileiras perde tempo fazendo "sensualidade barata".

Isso revela uma crise de valores e uma série de contradições que existem no país que se acha preparado para comandar a comunidade das nações. As mulheres-objetos se acham "feministas" e arrumam desculpas para sua "sensualidade barata": "liberdade do corpo", "direito à sensualidade", "livre expressão da beleza brasileira (?!)" etc.

Elas não fazem outra coisa e nem sequer se reservam a proteger seus corpos da superexposição nem de usar roupas discretas conforme a situação. Até no frio querem "sensualizar", ignorando riscos. Solange Gomes, por exemplo, usou roupas curtas para um evento realizado numa cidade que tinha apenas 10°C de temperatura.

Elas não têm personalidade, não costumam expressar ideias coerentes - pelo contrário, cometem muitas gafes, são grosseiras e arrogantes - , e acabam desmoralizando o feminismo e a emancipação feminina, até porque essas "musas", no fundo, seguem valores machistas, elas são a personificação de uma imagem de mulher trabalhada pelo mais grotesco, histérico e irredutível machismo.

E como é que o Brasil, "pronto" para virar "potência econômica" e "coração do mundo", terá que lidar com esse exército massivo de centenas de mulheres-objetos que surgem a cada ano no país? E como é que vamos ser a vanguarda do mundo se são justamente essas "musas" que representam o paradigma de "feminismo" difundido com entusiasmo até por uma elite influente de intelectuais?

A luta das mulheres nesses tempos todos, que representou muito sangue, muitas mulheres mortas, pela violência, pela opressão do trabalho, pelo descaso das autoridades, pelos erros médicos, pelos latrocínios e acidentes de trânsito etc, não foi feita para que a emancipação feminina se reduza a uma superexposição de bustos e glúteos siliconados exibidos sem a menor necessidade.

A "liberdade de corpo", desprovida de liberdade da alma, de qualquer capacidade de raciocinar e apreciar a vida e o mundo de maneira mais útil e coerente, faz grandes estragos na medida em que essas mulheres tornam-se formadoras de opinião e modelos de comportamento para as jovens moças do futuro, sobretudo nas periferias.

Ver o Brasil virar vanguarda com esse tipo bisonho de "feminismo" é estarrecedor. E o exército de mulheres-objetos parece querer durar a vida toda, com a exposição de corpos tão gratuita que causa tédio e constrangimento. Isso desmoraliza a luta das mulheres e ofende o verdadeiro feminismo, além de desonrar as tragédias que ceifaram as vidas de milhares de mulheres batalhadoras e dignas.

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