domingo, 31 de agosto de 2014

Chico Xavier não poderia jamais ser um líder


Só mesmo a ingenuidade de muitos brasileiros e a falta de discernimento que fazem com que eles acreditem que Chico Xavier, com todas as suas falhas, mesmo as mais graves, seria um líder espiritual, um expoente máximo do Espiritismo, o maior apóstolo de Jesus ou qualquer outro título que o faça manter uma postura de liderança na evolução moral do Brasil.

No entanto, sabemos porém que isso é impossível, porque as falhas entram em contradição com qualquer critério mínimo de um líder de qualquer coisa, mesmo quando se consideram imperfeições e possibilidades de cometer falhas.

Sempre que se enumeram os erros de Chico Xavier e confronta com sua imagem mitológica, a contradição chega a ser aberrante. É uma questão de observação, uma vez que só mesmo o sentimentalismo e a falta de discernimento para aceitar que uma pessoa seja ao mesmo tempo "ignorante e inculta" e "dotada de plenos poderes".

Para começar, a imagem de Chico Xavier como ingênuo e "puro" entra em confronto sério com seus erros. Se verificarmos as acusações de plágio e seu apoio às fraudes de materialização, não só uma vez, mas várias, logo percebemos que seu mito de ingênuo não procede.

Se Chico decidiu por participar dessas "brincadeiras", ele não poderia ser líder, porque cometeu uma grande irresponsabilidade. Mas se considerarmos a tese de que ele foi "vítima" e "manipulado" pelos chefões da FEB, Chico também não poderia ser líder, porque nessa hipótese ele foi "mandado".

As acusações de plágio contra Chico Xavier também o levam a um impasse. A tese mais provável era de que Chico foi um ávido leitor de livros, levando em conta que ele não teria sido exatamente cego, como se imagina, mas com um grau muito alto de miopia. Ele teria sido esperto, astuto, vendendo uma literatura irregular como se fosse psicografia.

Mas um líder não se constrói assim, pois pode ser que algum líder engane muita gente através de sua esperteza, mas, uma vez descobertas suas fraudes, ele deixa de ser líder. Porque um líder é aquele que, dotado de maiores habilidades, orienta as pessoas a seguir um dado caminho ou fazer uma dada tarefa. Ninguém é líder tratando seus parceiros e seguidores feito gato e sapato.

Supondo, todavia, que Chico não só não teria plagiado como era "iletrado" e "inculto", e as obras "sofisticadas" que lançou, seja várias das cartas e livros tidos como psicografados, ele não teria sido líder, porque sua "simplicidade" era vista como frágil demais, se levarmos em conta que Chico afirmou ser "intelectual falido", numa entrevista ao programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo, em 1971.

Como é que um sujeito que afirmou ser um "intelectual falido" pode ser líder? Só num país como o Brasil, com mania de inverter os valores, atribui sabedoria àquele que se torna mais ignorante. É um grande erro de interpretação que faz com que muitos estúpidos se contentem na burrice, a pretexto de terem se formado na "faculdade da vida".

Até os mais ignorantes, no que se refere à escolarização, quando aprimoram sua inteligência, é pelo nível de assimilação de conhecimentos, por outros meios que não os escolásticos, e pelo nível de observação e percepção das coisas. Ninguém fica sábio porque é ignorante ou se assume como tal.

RACIOCÍNIO FILOSÓFICO

Não se trata de julgamento de valor, mas de um raciocínio filosófico, confrontando mitos e realidades, o que desagrada muita gente que via em Chico Xavier uma figura extraordinária, reunindo estereótipos tão contraditórios que só mesmo a fé condescendente, piegas e cega pode consentir e não questionar.

Chico Xavier não tinha firmeza, não raro mudava as opiniões e pareceres nos seus livros, e teve que reeditar por seis vezes o livro Parnaso de Além-Túmulo. Era submisso muitas vezes e, em outras, adotava posturas duvidosas e voltava atrás, não raro sob constrangimento.

Se Chico tivesse sido firme, não teria cometido os erros que cometeu. A firmeza é uma das caraterísticas maiores de um líder. Na Doutrina Espírita, Allan Kardec poderia ser um líder, pela firmeza e segurança na pesquisa, na produção de conhecimentos e no convite ao debate público.

Por outro lado, se Chico Xavier não teve firmeza, portanto ele não poderia ser líder. E isso o deixa num beco sem saída, porque se ele agiu com boa-fé, ele não poderia ser líder, porque foi "mandado". Se ele agiu com má-fé, também não poderia ser líder, porque líder não ludibria seus seguidores.

Um mestre não se faz dessa forma, juntando clichês de bondade, humildade, velhice, inocência caipira, entre outros estereótipos semelhantes. Um mestre se faz com gente que sabe, gente que pode até ter simplicidade, mas tem a consciência de seu saber e a responsabilidade de adotar decisões as mais seguras possíveis e transmitir ideias com a máxima segurança, embora passíveis de serem revistas.

E isso é muito diferente do que lançar um livro de poemas "do além" que teve que ser remendado por mais de duas décadas. Isso não é como os livros científicos cujo conteúdo é transformado na medida em que descobertas obrigam ideias a serem revistas e reformuladas.

Parnaso do Além-Túmulo foi alterado de forma leviana, apenas para criar um conteúdo ao mesmo tempo mais verossímil e menos polêmico possível. Só esse exemplo derruba o mito de liderança de Chico Xavier, pela sua incapacidade de, ao menos, lançar logo de início uma edição definitiva, até pela pretensão de ser um livro de "mensagens superiores".

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