quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Começa a caça aos "valentões" da Internet


Os "valentões" da Internet, que disseminavam ódio e desrespeito humano através de trolagens ou cyberbullings, podem estar com os dias de impunidade sendo contados. Com a péssima repercussão de seus atos, que vitimavam não somente internautas comuns que discordavam de valores dominantes, mas famosos dotados de prestígio e visibilidade, eles começam a sentir a batata assar.

Nos últimos dez anos, havia crescido a onda de internautas grosseiros que, em ataques grupais, humilhavam e ridicularizavam, em fóruns na Internet ou nas redes sociais, quem não concordasse com valores estabelecidos na sociedade ultraconservadora, podendo ser desde arbitrariedades políticas, mesmo em prol da mobilidade urbana (como a pintura padronizada nos ônibus do Rio de Janeiro) até preconceitos de padrão machista ou racista.

A coisa começava assim. Um internauta discordava de algum valor pré-estabelecido em vigência ou moda. Pode ser um modismo, uma gíria, ou uma posição sócio-cultural dominante. Em seguida, sua caixa de mensagens é invadida por uma série de comentários estranhos, não muito amistosos.

No primeiro momento, esses comentários parecem ironias e gracejos. Na medida em que o internauta reage, mesmo que seja em silêncio, apagando as mensagens, os comentários se tornam mais agressivos. De repente a vítima começa a pedir para que parassem e aí surgem ofensas mais agressivas e ameaças.

Em momentos extremos, alguns desses internautas produzem blogues ofensivos, ou pesquisam o local de residência da vítima para visitar a cidade para intimidar. Um busólogo que se sentiu ofendido com as críticas à pintura padronizada nos ônibus e à política de Eduardo Paes, prefeito carioca hoje em fim de mandato, chegou a fazer visitas a Niterói, mas parou diante de rumores de que a "máfia das vans" fazia ponto perto do Terminal João Goulart e fazia marcação a qualquer fotógrafo "de fora".

Mas a turma dos "valentões" espera outras encrencas. Com a notícia de que Letícia Sabatella irá processar o Facebook e o Twitter por permitir a publicação de comentários ofensivos contra ela, depois que a atriz passou a protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff, a situação pode complicar.

O Facebook já está agindo para apagar comentários ofensivos e bloquear contas de agressores. Os servidores das redes sociais, vendo os processos pesarem sobre suas costas, começa a agir contra os próprios internautas agressores, já que os portais em si não querem pagar as consequências nefastas dos processos movidos contra eles.

Aí sobra para os "valentões" que estavam acostumados com a tranquila rotina feliz de, no isolamento autista de seus quartos, brincar de gato e rato com suas vítimas, despejando ofensas pesadas e achando que a rua é um paraíso no qual eles poderiam agredir suas vítimas e nada acontecer com estes agressores.

Um dia, eles entram na conta e veem que ela foi bloqueada. Isso quando o Anonymous não hackeou a conta do "valentão" depois que ele disparou um "KKKKKKK" na imagem da máscara do Guy Fawkes. Ou quando o "valentão" vai para a cidade da vítima, para tentar intimidá-la, e é baleado no peito por um motoqueiro que pensou que o encrenqueiro digital era um "x-9" (alcaguete). Será difícil fazer "KKKKKKK" no leito de hospital ou na cela de uma prisão.

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