terça-feira, 28 de junho de 2016

Igrejismo travestido de ato de amor

ILUSTRAÇÃO MEDIEVAL NA CATEDRAL DE SAINT AIGNAN, EM CHARTRES, NA FRANÇA.

O "espiritismo" brasileiro demonstra representar as ameaças advertidas pelo espírito Erasto e descritas em O Livro dos Médiuns. A mistificação que existe por trás de supostas coisas belas é uma maneira de dominar e manipular as pessoas diante de dogmas e ritos católicos inseridos na deturpação da Doutrina Espírita.

O trecho abaixo comprova que o "movimento espírita" é deturpador e que usa ideias e estórias associadas a ideias bonitas como "amor", "caridade", "bondade" e "humildade" para inserir conceitos herdados do Catolicismo medieval, que era a base da Igreja Católica portuguesa vigente no Brasil colonial e cujos paradigmas foram herdados também pelo "espiritismo" brasileiro.

A estória que será mostrada a seguir não se tem certeza que realmente aconteceu. Tendo como protagonista o conhecido Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier adorado pela gente incauta ou por pessoas pouco vigilantes em algum esclarecimento de vida, o episódio tenta ser um arremedo brasileiro da cerimônia do lava-pés da narrativa católica da vida de Jesus de Nazaré.

A estória pode nunca ter acontecido, até porque seria fácil demais Chico Xavier reviver o "lava-pés" de Jesus. E, além disso, outro detalhe é observado nesse ritual escancaradamente católico: à água é atribuída supostos poderes de cura.

Isso é uma prova do caráter anti-científico do "espiritismo". O trecho abaixo envolve várias manobras traiçoeiras da doutrina brasileira que nunca levou Allan Kardec a sério. Cria uma ideia de "bondade" subordinada à religião, insere no ideário espírita conceitos originalmente católicos e desmoraliza a atividade científica quando põe a fé religiosa como concorrente desleal na cura de doenças difíceis.

Portanto, o texto abaixo nem de longe traz alguma lição de esperança ou de bondade verdadeiras. Um blogue intitulou uma postagem com este texto de "Aos pés do amor". Só que é um "amor-daçar", um "amor" que constrange mais do que conforta, um "amor" que oprime quando a supremacia religiosa se mostra num status acima do sofredor. É, portanto, um texto de puro igrejismo.

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TRECHO DO LIVRO CHICO XAVIER: UM DOCE OLHAR PARA O ALÉM (PÁGS. 32-33)

Por Sebastião Aguiar - Editora Globo, 2010

Chico vinha sofrendo de fortes dores num dos pés e mancava, sem que os médicos que o atenderam pudessem aliviá-lo. Diariamente, os funcionários da Fazenda Modelo eram trazidos de volta para casa em charretes que, ao retornarem a Pedro Leopoldo, tinham de passar pelo Biriba, nome dado à zona de meretrício da cidade.

Uma tarde, ao passarem pelo local, Chico e seus companheiros foram chamados pelas moças que viviam ali. Uma delas, dirigindo-se ao Chico, disse: "Venha até a minha casa, preciso lhe falar". Os colegas logo fizeram gracejos e comentários maliciosos, mas ele desceu da charrete e foi até a residência da moça.

Ali, as prostitutas reunidas o receberam com profundo respeito. Pediram-lhe que sentasse. A moça que o abordara trouxe uma pequena bacia com água limpa, pediu permissão para descalçá-lo, colocou seu pé doente na bacia e, segurando uns raminhos de flores do campo, rezou, seguida pelas companheiras. Ela molhava os raminhos e os batia delicada e repetidamente no pé de Chico. Depois enxugou-o, beijou-o e calçou-o.

Dois dias depois, emocionado, Chico contava o episódio aos amigos. Sua vidência lhe mostrou que o líquido da bacia foi ficando escuro e lodoso à medida que a moça banhava seu pé, fazendo com que a dor o deixasse lentamente.

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