sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

"Espiritismo" é uma maldição?

O CANTO DA SEREIA "ESPÍRITA".

O "espiritismo" é uma maldição? O caso de seguidores do "movimento espírita", na maioria esmagadora das vezes, perder entes queridos por nada - e geralmente gente diferenciada, que tem muito o que fazer na vida - , além de outros que recorrem à religião sofrerem graves infortúnios, traz ao "espiritismo" uma aura maligna, constatação que ainda choca muita gente, que prefere se recusar a admitir esta hipótese.

Afinal, com seu balé de palavras bonitas e o simulacro de filantropia através da caridade paliativa - que mais encanta do que ajuda as pessoas e é uma "bondade" que não ameaça os privilégios abusivos das elites - , o "espiritismo" parece, aos olhos de muitos ingênuos, dotar de "energias sublimes e elevadas".

Sabe-se, no entanto, que o "espiritismo" não traz energias malignas por acaso, como se fosse uma fonte de mau agouro e perdição. Ele é fruto de uma gravíssima desonestidade doutrinária, que faz desta seita uma farsa, uma versão repaginada do Catolicismo medieval português disfarçada de Doutrina Espírita.

Tudo o que se vê nesse "espiritismo à brasileira" é igrejista: de elementos copiados escancaradamente da Igreja Católica, como água benta (que virou "água fluidificada", expressão risível por revelar redundância entre "água" e "fluído"), confessionário (que virou "auxílio fraterno") até conceitos moralistas que não conseguem mais esconder o vínculo com a sombria Teologia do Sofrimento, corrente das mais medievais do Catolicismo.

Diversas personalidades que sucumbem ao "canto de sereia espírita" - quando as "sereias" atendem pelo nome de Bezerra de Menezes, Chico Xavier e Divaldo Franco - acabam quase sempre perdendo seus filhos mais preciosos. Parece coincidência, mas acontece. Recentemente, meses após fazer uma parceria com a FEB para produzir uma HQ sobre "espiritismo", o desenhista Maurício de Souza perdeu um de seus mais destacados filhos, falecido com apenas 44 anos de idade.

A aparente resignação dos "espíritas" e o pretexto da "verdadeira vida" não são desculpas para ignorar esse aspecto maligno. A vida espiritual existe, mas usá-la como desculpa para se desperdiçar uma encarnação colecionando desgraças ou interrompendo projetos de vida nem de longe pode ser justificável. Projetos de vida brilhantes interrompidos pelo falecimento precoce nunca poderão ser refeitos na encarnação posterior da mesma maneira, se refazendo tudo do zero.

É uma trabalheira traçar planos, projetos e anseios em uma encarnação que já tem um prazo limitadíssimo de cerca de 80 anos. É uma grande hipocrisia os "espíritas" acharem natural desperdiçar uma encarnação, usando como desculpa a "eternidade da verdadeira vida" e a possibilidade de reencarnação, porque, quando a encarnação acaba, tudo fica perdido.

Sim, porque, mesmo quando há a chance de recomeçar uma atividade, as situações a serem enfrentadas serão totalmente diferentes. Alguém falece (desencarna), interrompendo seus planos de vida, e, quando reencarnar, terá outro nome, outra família, outras relações sociais, outras situações, outros desafios. O que foi feito com muita trabalheira na encarnação anterior terá que ser refeito a partir do nada, sendo mais uma nova trabalheira.

Os "espíritas" tentam nos fazer crer que a única diferença do reencarnado é apenas na redistribuição dos papéis dos seus conviventes, com a mamãe fazendo papel da professora de escola, o papai virando o amiguinho filho do vizinho, o vendedor de pães virando seu tio, a titia virando sua namorada, o vovô virando o coleguinha de futebol, até o cachorrinho da vizinha reencarnando como o gatinho da família.

Não é apenas isso que acontece. Há uma infinidade de situações estranhas, diferentes umas das outras. A única coisa possível, num prazo de 30 anos - tempo médio entre o falecimento e a fase da encarnação posterior de percepção plena de sua missão de vida - , é encontrar o mesmo tipo de refeição, e mesmo assim é praticamente difícil encontrar a mesma lanchonete, o mesmo restaurante, a mesma padaria exatamente no mesmo lugar.

Daí que o "espiritismo" tornou-se uma religião maligna, por ser desprovida de sinceridade e honestidade, pois diz seguir "rigorosamente" o legado de Allan Kardec e faz totalmente o contrário. É uma religião cujo diferencial negativo é cair em contradição o tempo inteiro, sua desonestidade doutrinária é algo que nenhum pretexto ou aparato de "bondade" consegue desmentir, apesar da aceitação bovina de seus seguidores por cada desculpa esfarrapada do "movimento espírita".

Só o fato das ideias trazidas por Chico Xavier e Divaldo Franco se chocarem com os ensinamentos de Allan Kardec, se revelando contrários ao pensamento do pedagogo francês, é suficiente para que nenhuma credibilidade se desse a esses "médiuns" que, se utilizando do verniz de "bondade", mal conseguem ocultar o "culto à personalidade" que desmoralizou e praticamente inviabilizou a atividade mediúnica no Brasil.

Se observarmos bem o texto original de O Livro dos Médiuns, quando muito pela tradução em português por José Herculano Pires, se saberá o quanto muitos dos alertas de Kardec ou de espíritos mensageiros como Erasto advertiam para os "inimigos internos do Espiritismo" cujas caraterísticas, de maneira surpreendente e, para muitos, chocante, se encaixam perfeitamente nos dois "médiuns" que espalharam a farsa igrejista como um câncer que se espalha pelo corpo inteiro.

Essas são coisas que o "canto da sereia espírita" impede que as pessoas, seduzidas pelo deslumbramento religioso, se recusam a admitir, como crianças birrentas que não aceitam que Papai Noel é personagem de ficção e que coelho não é ovíparo. Isso mostra o quanto a religião cria, nos adultos, teimosias muito mais perigosas e traiçoeiras do que as crianças, já que estas podem mudar de opinião depois de um bom diálogo. Os adultos têm mais dificuldades de assumir tal mudança.

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