quinta-feira, 11 de agosto de 2016

"Espíritas" tendem a ter morte mais dolorosa que a dos ricos

O "BOA-VIDA" JORGINHO GUINLE.

Há uma frase atribuída a Jesus de Nazaré que diz "É mais fácil um camelo entrar na cabeça de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus". A frase é de uma coerência indiscutível, mas ela é complementada por outra que parece oposta, mas não é.

Essa frase é que é "mais fácil um rico entrar no Reino dos Céus do que um 'espírita'". Exagero? Diante do que vemos nesse igrejismo medieval que é o "espiritismo" brasileiro, não há exagero. Embora os ricos estejam longe de serem sequer um arremedo de pessoas iluminadas, numa comparação ligeira, entre um aristocrata e um "espírita", o primeiro tem mais chance.

Pelo menos, o que se pode admitir é que os ricos não têm tantas ilusões em suporem o ingresso celestial no além-túmulo. Mesmo os que se entregam à cegueira dos caprichos materialistas, da futilidade dos gozos terrenos, eles têm noção de que não serão recebidos com pompas e solenidades na porta de entrada do Paraíso.

Mesmo o mais fanfarrão dos ricos, ou o mais desequilibrado dos aristocratas que se mancham em crimes diversos, quando estão na agonia da velhice enferma, sabem que não lhe esperará, no além-túmulo, corais de anjos e autoridades oferecendo troféus e medalhas.

É verdade que as classes ricas, num contexto em que a plutocracia assaltou o poder e conquistou a República brasileira na marra, estão mais próximas da tragédia do que da bonança. Mas aí, ironicamente, os "espíritas" demonstram um apoio sutil a esse governo, representado por Michel Temer, justamente quando em torno dele cercam setores mais ricos e poderosos da sociedade e, para piorar, mais comprometidos com o egoísmo e o prejuízo de multidões.

Sim, a dita "religião da bondade", tão preocupada em pregar a "caridade" e a "humildade", andou surtando ao pedir que "oremos em favor" de governos plutocráticos que atendem aos interesses elitistas. Paciência, a FEB defendeu o golpe de 1964 e apoiou a ditadura militar. Fatos comprovam.

Mesmo assim, os "espíritas" mantém o agravante de que, protegidos por uma mítica religiosa, acreditam ter seu acesso garantido ao Céu ou, na pior das hipóteses, a designação de, pelo menos, mais uma encarnação "a serviço do bem e do amor ao próximo".

DOIS CASOS

Vamos descrever dois casos, de um ricaço que tinha uma vida extravagante, mas um caráter moral leviano e até simpático, e um esperto beato religioso, que muitos acreditam ser o "símbolo máximo de caridade brasileira de todos os tempos".

De um lado, Jorge Guinle, aristocrata carioca, de uma família rica, associada ao Copacabana Palace, famoso por seus contatos com autoridades, celebridades e com o who is who do glamour e do luxo do mundo inteiro em seu tempo.

De outro, Francisco Cândido Xavier, funcionário público nascido no interior de Minas Gerais, beato católico de crenças ortodoxas mas que tinha como única diferença uma paranormalidade, que era bem mais limitada do que se pode imaginar.

Ambos faleceram, mais ou menos na mesma época e faixa etária. Chico Xavier, com 92 anos, em 2002. Jorginho Guinle em 2004, aos 88 anos. E adivinhem quem é que teve a morte mais dolorosa, quem é que se decepcionou mais quando retornou à chamada "pátria espiritual"?

Evidentemente muitos vão dizer que foi Jorginho Guinle, um "boa vida" que nada fez de útil, e que por isso levou um grande choque quando, no mundo espiritual, viu que era pior do que um mendigo, enquanto o frágil Chico Xavier chegou triunfante no mundo espiritual com a certeza de ter completado sua missão na Terra. Correto?

Errado! Extremamente errado! Jorginho Guinle era o tipo de pessoa que não esperava o ingresso ao Paraíso. Ele tinha todo o luxo material, vivia toda a ilusão de vida aristocrática, mas em toda sua vida, ele não causou graves problemas à humanidade, apenas viveu sua vida com alegria e era até uma figura simpática, além do fato de ter escrito um modesto livro sobre jazz.

Já Chico Xavier "penou" quando o além-túmulo sepultou todas as ilusões que a chancela religiosa traz, já que poucos percebem que a religião traz ilusões muito mais perigosas do que a fortuna, já que o status religioso trabalha com riquezas "invisíveis", fora o fato que o "espiritismo" brasileiro é herdeiro do Catolicismo medieval.

Poucos admitem isso. O "espiritismo" brasileiro é influenciado pelo Catolicismo medieval pelo legado dos jesuítas portugueses, Isso é fato, não há como escapar. Da mesma forma, os "espíritas" têm no seu DNA a visão igrejista de Jean-Baptiste Roustaing, como o Michel Temer tem como DNA as "pautas-bombas" de Eduardo Cunha. Esconder o idealizador e assumir suas ideias não significa romper com a herança do mentor descartado.

O "espiritismo" brasileiro de hoje é roustanguista até a medula, mesmo que bajule Allan Kardec zilhões de vezes. Mesmo que usurpe os avisos de Erasto e deturpem ao sabor dos "espíritas" brasileiros. Mesmo que ilustre palestras milionárias em hotéis cinco estrelas com figuras da anatomia humana e cenários de universo estrelar. Mesmo que seus periódicos façam um verdadeiro desfile de citações de personalidades científicas aqui e ali.

Chico Xavier, do contrário de Jorginho Guinle, causou muita confusão. E, enquanto o aristocrata apenas deixava sua vida fluir, o "médium" fazia seu arrivismo, usando a caridade de forma leviana só para legitimar suas fraudes pseudográficas e os valores retrógrados que pregava em livros e depoimentos.

CHICO XAVIER CAUSOU MUITA CONFUSÃO

Os adeptos de Chico Xavier têm que cair na real e admitir que ele foi um arrivista, um caipira plagiador e pastichador de livros que usou a religião como um trampolim pessoal. Ele nada teve dessa imagem de "caridade" e "bondade" que nunca passaram de um mito trabalhado, em primeiro momento, pelo seu mentor terreno Antônio Wantuil de Freitas, o presidente da FEB que nunca foi santificado da mesma forma, e, em segundo momento, pela maquiavélica Rede Globo de Televisão.

Ele causou confusões diversas, tentou atenuar fraudes literárias com "mensagens de amor", se autopromoveu às custas dos mortos e da ostentação dos sofrimentos familiares, e forjou uma falsa superioridade espiritual quando, nos bastidores, chegava a praticar a maledicência e o juízo de valor que sempre condenava dos outros, acusando levianamente vítimas de um incêndio em um circo de Niterói e falando mal de amigos de um jovem morto, Jair Presente, só porque eram céticos.

São verdades dolorosas que os chiquistas se recusam a ouvir, tapando olhos e ouvidos e, evidentemente, se calando quando não conseguem argumentar ou quando são rebatidos nos seus ataques. Pois os chiquistas também atacam e ferem os contestadores, bem mais do que as verdades cortantes que estes trazem derrubando o mito fabuloso e fantasioso do "bondoso médium".

Só a deturpação que Chico Xavier fez da Doutrina Espírita é um mal dos mais extremos, uma desonestidade doutrinária que, em muitos momentos, teve a responsabilidade direta do "médium", e, em outras, o fez consentir com as "orientações" de Wantuil.

Com tantas confusões criadas, é impossível que Xavier tivesse consciência tranquila, embora ele acreditasse que, sendo beato religioso, fazendo a "filantropia de fachada" que fascina mais pela embalagem religiosa do que pelo (ínfimo) número de beneficiados, ele acreditasse que seria perdoado pelo Alto e fosse, com todos os erros e confusões, aceito no "banquete eterno dos puros".

Grande ilusão. Ao regressar para o mundo espiritual, Chico Xavier tomou um choque violento por saber que o mundo espiritual não é uma igreja e a vida humana não é simplória para que a embalagem religiosa garantisse a pureza moral necessária para o ingresso ao Paraíso. Com certeza, Chico Xavier teria se decepcionado com o retorno à "pátria espiritual", quando não foi recebido de forma esperada pelos anjos do céu e ainda teve a noção de que teria que reencarnar muitas e muitas vezes.

Já dá para perceber como será o choque que Divaldo Franco terá quando regressar ao além, quando não haverá corais de anjos, nem solenidades, nem autoridades lhe saudando, nem concessão de medalhas e condecorações, nem sequer assinatura de atestados confirmando o ingresso definitivo ao Reino dos Puros.

Com isso, é possível que Jorginho Guinle tenha tido melhor sorte quando, retornando ao mundo espiritual, teria estado consciente de sua imperfeição espiritual e, não causando sérias confusões, teria tido uma consciência muito mais tranquila do que os "espíritas" que, tomados pela ilusão do status religioso, tinham pressa de estar entre Anjos e Santos.

Jorginho Guinle está muito mais preparado para uma evolução espiritual rápida, já que o aristocrata aproveitou melhor sua alegria de viver sem pretensões e, consciente de sua imperfeição, tem muito mais capacidade de superar seus defeitos, em vez de se entorpecer por uma pretensa perfeição moral movida pelas sensações terrenas.

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