quarta-feira, 21 de junho de 2017

PSDB, "espiritismo" e as blindagens que os beneficiaram


O PSDB, assim como o PMDB, soam partidos "espíritas" não assumidos. Como o "espiritismo" brasileiro, prega o maior número de sacrifícios para os mais pobres e uma maior misericórdia aos privilegiados. Defende um progresso social limitado, prega um moralismo austero, protege a supremacia da pirâmide social e ainda apresenta uma imagem de pretenso "vanguardismo" ideológico.

O PMDB é um partido amorfo e nada carismático, que não tem sucesso nas urnas. Mas é "espírita" no seu propósito de defender a lei do mais forte impondo sacrifícios demais aos fracos. As reformas trabalhista e previdenciária, assim como a terceirização generalizada, parecem terem surgido da mente de Emmanuel. Até a frase citada pelo presidente Michel Temer, "não reclame da crise, trabalhe", tem muito a ver com a frase do jesuíta: "não reclame, trabalhe e ore".

Mas, em termos de blindagem, o PSDB, que defende essas mesmas ideias do PMDB, é "espírita" quanto à blindagem. Há um paralelo entre o prestígio de Fernando Henrique Cardoso, por suas aparentes qualidades acadêmicas, com a de Divaldo Pereira Franco, e ambos têm também suas manias de pretensos profetas, tentando supor o futuro da humanidade, pelo menos no Brasil.

Já Aécio Neves lembra muito o jovem Francisco Cândido Xavier, não só pelo fato de ser mineiro. Da mesma forma que Chico Xavier, Aécio se meteu em muitas e muitas confusões, mas nada acontecia com ele. Chico também fez suas fraudes, combinando com um grupo de editores da FEB através de seu descobridor, Antônio Wantuil de Freitas, então presidente da federação, a realização de obras literárias fake que seriam atribuídas a suposta criação espiritual de personalidades mortas.

Mas o "espiritismo" brasileiro tem até exemplos de falsificadores de quadros que nem de longe podem ser desmascarados, apesar das pinturas "mediúnicas" apresentarem graves problemas de estilo em relação aos alegados pintores falecidos. E a aberrante facilidade de chamar tudo quanto é pintor para sessões de pintura "mediúnica", coisa completamente fora de lógica, também causa estranheza, mas tudo é aceito em nome do "pão dos pobres"...

A blindagem é absoluta, e os "espíritas" gozam de uma imunidade que o PSDB não tem. Chico Xavier também viveu seus dias de "seletividade da Justiça", e os juízes que cuidavam do processo do caso Humberto de Campos em 1944 tiveram a mesma omissão dos juízes atuais, seja da "República de Curitiba", seja do Judiciário de Brasília.

Da mesma forma que Michel Temer (peemedebista a serviço do projeto político do PSDB derrotado nas urnas em 2014), que escapou da cassação no julgamento de irregularidades de campanha presidencial de três anos atrás, Chico Xavier também foi beneficiado pela omissão dos juízes, que se recusaram a verificar o ponto mais explícito do processo: os textos do "espírito Humberto de Campos" REALMENTE destoam do estilo pessoal original do autor maranhense.

O "espiritismo" brasileiro é uma grande tragicomédia de erros. Optou originalmente pelo roustanguismo em detrimento das ideias originais de Allan Kardec. Depois, dissimulou tal postura prometendo "respeito às bases doutrinárias", mas manteve seu igrejismo roustanguista praticamente intato. Tudo isso às custas de práticas, procedimentos e ideias que foram feitas em total arrepio à Ciência Espírita.

De conceitos religiosos de um moralismo retrógrado - como defender a aceitação do sofrimento humano - a falsas mediunidades que mais parecem propaganda religiosa (dando a falsa noção de que os mortos viram sempre colaboradores de igreja), o "espiritismo" brasileiro caminhou para ser tão somente uma versão repaginada do velho Catolicismo jesuíta vigente no Brasil-colônia, e que mantivera seu caráter ideológico medieval.

O "espiritismo" brasileiro fala tanto em "caridade" e até se proclama a "religião da solidariedade". Mas os resultados de sua ajuda são muito medíocres, em qualidade e quantidade, enquanto os palestrantes "espíritas" ficam excursionando pelo país e até pelo mundo, espalhando a Deturpação, participando de eventos pomposos, usando bons aviões e bons hotéis não se sabe com que dinheiro, enquanto o Brasil nunca sai de sua situação de miséria, pobreza e violência.

Apelos ideológicos dos mais levianos e manipuladores, como o Assistencialismo - a "caridade" que traz poucos resultados para os mais necessitados, mas garante a promoção pessoal do "benfeitor" que comemora demais pelo quase nada que faz - e o Ad Passiones (todo tipo de discurso emotivo), assim como o vitimismo que os "espíritas" costumam reagir quando recebem duras críticas, também mostram o quanto a doutrina igrejeira é cheia de irregularidades graves.

Apesar disso, todos aceitam qualquer desculpa dada por qualquer "espírita" que a gente até imagina que faltou o PSDB se declarar oficialmente adepto do "espiritismo" brasileiro. Aécio Neves já chegou a dar altos elogios ao seu mestre Chico Xavier, mas faltou assumir de vez o vínculo "espírita", que lhe garantiria a blindagem mais completa. Em sua vida, Chico Xavier fundia as "qualidades" de Aécio Neves e Luciano Huck, como a capacidade de ser blindado e o Assistencialismo.

Afinal, se até falsificadores de quadros recebem a mais absoluta blindagem, a ponto de juízes e policiais só se dirigirem a eles para abraçar e até pedir conselhos, tucanos poderiam ter abraçado esse "espiritismo" igrejeiro que temos no Brasil para talvez vibrarem para o delator Joesley Batista, empresário da JBS, ter um pouco de misericórdia com os "irmãozinhos" de "plumagem azul".

O "espiritismo" brasileiro contraria seu nome oficial remetendo seu conteúdo a uma versão reciclada do Catolicismo jesuíta de herança medieval. Neste sentido, se afina com o PSDB, cuja sigla evoca o nome de "social-democrata" (termo que se refere a um capitalismo com reformismo social) mas seu conteúdo remete a um capitalismo que gradualmente caminha para os primórdios de 1750, através da defesa das reformas trabalhista e previdenciária.

Durante tempos, antes das delações de Joesley para a Operação Lava Jato, o PSDB tinha a mesma blindagem dos "espíritas". Isso gerava até uma piada, um trocadilho cacófato: "Solta o cano que não cai" (que, dito rápido, soa "Só tucano é que não cai"). No "espiritismo", podemos dizer "Só espirre, tá, que não cai" (soa "Só espírita que não cai").

A blindagem que os "espíritas" recebem não é meritória e só é motivada porque há muita complacência movida pelas paixões religiosas. Sabe-se claramente que o "espiritismo" brasileiro comete traições vergonhosas em relação ao legado de Allan Kardec, mas os traidores tentam a todo custo jurar fidelidade.

Enquanto isso, a sociedade brasileira, como na anedota do marido "corno manso" que acredita que sua voluptuosa esposa sai de casa para "ver os priminhos", acha que o "espiritismo" pode trair Kardec "em nome da fé cristã" e fraudes "mediúnicas" podem ser feitas "pelo pão dos pobres". Como eles acreditam que o amor "pode tudo", então pode-se "mentir por amor" e promover a "fraternidade" entre o Bom Senso e o Contrassenso. Na esperteza, os "espíritas" voam mais alto que os tucanos.

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