sexta-feira, 3 de julho de 2015

Eduardo Cunha é um perigo para o Brasil


O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, sabe-se que leva às últimas consequências o autoritarismo do PMDB carioca - já preocupantemente exercido pelo grupo de Eduardo Paes, Sérgio Cabral Filho e Luiz Fernando Pezão - , que costuma burlar leis e no entanto jurar que as cumpre com rigor, e reflete o provincianismo neo-coronelista que domina hoje o Estado do Rio de Janeiro.

Mas, como se isso não fosse suficiente, ele é um dos líderes do Poder Legislativo e sua atuação torna-se um perigo não só para cariocas e fluminenses, mas também para todo o país. As manobras autoritárias do deputado, como no caso recente da votação pela redução da maioridade penal, são bastante ilustrativas.

Sendo um dos membros mais ambiciosos da chamada "bancada evangélica" e apoiado também pelas bancadas "da bala" e os ruralistas, Eduardo Cunha é famoso pelas propostas que ele defende e que contrariam o interesse público.

Para o mercado de trabalho, Eduardo Cunha se tornou notável por defender a terceirização, feita sob pretexto de permitir as empresas de criarem mais empregos através da redução de encargos e obrigações jurídicas.

Na prática, a terceirização tira dos trabalhadores suas garantias de proteção profissional, regredindo, em muitos aspectos, o trabalho profissional aos parâmetros dos primórdios da Revolução Industrial, quando trabalhadores recebiam pouco e não tinham assistência à saúde.

PROTESTO EM FORTALEZA, NO DIA DA "MALHAÇÃO DE JUDAS", USOU UM BONECO REPRESENTANDO O DEPUTADO EDUARDO CUNHA.

Eduardo Cunha também é conhecido por sua aversão aos movimentos sociais, em especial aqueles que se voltam para a liberdade sexual e afetiva de tendência LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e trangêneros), postura própria de sua formação evangélica.

Sobre a reforma política, ele legisla em causa própria e surgem indícios de que ele pretende aumentar seus poderes defendendo manobras legislativas para permitir o parlamentarismo no Brasil, não na forma como foi feita no Segundo Império nem entre 1961 e 1963.

O "parlamentarismo" de Eduardo Cunha é apenas uma desculpa para que sua atuação política seja concentrada. A ele já existe a vantagem constitucional de que, estando fora do país a presidenta Dilma Rousseff e seu vice, o também advogado Michel Temer, também do PMDB, Eduardo Cunha passa a representar interinamente a Presidência da República.

Se ocorrer o parlamentarismo, da forma que Cunha deseja, isso lhe fará ampliar os poderes pois, como primeiro-ministro, irá levar adiante seus projetos ou os projetos alheios apoiados por ele, de retroceder o país a um obscurantismo ao mesmo tempo moralista e elitista.

Na proposta de redução da maioridade penal, da qual Eduardo se comporta como um de seus mais apaixonados militantes, o que se observa é a criminalização de crianças e adolescentes que absolve, imerecidamente, os adultos da culpa de influenciarem o público infanto-juvenil com a exploração midiática e mercadológica da violência, do ódio e do sexo obsessivo.

A própria grande mídia apoia Eduardo Cunha, embora parte da direita política e midiática já começa a ficar preocupada com o radicalismo ultraconservador do presidente da Câmara Federal. Todavia, veículos que já são extremamente reacionários, como a decadente revista Veja, continuam dando seu apoio incondicional ao deputado mandão.

Apesar de ser de um dos partidos aliados do PT, o PMDB que detém a vice-presidência e também é partido do presidente do Senado, Renan Calheiros (conhecido também como aliado de Fernando Collor quando este presidia a República), a atuação de Eduardo Cunha demonstra sua clara oposição política ao governo de Dilma Rousseff e à sociedade, independente desta apoiar ou não a presidenta.

A figura de Eduardo Cunha torna-se perigosa pelo caráter antidemocrático e antipopular do parlamentar que une obscurantismo religioso e elitismo político. Especialistas já consideram sua atuação comparável à da ditadura militar. E, com toda a certeza, será inútil o "silêncio da prece" para ele adotar posturas mais justas. Melhor teria sido ele nunca ter sido eleito.

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