sábado, 7 de fevereiro de 2015

O "movimento espírita" se julga acima da ciência e da lógica


O "espiritismo" brasileiro quer ser o exílio confortável do pitoresco, do surreal e do aberrante, desde que submetidos ao que entendem como "lei do amor" e do "princípio da justiça". Chegam mesmo a desqualificar o raciocínio investigativo, quando ele entra em choque com os interesses de seus líderes.

Se aproveitando do status de religião, o "movimento espírita" autoproclama sua pretensa superioridade sobre os homens, se achando no direito de fazer julgamentos injustos e previsões infundadas, para atender aos seus interesses expansionistas que, eventualmente, ganham apoio até das corporações da grande mídia.

Esse sistema de crenças já começa deturpando as lições do professor Allan Kardec e desvia de seu caminho original, abraçando elementos do Catolicismo medieval mas abrindo mão de sua energia abertamente punitiva. Agora os neo-católicos do "espiritismo" brasileiro preferem que os "espíritos do além" cumpram o papel de "justiceiros" promovendo a "limpeza social" do planeta.

Abordando, de forma pedante, superficial e tendenciosa, os assuntos da ciência, em suas diversas áreas, o "movimento espírita" se comporta como quisesse que o conhecimento científico se submeta às suas crenças, ou que transite livremente nos limites que não possam interferir nas crenças delirantes e nos dogmas surreais do Catolicismo medieval redivivo pelo Espiritolicismo.

Quando o raciocínio investigativo, a serviço da lógica e da coerência dos fatos, sem comprometimentos com ódios, vaidades ou favorecimentos pessoais, ameaça reputações de supostas lideranças espíritas, desmascarando suas atividades mediúnicas identificando irregularidades através de provas documentais, o "espiritismo" se volta contra a ciência.

"É a ciência dos homens e sua compreensão terrena dos fatos que desafia a missão de espíritos superiores de promover o amor, a paz e a fraternidade, se aproveitando de seus métodos para afrontar nosso trabalho de caridade e compaixão, usurpando seus conceitos para combater nossa ação em favor do próximo", é o discurso típico de seus líderes.

Em outras palavras, é como se no "movimento espírita" fosse permitido tudo que seja ilógico, surreal e fantasioso, a pretexto não só da "liberdade religiosa", mas também por sua pretensa reputação superior, como se nessa área tivéssemos que nos contentar em aceitar fenômenos que desafiam a compreensão lógica e investigativa.

Se, por exemplo, o médium X faz a psicofonia do espírito A e o médium Y depois faz o mesmo, mas as vozes e o jeito de falar são extremamente diferentes entre si, só temos que amar, acreditar e orar.Se a psicografia atribuída a um roqueiro falecido o descreve como um completo débil-mental, temos que acreditar nas semelhanças superficiais que em si trariam suposta veracidade.

A coisa ficou tão grave que a veracidade espiritual já não é mais definida pelas caraterísticas pessoais do espírito a que a mensagem é atribuída, mas tão somente às "palavras de amor" nelas contidas. Ficou uma coisa bem panaca e debiloide, acreditar que o espírito tal é "verdadeiro" só porque disse coisas como "vamos nos unir no amor e na fraternidade".

 Não se considera rigorosamente os aspectos pessoais. Se tem uma ou duas semelhanças entre o espírito atribuído a um falecido e o que este havia sido em vida, vira "autêntico", mesmo que haja, em detrimento dessas poucas semelhanças, outros aspectos que contrariam severamente essa autenticidade.

"Pense nas crianças pobres, nos velhinhos necessitados, antes de fazer julgamento de nossos trabalhos", arrogam-se a dizer os líderes "espíritas", quando a investigação lógica aponta, com provas documentais e argumentos lógicos, as irregularidades cometidas por cada instituição dessa crença ou pelas atividades de seus membros e ídolos.

Maus entendedores de ciência, pessoas de moral severa que pedem para os outros não acusá-los, mas acusam outrem sempre que acham necessário - o próprio Chico Xavier fazia também seus cruéis julgamentos contra vítimas de tragédias, acusando-as de terem sido, em outras vidas, "romanos sanguinários" - , os "espíritas" no entanto se acham acima da ciência, da lógica e do bom senso.

Para eles, nada pode lhes deter. Para seus seguidores, fica até "feio", "ofensivo" e "violento demais" acusar seus anti-médiuns e palestrantes mais badalados de cometerem fraudes ou corrupção, mesmo quando documentos e argumentos comprovem, através da lógica investigativa, que eles haviam cometido tais delitos.

Se, por exemplo, chamamos Chico Xavier e Divaldo Franco de charlatães por apontar irregularidades em suas atividades - como as fraudes de materialização apoiadas por Xavier e pelos plágios literários e falsetes pseudo-psicofônicos dados por Franco - , seus adeptos, de maneira chorosa, julgam injusto tal procedimento, atribuindo a ele uma "campanha difamatória contra o bem".

Chegam mesmo a choramingar dizendo que são perseguidos, são movidos pela inveja, são vítimas da injustiça dos homens, desqualificando o procedimento lógico que os "espíritas" atribuem tendenciosamente às "leis da terra" e sua "incompreensão dos mistérios da espiritualidade".

Nesse caso, bate ainda o coração católico-medieval, quando seus partidários se lançavam contra a ciência e julgavam o raciocínio lógico como uma "heresia" a fazer com que seus praticantes fossem condenados à forca ou à ostensiva queima em praça pública, diante de multidões.

Se o "espiritismo" não vai colocar pessoas no fogo porque elas se lançaram contra seus totens, mesmo assim a aversão à ciência, que os espiritólicos não entendem e do qual são incompetentes para abordar de forma transparente e profunda, vem à tona, quando a ciência deixa de ser "obediente" para as crenças do "movimento espírita".

Daí ser preciso um pouco mais de firmeza, aliada ao sangue frio, para que a lógica dos fatos, que promove a harmonia e a coerência de nossas compreensões de todos os fenômenos na Terra, possa também valer para a realidade espírita e para movimentos que deturpam a missão científica de Allan Kardec, ele que havia feito sua parte em busca da compreensão lógica de seres, coisas e ideias.

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