quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Divaldo Franco apoiou visão machista e materialista de Deus


Em mais um de seus atos falhos, o anti-médium baiano Divaldo Franco, que no último dia 29 de janeiro se encontrou com o Papa Francisco, no Vaticano, para um cumprimento rápido do pontífice com diversas personalidades, reafirmou suas convicções explicitamente católicas.

Divaldo escreveu, em seu comunicado, que concordava com uma declaração do Papa Francisco, que num discurso rápido diante dos convidados, lamentou o fato de que os jovens estão gradualmente abandonando a religião católica. Prestemos atenção neste trecho:

"Ele (o Papa Francisco) falou belamente sobre a família, o papel do Pai, recordando-se que Deus é o nosso Pai e que os genitores masculinos deixam os filhos órfãos de sua assistência e, por isso, os jovens perdem o rumo. Plenamente correto".

O "medium" que sonhava ser um Orlando Drummond (famoso dublador e comediante brasileiro), mas teve que se contentar com suas pseudofonias risíveis de personalidades do século XIX que não deixaram registros sonoros, achou "plenamente correto" o comentário do pontífice.

Da forma como Divaldo escreveu, há um sentido ambíguo. "Os genitores masculinos deixam os filhos órfãos de sua assistência" poderia atribuir "sua assistência" a Deus, esquecendo-se da forma católica de usar os pronomes possessivos com a letra maiúscula, num contexto em que é comum textos cultos separarem sujeito do predicado com uma vírgula.

Mas, em contrapartida, "sua assistência" pode também se referir aos "genitores masculinos", referindo-se aos pais que se separam de suas mulheres para a criação de seus filhos. Um comentário totalmente generalista, e também expressando um machismo ainda presente nos ideais católicos.

Sabe-se que o desnorteamento dos jovens não se refere necessariamente ao fato de casais serem separados ou não. Outros contextos envolvem tais desvios. O roqueiro Cazuza, que na conta do julgamento católico, foi um jovem que "perdeu o rumo", usando drogas, fumando, bebendo e cometendo promiscuidade sexual, tinha pai e mãe ainda casados, em toda a vida do cantor.

Além disso, os desequilíbrios conjugais e não-conjugais mostram que a situação é bem mais complexa do que se imagina. O entretenimento brega e a pregação intelectual associada desejava que os casais afins não existissem nas comunidades pobres e pregavam a solteirice forçada e prejudicial de muitas mães, que se sacrificam cuidando de muitos filhos sem a presença do companheiro.

Por outro lado, há casais sem afinidade, nas classes abastadas, que se arrastam em casamentos que duram muito mais pelo medo de que o divórcio seja oneroso e conflituoso, havendo todo esforço de disfarçar o desgaste por toda sorte de conveniências, enquanto maridos falam mal das esposas pelas costas e estas fazem o mesmo em relação aos maridos.

Num contexto em que 80% dos casamentos sólidos não possuem afinidade conjugal, a declaração machista do Papa Francisco, além de descrever a forma materialista de Deus, como um ente antropomorfizado e transformado num "Grande Pai" (ou no "Maior Vovô do Mundo"? Vocês decidem), revela as distorções que existem quando se fala do tema Família.

Família é uma espécie de "primeira-escola" do indivíduo humano, não sendo a "Igreja portátil" que o Catolicismo e mesmo o "movimento espírita" brasileiro querem atribuir. A "Igreja portátil", o status "pétreo" das relações parentais, isso nada tem a ver com a verdadeira natureza humana, que não vê nas estruturas familiares simbólicos "cativeiros" sociais.

Além do mais, juntando as ideias do Deus antropomórfico e do patriarcalismo - que é o que o Papa Francisco lamentou faltar nas gerações atuais - , nota-se que isso cria diversos problemas sociais, que vão desde a ideia de um ente invisível a dar ordens para a humanidade até mesmo à reprovação de famílias homossexuais que, em muitos casos, se relacionam com admirável amor e respeito humano.

E se Divaldo Franco concordou com tudo isso, sua posição mostra o quanto o anti-médium baiano sempre esteve divorciado da Doutrina Espírita, e que nunca teve identificação natural com as ideias de Allan Kardec, que se limitava a ser bajulado pelo baiano, de maneira leviana e oportunista.

Por outro lado, Divaldo Franco mostrou seu entusiasmo pelo Catolicismo, com todos os seus conceitos e preconceitos mais conservadores.

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