sábado, 18 de junho de 2016
O "amor" no discurso alucinógeno religioso
Sabe-se do poder alucinógeno ou simplesmente ilusório das drogas, que forjam falsas alegrias e cujos efeitos variam conforme os entorpecentes usados. A maconha, por exemplo, traz uma ilusão de felicidade plena, a cocaína, a de autoconfiança, a do ácido lisérgico, a produção sensorial de imagens surreais na mente das pessoas.
E a religião? Ela não é capaz de criar ilusões? Nota-se, no fanatismo religioso, que, assim como o drogado "feliz" se torna agressivo e violento quando contrariado, observa-se na religião essa mesma reação, vinda de gente que se considera "salva", "equilibrada" e "emocionalmente segura".
Há um grande perigo no "espiritismo" relacionado a essa mística de "palavras de amor", "estórias lindas", "exemplos de paz e bondade", "energias de luz" e outras coisas semelhantes. Essa vibração infantilizada reflete uma obsessão séria, como um processo alucinógeno e orgiástico que apenas substituem símbolos de futilidade explícita por paradigmas ligados à caridade e humildade.
O processo, todavia, se torna traiçoeiro, e esse vício que entorpece os "espíritas" no Brasil, de maneira descontrolada e irreversível - num país em que a Justiça está de "rabo preso" - , era advertido por Allan Kardec em seu tempo.
Ele advertiu para os riscos dos tipos de obsessão bastante perigosos, a "fascinação" e a "subjugação". Esses dois se observa no "espiritismo" brasileiro, um engenhoso processo de deturpação que permite lançar mentiras e mistificações e sair totalmente impune, como se cometesse um crime perfeito.
A "fascinação" toma conta das pessoas, seduzidas pela imagem de "bondade" e pela simbologia de céus azuis, jardins floridos, nuvens brancas e sol radiante que cercam as imagens de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, os piores deturpadores da história do Espiritismo.
A "fascinação" consiste nesse aspecto vulnerável da emotividade frágil, que cai na armadilha dos deturpadores que mostram sempre "coisas lindas" e "boas ideias" para dominar as pessoas e lançar sobre elas conceitos e visões desprovidos de coerência e lógica.
Já a "subjugação", que é o aspecto ainda mais cruel, quando a vítima é totalmente dominada pelo deturpador da Doutrina Espírita, se observa na acomodação das instituições, que nunca se mexem para questionar as figuras mitológicas de Chico Xavier e Divaldo Franco, que vivem a impunidade dos sonhos de Eduardo Cunha.
São lançados plágios literários, ideias surreais, conceitos sem pé nem cabeça e, portanto, desprovidos de lógica, mas todo um malabarismo discursivo é feito para que estas deturpações, que envergonhariam Jesus de Nazaré e Allan Kardec, sejam aceitas sem críticas.
Ninguém raciocina, ninguém discerne as coisas, ninguém analisa. Acham que Chico Xavier, mesmo contrariando o pensamento kardeciano, é "fiel discípulo" do professor lionês. Divaldo, nem se fala, o ar professoral engana muita gente direitinho.
E aí eles usam todo aquele truque de mostrar céu azul, jardim florido, peixinhos nadando no fundo do mar, crianças sorrindo, tudo isso para prender a atenção das pessoas e dominá-las. Ninguém percebe o quanto isso é traiçoeiro e há ainda uns esnobes que dizem, com ironia psicopata: "Ah, quem me dera cair nessas armadilhas de amor e de paz".
Isso é terrível. Trata-se de uma exploração piegas das ideias associadas a bons sentimentos e boas ações. Algo tendencioso, malicioso, pernicioso. Ninguém desconfia, e essa falta de desconfiança faz com que o Brasil seja o país em que os privilegiados de toda ordem - política, econômica, midiática, tecnocrática e religiosa, entre outras - façam o que querem contra a população.
Chamamos esse apelo ideológico de "amor-daçar". Um "amor" que intimida, e logo não é amor. Um "amor" que garante mais a supremacia de uma minoria de religiosos sobre seus subordinados, usando todo um repertório "lindo" para envolver emocionalmente as pessoas e deixá-las vulneráveis, embora com a falsa impressão de que estão seguras e fortes.
Daí que, independente de qualquer ideologia, temos que admitir a frase de Karl Marx: "a religião é o ópio do povo". O entorpecente religioso, com seus símbolos de pieguice e emotividade exagerada, faz com que as pessoas percam a noção de discernimento e questionamento. E isso não é diferente em relação ao "espiritismo" que, apesar de seu verniz "racional", segue direitinho os velhos preceitos medievais da Igreja Católica.
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