O JESUS CRISTO "ESPÍRITA", A SUPREMA AUTORIDADE UNIVERSAL QUE NÃO SABIA ONDE FICAVA O BRASIL.
A suposta profecia da Data-Limite, que é o tema do documentário de Fábio Medeiros e, agora, de seu livro derivado, ambos intitulados Data-Limite Segundo Chico Xavier, é uma grande aberração, um festival de asneiras. Dito isso, os "espíritas" se derramam em lágrimas desesperadas, em muito pânico, achando que se tratam de acusações rancorosas, manifestos de intolerância religiosa e perseguições contra "obreiros do amor".
Nada disso. A constatação de que a suposta profecia que Chico Xavier teve num sonho em 1969 depois que astronautas dos EUA viajaram para a Lua, é um festival de asneiras se vale não só pela observação apurada mas pela comparação que tais visões e abordagens trazem com as ideias que Allan Kardec deixou em sua bibliografia.
Em primeiro lugar, observa-se que Chico Xavier descreve a Geraldo Lemos Neto uma "reunião" que "confirmaria" o que o espírito do jesuíta Emmanuel havia dito: a "terceira reunião" que se sucederia a duas, a que preparava o surgimento da Terra, a que preparava a encarnação de Jesus, e uma que viria depois num "momento oportuno". Foi no livro A Caminho da Luz, de 1939.
E qual o sentido de asneira nessa "reunião"? Simples. Ela apela para a descrição materialista de uma reunião política, só que envolvendo, em vez de autoridades nacionais, supostos governantes de vários planetas. temerosos com supostos conflitos bélicos que ameaçam ocorrer na Terra, um pequeno ponto no universo.
Isso é comparável a uma hipotética reunião das autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito de uma briga de gangues de um pequeno bairro do interior de São Paulo, já que, a níveis de universo, uma guerra nuclear na Terra não corresponde à dimensão universal, mas uma ocorrência regional que só vale para sua região.
Além disso, a "reunião política" seria reprovada por Allan Kardec. Até porque ele nos advertiu que, até agora, não se tem uma ideia sequer aproximada do que é o mundo espiritual. Se essa ideia nos é estranha, como atribuir como verídica uma reunião política descrita em detalhes tão patéticos, e vindas apenas de um sonho de alguém que dorme?
A "reunião" ainda é motivada por um medinho. Um medo de que uma expedição à Lua fosse necessariamente criar uma guerra nuclear. Não necessariamente. Ela alimenta a disputa espacial entre os EUA e a URSS, que pode até incluir essa ameaça, mas, pelo menos da parte da NASA, a agência espacial estadunidense, não haveria necessidade para tanto.
Além disso, a expedição à Lua pode incluir também intenções de pesquisas e estudos diversos. Mas aí é outra história. O que se observa é que, no relato "espírita", fala-se da "ameaça nuclear" como num desses catastrofismos que pessoas reacionárias tanto falam às pessoas e são comparáveis à nossa infância, quando nossos pais falavam no "bicho-papão" e no "homem do saco".
Outra asneira chega em seguida. O Jesus abobalhado de Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, tido como uma das autoridades supremas do universo, mas que não sabia onde ficava o Brasil, discutia com vários líderes de outros planetas a ameaça nuclear e houve consenso de que deveria ser feita uma moratória de 50 anos para a Terra não sucumbir à autodestruição.
Explicando com mais clareza: em 1969, decidiu-se que a humanidade da Terra, pelo menos as autoridades e as pessoas consideradas mais influentes, tenham que se comportar direitinho e desistir de jogar bombas ou armas de todo tipo. Se todo mundo passar a dar as mãos, sorrir, balançar a cabecinha e cantar "Let the Sunshine In" e músicas religiosas, o mundo estará salvo.
Caso contrário, se as autoridades insistirem em promover o terrorismo, a guerra e outras batalhas, Deus irá castigar e fará o "velho mundo" explodir em catástrofes e deixar o Hemisfério Norte ficar inabitável.
Haverá um êxodo de "grandes personalidades" - astros de reality shows, cantores e atores canastrões, lutadores de MMA, moças assistentes de palco de torneios UFC, esportistas fanfarrões, intelectuais lunáticos, especuladores financeiros, mafiosos - para o Hemisfério Sul, com a missão de dar ou receber "lições de amor e fraternidade" da nação brasileira, promovida a "líder do planeta".
Aí temos mais asneiras. Atribuir a um determinado país, e quando mais uma nação problemática e confusa como o Brasil, uma tarefa de "comandar o planeta", além de ser um desvario materialista, é um contrassenso por não corresponder a lógica de que transformações da humanidade não têm a ver com esta ou aquela nação.
Só um exemplo. Houve a Revolução Francesa, em 1789, que deu por superada a supremacia das políticas medievais - defendidas também pela Igreja Católica - que, pelo nome, ocorreu na França. Houve a Revolução Industrial, na Grã-Bretanha, em 1750. Combinados os dois fatos, poderia se supor que uma nação-líder se daria com a fusão do Reino Unido com a França, correto?
Errado. Os dois países continuam separados até hoje (aliás a Grã-Bretanha é um grupo de alguns países autônomos, entre os quais a Inglaterra). E, com os rumos que, aos poucos, fizeram a França deixar de ser o centro cultural do mundo e a Inglaterra, o centro político e econômico, a combinação dos dois fatores fizeram outro país, os Estados Unidos da América, se tornarem o centro do mundo.
A geopolítica é uma atividade terrena, e não há qualquer indício que ela se estenda ao plano espiritual. Dele não temos ideias plausíveis, porque há muito mistério a ser desvendado. Para piorar, os desvarios igrejistas e pseudocientíficos de Chico Xavier fizeram complicar as coisas, porque recusou-se a todo tipo de estudo e preferiu-se supor um mundo espiritual que fosse de acordo com os umbigos dos "espíritas".
Ou seja, o aspecto de asneira não corresponde a qualquer sentimento de ódio, rancor, raiva, perseguição nem intolerância. É questão de observação calma, tranquila e isenta. É porque tudo que Chico Xavier fez, em tese, "em prol da Doutrina Espírita", foram aberrações doutrinárias que simplesmente deixariam Allan Kardec envergonhado.
É só observar o que Allan Kardec escreveu claramente em seus livros. Se os textos do pedagogo francês fossem lidos com atenção e sem a paixão cega dos deslumbrados da fé religiosa, vamos ver que Kardec simplesmente reprovaria Chico Xavier em praticamente tudo. Por uma simples questão de raciocínio lógico.
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