O LÍDER ABOLICIONISTA JOSÉ DO PATROCÍNIO TEVE SEU NOME USADO EM SUPOSTA PSICOFONIA PROMOVIDA PELA FEB.
Uma mensagem divulgada pela roustanguista Federação "Espírita" Brasileira (FEB), psicofonia atribuída supostamente ao espírito do jornalista e ativista do Abolicionismo, José do Patrocínio (1853-1905) foi lançada pelo "médium" João Pinto Rabelo durante a reunião do Grupo de Assistência aos Povos da África, na sede da FEB, em Brasília, no último dia 10 de maio.
A mensagem apresenta um tom por demais católico para que se observe alguma veracidade na atribuição de autoria. Afinal, pelo tom que se tem da mensagem, ela está muito mais próxima do discurso de um cardeal do que de um intelectual abolicionista, e mais uma vez se evoca o misterioso espírito Ismael, o sinistro figurão tido como "mentor espiritual do Brasil".
O texto, a ser reproduzido abaixo na íntegra, para que nossos leitores possam analisá-lo com questionamento mais aprofundado, afinal, por mais que naqueles tempos do Segundo Império os textos eram dotados de linguagem culta, isso não significa que qualquer um possa escrever uma mensagem em tons triunfalistas mesclados com uma retórica religiosa e piegas.
A mensagem enfatiza a necessidade de conformismo e a restrição da manifestação social às orações para que, segundo a FEB, a Copa do Mundo sirva como "instrumento de Paz no Brasil e no intercâmbio entre os Povos".
A FEB ignora que muitos dos problemas e conflitos que existem são por conta das injustiças sociais, da corrupção, das desigualdades de toda espécie, da mediocrização sócio-cultural, da demagogia e outros problemas. Como vamos ficar "orando pela paz" diante de tantos problemas a combater?
A mensagem tornou-se disponível ao público a partir do dia 22 de maio e é anunciada como "Mensagem da FEB para a Copa do Mundo de 2014", na tentativa de fazer vincular o evento esportivo às supostas promessas de Ismael descritas no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.
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PRUDÊNCIA
Aquietemo-nos! Relembram os Instrutores Espirituais.A transição recomenda prudência.A Pátria do Cruzeiro, com a responsabilidade de representar a fraternidade na Terra, está diante dos olhos do Mundo que aproveitando a ocasião dos jogos redescobre o Brasil.
Colocamo-nos, nesse momento, à disposição dos benfeitores, para pedir as bênçãos para nossa gente, para nossa terra, para nosso torrão Natal. E percebemos o cuidado dos Espíritos Nobres que representam os Pais da Pátria, para zelar pelo equilíbrio, pela prudência e pela ordem.
Os benfeitores nos recomendam prudência. Aquietarmos antes de acelerarmos; paciência, antes que a preocupação maior; oração, antes que o receio.
Os nossos Amigos Maiores pedem que nos habituemos nesses dias: amanhecer orando pela Pátria; durante o dia, mentalizar a paz na Pátria; ao adormecer, orar pelo equilibro da Pátria, porque o mundo espiritual nobre, certamente, cuidando de nós, cria as condições de defesa para que os acontecimentos ocorram com equilíbrio, para que a ordem não se deixe vencer pela desordem, para que a prudência nos conduza com equilíbrio à condução do processo das mudanças necessárias.
Os irmãos infelizes, acostumados à balburdia, à desordem no mundo espiritual inferior, querem aproveitar, também, no seu trabalho organizado, chamar atenção do mundo, para desmoralizar o grande Programa de Jesus para o Brasil.
Por isso, em nome deles, nós queremos pedir aos nossos companheiros o hábito da oração em favor da paz.
Teremos, certamente, preocupações graves que devem esperar de nós e receber das nossas orações o testemunho do equilíbrio, para que as forças do mal não encontrem espaço também em nós.
Os espíritas conhecedores desses acontecimentos, da ação dessas criaturas infelizes, nossos irmãos, devemos estar conscientes de que representamos elos da grande corrente da Bondade que protege o grande programa que o Cristo de Deus colocou nas mãos do povo Brasileiro.
Estejamos, pois, meus irmãos, atentos, não sejamos aqueles que multiplicam as más informações e notícias, mas asserenados, aquietados, nos liguemos aos benfeitores, nesse momento importante, para que possamos transmitir para o Mundo inteiro a nossa gente tão boa, a expectativa de um ambiente de paz e de um povo ordeiro e generoso, mas sobretudo Cristão.
Orando juntos, estaremos ligando as forças vivas da bondade, que emana do coração do nosso mestre, o Cristo de Deus, estaremos oferecendo aos nossos dirigentes encarnados, aqueles homens e mulheres que têm a incumbência de zelar pelo equilíbrio e pela orientação política, econômica, social do Brasil, para que os acontecimentos, que possam ocorrer, não perturbem a generalidade da Nação, e para que o programa do Cristo se faça maior do que os transtornos, e para que, de um modo geral, todos nós contribuamos para a paz.
Mantenhamo-nos aquietados, confiantes, vigilantes e orando, entregando-nos às mãos santíssimas de Jesus de Nazaré.
O Anjo Ismael, aqui, na Federação Espírita Brasileira, organizou programa de trabalho intenso, com os espíritos que representam os dirigentes espirituais do Brasil, para estabelecer nos pontos estratégicos, em Brasília, nas demais cidades importantes do País, as defesas geradas, necessárias para a vigilância e para que a ordem não se perturbe.
Não tenhamos receios, confiemos atentos.
Os momentos políticos que vive o planeta não têm como não refletir no Brasil, e representando o foco do Mundo nesses dias é importante que estejamos aqui na nossa Casa, oferecendo o melhor ambiente vibratório de beleza espiritual, para que o Anjo Ismael possa cumprir, com o apoio dos Espíritos Nobres, o programa de Jesus.
Os momentos recomendam prudência, como dizíamos, e cuidado.
Oremos meus irmãos e mantenhamo-nos em paz.
Que Jesus abençoe a Pátria que amamos, que o Cristo de Deus ilumine as consciências das nossas autoridades, que os ambientes dos jogos sejam protegidos pelas forças da luz, e que a nossa certeza na condução dessas energias nobres faça de nós também instrumento da paz.
Que o Cristo de Deus nos abençoe, abençoe a Federação Espírita Brasileira, abençoe o nosso País, e nos inclua no grande programa dos trabalhadores do Bem.
Abraço-vos, fraternalmente,
José do Patrocínio (sic).
sábado, 31 de maio de 2014
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Vale a pena a "caridaude" e "pilantropia" para ajudar o próximo?
O "espiritismo" brasileiro usa como pretexto a caridade e a fraternidade para permitir tudo, de livros com erros históricos grotescos - como Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho e Há Dois Mil Anos - até falsificações sob a pintura mediúnica.
As pessoas se deixam iludidas por tantos erros e fraudes, e os líderes "espíritas", sabendo disso, recorrem a um discurso malandro de que "devemos perdoar, amar e orar", como se isso resolvesse os problemas dos erros sérios cometidos por eles.
Todos somos humanos e cometemos erros. Mas os erros que aqui se falam não são os erros cometidos por acidente, mas de propósito, para reforçar o sensacionalismo na crença espiritólica e seduzir as pessoas com essa mistura indigesta de misticismo, pieguice e esperteza.
Será que vale a pena aceitar estes erros propositais, que se valem da boa-fé das pessoas, a pretexto de ajudar as pessoas, assistir aos carentes, atender a crianças e idosos, além de outros que estejam em estado de muito sofrimento?
Não, não vale. A caridade e a fraternidade andam de mãos dadas com a ética. A honestidade é como se fosse o "oxigênio" da caridade e da fraternidade. Ajudar alguém também envolve relações de confiança, e se não existe honestidade, evidentemente essa confiança fica comprometida.
É impossível apelar para "mistérios da fé" ou outros argumentos. Se a pintura atribuída, por exemplo, ao espírito de Cândido Portinari, é falsa, com provas de conflitos entre o estilo do pintor quando em vida e o de seu suposto espírito, não há pretexto de "ajuda aos carentes" que possa justificar tamanha fraude.
Pelo contrário, a caridade e a fraternidade, ao serem usadas como pretextos para tais fraudes, ou para a descrição de erros históricos que põem em xeque (digamos até xeque-mate) a tese de que, por exemplo, Emmanuel viveu nos tempos de Jesus, refletem não apenas um erro, mas um delito sério contra esses mesmos pretextos.
Isso sem falar de tantas outras supostas caridades, como a educação espiritólica, da qual se falará em breve, que estabelece o preço da pregação ideológica por debaixo do aparato do ensino, fazendo com que pessoas aprendam a ler e escrever, mas sejam corrompidas pelos valores da "escola".
Há casos em que a caridade serve de pretexto até para "lavagem" de dinheiro, já que muitos corruptos se utilizam de ações filantrópicas para despejar nelas o excedente financeiro a ser confiscado pelo Imposto de Renda. Isso sem falar de outros aspectos. Em Salvador, a Rádio Metrópole FM contratou José Medrado para promover um aparato de espaço filantrópico na corrupta emissora.
Ajudar as pessoas não pode estar fora da honestidade. A fraude, o erro, a ignorância disfarçada da mais pedante pseudo-sabedoria, tudo isso mancha e trai qualquer ato filantrópico. A "caridaude" e a "pilantropia" são igualmente cruéis quanto qualquer descaso com o próximo, embora aparentemente consigam matar a fome de muitos, dar-lhes agasalhos para o frio e consolo para a tristeza.
Mas isso não se torna atenuante, porque a fraude, a desonestidade, quando se apoia nesses pretextos, torna-se uma dupla enganação, o que agrava ainda mais o erro. Daí que mesmo que consiga de fato ajudar as pessoas, o praticante não está livre de duras consequências desses atos, que se mantém mesquinhos por usarem a bondade como pretexto para praticar a mentira e a demagogia.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Mediunidade irregular no Brasil impede real comunicação de espíritos do além
Um alerta bastante perigoso deve ser feito àqueles que seguem doutrinas que parecem ligadas à espiritualidade no Brasil. A maioria esmagadora dos processos mediúnicos pode ser uma fraude e feitos sem qualquer tipo de regulação.
A comunicação dos espíritos do além torna-se bastante comprometida diante de diversos aspectos dos procedimentos mediúnicos realizados no país, completamente divorciados das recomendações que Allan Kardec prudentemente escreveu a respeito da mediunidade.
Da forma como são feitos, os processos mediúnicos denunciam toda uma série de irregularidades nas mensagens espirituais, que destoam completamente das personalidades dos respectivos falecidos a quem tais mensagens são atribuídas.
Armadilhas diversas, dessas que seduzem os entes queridos e produzem neles uma catarse emocional, são feitas, muitas vezes porque o médium apenas está em transe e finge receber uma alma do além, ou então porque um espírito de algum espertalhão é capaz de se passar pelo falecido conhecendo algumas informações superficiais, porém básicas.
As pessoas do lado de cá se deixam se comover com mensagens que apenas carregam palavras relativas à religiosidade, ao amor, à caridade e fraternidade, e a todo um clima emocional que é produzido nos rituais que antecedem a recepção de algumas dessas mensagens.
Tenta-se "compensar" as falhas de personalidade e, no caso de produções artísticas, de estilo, com falsos contextos de "amor" e "boas energias", o que se tornam um elemento fácil para fazer as pessoas se iludirem com as mensagens supostamente mediúnicas que lhes são enviadas.
ESPÍRITOS DO ALÉM QUEREM SE COMUNICAR, MAS NÃO PODEM
O que é muito mais grave é que os verdadeiros espíritos do além querem se comunicar. Mas não podem. Além disso, é duvidoso que espíritos do além sempre estejam de plantão para dar sua mensagem, como meros garotos de recados de um panfletarismo religioso.
Há espíritos que ficam tempos na erraticidade, há os que não ficam. Dificilmente se sabe ao certo, só muito raramente. E, da forma como são divulgadas as mensagens espirituais, os falecidos são apenas um detalhe, eles se resumem a meros garotos de recados de um panfletarismo religioso e no fundo só servem para alimentar a vaidade dos "médiuns" anti-médiuns.
Daí que os verdadeiros espíritos de gente falecida não pode se comunicar. Não sabem como. Eles querem falar, mandar mensagens e quem sabe até mostrar alguma nova arte, mas são impedidos porque não existem meios confiáveis para eles se expressarem.
Eles são deixados para trás por espíritos ou, em outros casos, pelos próprios médiuns, que se passam pelos falecidos e mandam um engodo de palavras "amorosas" e de cunho "religioso" bastante pegajosas.
O maior perigo é ver os entes queridos deixados pelo falecido se enganarem com o teor supostamente afetivo das mensagens. É como na vida aqui na Terra, quando um farsante se passa por alguém e manda cartinha para os parentes. Nem que fosse para dizer "está tudo bem comigo", o que pode até ser pior.
Imagine se um parente seu, caro leitor, é sequestrado e o sequestrador, imitando a caligrafia de sua vítima, escreve uma carta carregada de palavras de amor, caridade e fraternidade. Na carta, está escrito que está tudo bem com o suposto remetente e o teor supostamente amoroso da mensagem deixa você, leitor, tranquilo, comovido e feliz.
Mas a mensagem tem contradições sérias e, digamos, a imitação de caligrafia falha em alguns detalhes, como o "s" que o falsificador se esqueceu em imitar, ou a forma de escrever "rn". Só que você, leitor, se seguir a reação dos espiritólicos, pensará que tais detalhes não têm importância, porque o que importa são as palavras amorosas nela contidas.
E se a vítima do sequestro estiver em apuros? E se ela tiver sido morta? E se fugiu sem avisar? Será que a carta de palavras melífluas valerá a pena, se você não sabe o desfecho do sequestrado? Será que palavras de amor estão acima da ética, da honestidade, da veracidade e das identidades pessoais?
Nas mensagens espirituais, é a mesma coisa. Isso é muito sério. A falta de critérios permite que se falsifique muito, e o padrão de mensagens carregadas de "palavras de amor" e "religiosidade" permitem todo tipo de fraude, criando um ciclo vicioso em que espíritos farsantes ou pseudo-médiuns obtenham vantagens nessas atividades.
Cabe portanto desconfiarmos do processo mediúnico tal como é feito ou finge ser feito no Brasil. Se ele não é feito de forma regular, que garanta a identificação EXATA da personalidade do falecido, incluindo o estilo de suas produções artísticas, então não existe veracidade. Não serão as dóceis expressões de "caridade", "fraternidade", "luz", "amor" e "boas preces" que garantem essa veracidade.
Pelo contrário. Como diz o ditado popular, quando a esmola é demais, o santo desconfia. Quando há "amor" demais nas mensagens supostamente espirituais, é bom desconfiar. Essa é a advertência que vem desde os primeiros livros de Kardec, mas que remete também aos avisos de Jesus sobre os falsos profetas, que em muitos casos corresponde aos falsos médiuns.
terça-feira, 27 de maio de 2014
Mensagens atribuídas a Leila Lopes e Rafael Mascarenhas soam parecidas
Já foi divulgado neste blogue que foram publicadas supostas mensagens espirituais da atriz Leila Lopes e do músico Rafael Mascarenhas (filho do também músico Raul Mascarenhas e da atriz Cissa Guimarães).
Leila havia se suicidado em 03 de dezembro de 2009, aos 50 anos, por causa da depressão diante de sérios problemas pessoais. Já Rafael foi morto em 20 de julho de 2010 quando, aos 25 anos, andava de skate com os amigos e foi atropelado por um automóvel em alta velocidade.
As mensagens foram divulgadas pelo espiritualista Jardel Gonçalves e divulgadas no portal O Fuxico. Embora aparentemente bem intencionadas, as mensagens mostram um tom bastante parecido, um padrão de mensagens com apelo religioso bastante atípico, sobretudo para Rafael, pelo estranho tratamento excessivamente formal dado para sua mãe Cissa.
Não é pela alta emotividade das mensagens e das palavras de amor e carinho que se confere alguma autenticidade. Imagine se Cássia Eller e Zilda Arns mandam mensagens espirituais com o mesmo tom, apenas "citando" experiências diferentes. Há dúvidas se Leila realmente se dirigiria assim, mas para ela parece verossímil.
O que não é o caso de Rafael, que parece formal e religioso demais para sua pessoa, um filho de uma mulher com um estilo de vida moderno na juventude, dentro do espírito da Contracultura que marcou a geração de Cissa. E o próprio Rafael era moderno à sua maneira, fã de rock, skate e falando um discurso informal e relativamente rebelde, como na sua geração.
Além disso, a semelhança de sentido nas duas mensagens de Leila e de Rafael alertam para que os entes que eles deixaram tenham muito cuidado. É, na verdade, muito perigoso que se divulguem mensagens assim, porque quando elas se carregam em palavras dóceis, não necessariamente próprias da personalidade de cada falecido, é bom manter um pé atrás.
Seguem as mensagens atribuídas, respectivamente, a Leila e a Rafael:
"Querida família que a benção de Deus os envolva. Este é um grande momento para as recordações. Despedir de vocês não foi fácil, três dias antes tive um sonho, vagos presentimentos, já era tempo de partir. A minha passagem veio num sono silencioso, depois fui para o hospital espiritual, tornei-me auxiliar na colônia divina servindo ao próximo. Hoje estou no campo de atividades curativas que podemos receber.
Ao meu irmão Kleber e companheiro, através dos mentores, venho em sonho para te dar luz, amenizar a dor e pedir que cuide bem da saúde, não se desgaste tanto não sofra, Deus vela e te guarda nas tardes e noites de cada amanhecer. Sempre estivemos juntos nas horas boas e difíceis com coragem. Ore e viva com Jesus na intimidade do seu coração e nas suas atitudes. Deixei uma lembrança através daquela canção e assim entendeste que era preciso abrandar a dor e deixar a vida seguir. Seja forte em sua caminhada. No coração que lhe pertence, com um afetuoso abraço em seus passos, a alegria de viver sempre será o companheiro reconhecido.
Ao meu amor (marido Gian Batista) tudo o que fizeste por mim está guardado entre canções, risos e preces. Seja sorridente, o sorriso é a luz que ilumina minha alma e caminhando dentro da luz cuidará da nossa família. O segredo da minha vida só você sabe tenha te deixado cedo, lembro os dias que se foram. Caminho, aceito e compreendo a minha própria renovação com alegria. Encontro a família unida e agradeço pelos pensamentos em prece. Isso deu ao meu espírito um entendimento maior.
Sinto a paz interior que os envolve quando se recorda do nosso convívio. Sou feliz por ter realizado diversos sonhos durante minha passagem na Terra; de ter ajudado muitas pessoas. Aqui na vida espiritual, os assuntos da confiança no poder divino são mais vivos e mediatos ao coração. Agradeço por todas as preces que seu carinho me envia, são como flores que você me endereçou. Não há separação entre os que se amam. Fiquem com a paz do senhor!". (ATRIBUÍDA AO ESPÍRITO LEILA LOPES)
"Mãe, Deus vela e te guarda! Querida mamãe, meus queridos irmãos, devo lembrar a paternidade divina e pedir a Deus que os abençoe. O tempo se desdobra e o amor sempre evidencia a necessidade de pararmos por alguns momentos para os assuntos do coração. Este é um grande momento de nossas recordações. Reconheço o carinho da mamãe que se dedica ao trabalho lembrando a presença do filho que cresceu em seus braços. Estou na colônia divina cheio de luz. Fiquei hospitalizado a princípio para o tratamento de minhas faculdades espirituais. Ouvia as notas de oração de pessoas amigas até que o sono me favoreceu. Passei pelo hospital espiritual, quando me vi entre enfermeiros. Um anjo guardião me afagava. Celebramos aqui um nascimento novo, desde de os primeiros dias do mês que vamos terminando no calendário terrestre.
Mamãe, há mais uma nova etapa a ser cumprida, a caminhada está se iniciando e diante do universo a ser atendido de novas propostas, de trabalhos em suas mãos. Segue sempre cumprindo sua missão. A senhora e o papai sabem que eu amava o dever cumprido. Estou muito bem, cuide de sua saúde, sei que me ensinaram a caminhar nos caminhos de minha vida, nos processos de minha juventude, de cada instante vivido. Peço a Deus para que nossas lágrimas agora se façam preces de alegria pelo reconforto e emoção do nosso reencontro.
As luzes emanam sobre nós, irradiam fé e o amor quando a dor assola o coração. A canção é tudo em minha vida, sou alegre e passo nas linhas serenas entre canções e preces. A oração foi o caminho de luz que me reuniu a todos por pensamentos. Esta é a certeza de que o carinho e a dedicação me envolveram tanto quanto me envolvem ainda hoje no grande entendimento.
Orientado pelos mentores, vim aos sonhos numa sublime passagem ao seu lado mamãe, que é só ternura em nossa benção. A luz espiritual está repleta não só em mim, mas ao seu redor pelas estrelas que constelam o céu. Mamãe não se encontra só, muito trabalho te espera pela frente e estarás tranquila para auxiliar o próximo. Lembranças com um sorriso, com meu abraço caloroso em nossa vida cheia de lutas e alegrias. Mãe, Deus vela e te guarda. Descansa nas orações de tua proteção em teu manto de luz!". (ATRIBUÍDA AO ESPÍRITO RAFAEL MASCARENHAS)
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Malware teria entrado no blogue do livro "Conscientização Espírita"
Não sei o que aconteceu, mas ao entrar no blogue do livro Conscientização Espírita, de Gélio Lacerda da Silva, o Avast, programa de anti-vírus considerado de alta confiabilidade, denunciou a existência de um malware. Felizmente, meu computador também tem o ZoneAlarm, que bloqueia esse tipo de ataque virtual, diferente do vírus mas igualmente perigoso.
Pode ser uma grande coincidência, mas sabe-se que o livro de Gélio Lacerda é considerado um dos livros "malditos" da bibliografia espírita publicada no Brasil. Ele faz bater nos corações dos espiritólicos uma inquietação comparável à que os católicos medievais sentiam nos hereges.
Afinal, o livro é um dos mais duros documentos de denúncia das irregularidades cometidas pelo "espiritismo" da FEB, e foi publicado no auge da popularidade do Espiritolicismo, fazendo revelações nada agradáveis dos bastidores do Espiritolicismo.
O livro está fora de catálogo e é uma raridade. Nem as obras de Roustaing estão nesta condição, estando até hoje em publicação. O blogue iria disponibilizar o livro na Internet, só que tem esse problema do malware. Convém os responsáveis verificarem esse problema o mais rápido possível.
domingo, 25 de maio de 2014
A caridade não pode servir de pretexto para a fraude
Se existe um erro muito mais grave do que enganar as pessoas, é o de usar pretextos como de amor, caridade e fraternidade para cometer essa enganação, se valendo da boa-fé e da ingenuidade de muita gente, e prejudicando a tarefa de bem servir aos próximos.
Há 130 anos o "espiritismo" brasileiro se deixa valer por uma série de fraudes e corrupções, e elas cresceram e se consolidaram não por falta de aviso. Pois os avisos sobre as deturpações da doutrina de Allan Kardec foram avisadas até mesmo quando ele ainda vivia a repercussão de seus primeiros livros.
Que Allan Kardec admitia que sua doutrina pudesse mudar com o tempo, isso é verdade. Tanto que ele elaborou o Controle Universal do Ensino dos Espíritos para estudar e avaliar as ideias espíritas sem sair da orientação original, mas sempre atualizando e mudando conforme a lógica permitir.
O que aconteceu no "espiritismo" brasileiro é que essas mudanças não ocorreram conforme as exigências da lógica e das novas descobertas científicas e tecnológicas. Pelo contrário, elas aconteceram da forma mais perniciosa possível, através da conveniência de interesses que se multiplicaram e aumentaram com o passar do tempo.
Isso começou quando o próprio Allan Kardec foi deixado de lado por causa da abordagem "mais moderna" (sic) de Jean-Baptiste Roustaing. Só que as ideias de Roustaing demonstraram ser cientificamente retrógradas, ainda baseadas num obscurantismo místico que, entre outras coisas, supunha que Jesus não tinha corpo físico e portanto nunca sofreu as dores físicas como humano.
Com Roustaing, autor divulgado no Brasil pelo médico Adolfo Bezerra de Menezes - que a FEB fez por bem dela esconder seu perfil de político fisiológico (tipo os de hoje) - , o "espiritismo" brasileiro, em vez de se atualizar, tornou-se antiquado, apoiado em ideias e procedimentos que são considerados obsoletos até para a Igreja Católica.
Daí que isso atraiu uma multidão de padres jesuítas e outros religiosos, espíritos do além que controlam os ditos "centros espíritas" e diluem os ensinamentos de Allan Kardec inserindo neles uma abordagem própria do Catolicismo medieval.
Depois dos delírios de Roustaing, aparentemente deixados de lado por causa da repercussão negativa que criou conflitos violentos entre os líderes espíritas - alguns já antevendo a traição dos demais aos princípios lançados por Kardec - , vieram muitos outros deslizes que se propagaram e que, infelizmente, são vistos por muitos como se fossem virtudes.
A mediunidade virou um processo sem controle e à sorte de qualquer fraude. Se qualquer um com um mínimo de prestígio se passar por alguma personalidade falecida e mandar mensagem em termos "fraternais", tudo é permitido.
Imagine se alguém é uma pessoa muito prestigiada e querida entre um significativo número de pessoas. De repente essa pessoa se aproveita disso e, por exemplo, insinua que recebeu uma mensagem do cantor Jair Rodrigues, falecido há pouco tempo, e faz uma oratória religiosa demais para o perfil do artista. Se imitar a voz do cantor, pode até ser paródia que muita gente acredita.
No caso das pinturas falsificadas de José Medrado, isso é muito grave. Já houve relatos de críticos de arte que viram "legitimidade" nessas obras, quando verificamos que os estilos divergem claramente dos estilos originais dos autores atribuídos.
É bastante sério isso, porque qualquer fraude é legitimada por conta do prestígio do suposto médium. Justifica-se tudo pela "caridade", pelo "amor" e pela "fraternidade". Cria-se um clima de pieguice, sob diversos aspectos, e as pessoas são envolvidas num clima de emotividade que as faz depois reagir com revolta a qualquer contrariedade, por mais coerente que esta seja.
Daí o grave prejuízo. Usa-se a caridade como desculpa para se permitir a fraude, a enganação. Tudo para atrair investimentos e prestígio, para fazer de supostos médiuns pretensos semi-deuses, gozando de uma imunidade que é preciso muita luta para derrubar a alta reputação que os astros do Espiritolicismo gozam entre seu público e os laicos.
Engana-se as pessoas durante muito tempo enquanto tudo é feito para manter e sustentar a alta reputação dos enganadores da crença espírita. Acumula-se um prestígio quase inabalável, que até pode ser derrubado ou enfraquecido, mas não sem dificuldade.
Uma atitude assim é muito mais nociva do que a maldade explícita. Não que esta não tenha seu grau de gravidade ou que os grandes prejuízos por esta causados tivessem que ser subestimados, mas esta, pelo menos, é uma maldade sincera e honesta, terrivelmente nociva mas honestamente prejudicial.
Já a maldade dissimulada é a pior delas, porque ela é oculta e traz prejuízos sérios sem que as pessoas percebessem e, o que é pior, ainda travestida da mais perfeita bondade e caridade. Prejudica-se outrem e tenta-se afirmar o contrário, o que é um duplo prejuízo, o de causá-lo e o de forçar aos prejudicados a crerem que recebem benefícios. Isso é o que macula o "espiritismo" brasileiro.
sábado, 24 de maio de 2014
Esclarecendo a respeito da suposta voz do Dr. Bezerra por Divaldo Franco
A respeito das irregularidades relacionadas à suposta voz do médico Adolfo Bezerra de Menezes, por Divaldo Pereira Franco, houve gente no Facebook que não entendeu quando se falou que o baiano teria feito um falsete, em vez de receber a voz do médico cearense.
A estranheza se deu porque, numa palestra, Divaldo seguia com sua oração quando seu timbre tão somente se alterou, sem que houvesse alguma transição necessária de recepção do espírito de identidade atribuída a Bezerra de Menezes.
Falando em linguagem mais popular, Divaldo foi falando e aí, pá-pum, entrou a voz do Dr. Bezerra no lugar. Assim, a jato. Para quem não entende, é um fato sobrenatural que a fé oculta, uma herança do "mistério da fé" que esconde muitos absurdos surreais do Catolicismo medieval.
Não é possível, mesmo em médiuns considerados experientes, que se faça esse processo. Como tipos de formas físicas, os perispíritos, que são uma espécie de "corpos" dos espíritos desencarnados, também não podem ocupar simultaneamente um mesmo lugar.
O processo mediúnico precisa de alguma transição, em que o espírito do médium "cede lugar" ao espírito do desencarnado que vai se comunicar. Não é um processo simples, em que um médium diz uma coisa e o falecido completa como que na velocidade da luz. Vamos entender a coisa no processo psicológico e comunicativo.
É como ocorre com duas pessoas. Se uma fala uma coisa e a outra completa, por mais que houvesse alguma rapidez de comunicação, sempre existe alguma pausa, por mínima que seja, para que a segunda pessoa decida completar a mensagem.
Em primeiro lugar, a mensagem surge como um estímulo, e o primeiro emissor dá a deixa para o segundo completar. Este recebe então o recado, por implícito que seja, e precisa de um tempo, mesmo uns pouquíssimos segundos, para perceber que precisa completar a mensagem dada pelo primeiro emissor.
O que se observou é que não houve essa necessária pausa na comunicação de Divaldo Franco, o que leva a crer que ele teria feito um falsete, a pretexto de receber a voz do Dr. Bezerra. Para os incautos, isso é fabuloso, o sobrenatural deslumbra a todos, mas isso não tem o menor sentido lógico nem científico.
quinta-feira, 22 de maio de 2014
José Medrado e a suposta pintura de Renoir
Mais uma vez mostramos os supostos quadros mediúnicos de José Medrado e mais uma vez nos estarrecemos da fraude que é tomar como verídicos quadros que não guardam sequer identidade verossímil de estilo.
São quadros vendidos com preço caro, tidos como "preciosidades", e o freguês leva gato por lebre, achando que é um quadro pintado pelo espírito do próprio pintor, quando até a assinatura contradiz, e muito,
Aqui mostramos o caso de Pierre Auguste Renoir (1841-1919), pintor impressionista francês "usado" por José Medrado como suposto mentor e líder do grupo de supostos espíritos de pintores conhecidos que passaram por aqui na Terra.
E mais uma vez nota-se que, apesar do esforço aparente de imitação, o resultado chega a ser tosco, numa observação bastante cautelosa.
No alto, vemos fotos de vasos de flores e a comparação até desafia algum analista desconfiado. Visto de longe, um entendedor mediano de pintura poderá acreditar que a pintura de José Medrado corresponde ao espírito de Renoir, pela verossimilhança da distribuição de cores.
Mas, se fizermos uma observação mais cautelosa, as flores são desenhadas por Renoir de maneira ainda muito mais cuidadosa e detalhada do que a do suposto espírito, que parece estar perdido no desenho das flores e suas pétalas.
Quanto às pinturas de pessoas, selecionamos, a título de comparação, uma das pinturas de Renoir retratando jovens garotas e uma mostrando uma mulher sensual e confrontamos com pinturas do suposto espírito retratando temas semelhantes.
Aí a sutileza já começa a cair. As pinturas do suposto espírito não possuem o vigor das cores de Renoir, e nem a beleza dos traços, sobretudo pelo traçado gracioso dos olhos. Além disso, o modo de pintar as cores, o modo de desenhar as pessoas, em Renoir se observa um lirismo próprio e uma harmonia nos traços físicos pintados.
Já os quadros do suposto espírito de Renoir são grotescos e mal desenhados, pintados sem vigor e os rostos desenhados são de uma feiura e de um aspecto simplório lamentáveis, em nada lembrando o estilo pessoal do pintor francês.
Mais uma vez, comparamos as assinaturas de Renoir e a do suposto espírito. E, novamente, nota-se a diferença gritante entre uma assinatura e outra, sempre naquele estilo apressado e "qualquer nota".
Mas o que é estarrecedor é o que vemos nessa última comparação. Por que será que as supostas assinaturas espirituais de Pierre Renoir e Claude Monet têm caligrafia tão parecida? A máscara cai e vemos uma completa farsa que seduz e engana tantas pessoas em busca de assistência espiritual.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Claude Monet e a suposta pintura mediúnica de José Medrado
SUPOSTO QUADRO DE CLAUDE MONET REGISTRADO POR JOSÉ MEDRADO.
Dando sequência à análise dos supostos quadros mediúnicos, aqui mostramos o caso de Claude Monet, que, na suposta psico-pictografia de José Medrado, é descrito como um dos "líderes" de uma "equipe" de pintores que se oferecem, tal qual um cozinheiro de lanchonete, de fazer o trabalho de pintura por encomenda.
PORT DONNANT - BELLE ILE, DE CLAUDE MONET.
Se já se tem muita dificuldade de reunir todos os colegas de escola num espaço de 25 anos, quanto mais gerações diferentes de pintores, que a gente nem sabe se estão realmente juntos ou se estão aí a dispor para pintar para o público como quem frita um pastel para o freguês.
Aqui analisamos o caso de Claude Monet (1840-1926), pintor francês do movimento impressionista, nome muito citado nos espetáculos de suposta pintura mediúnica feitos pelo baiano José Medrado, e geralmente a principal atração aparente desses eventos.
ACIMA, ASSINATURA DE CLAUDE MONET EM VIDA. ABAIXO, SUPOSTA ASSINATURA DE CLAUDE MONET "DEDICADA" A JOSÉ MEDRADO.
Nota-se que, do contrário do São Francisco de Assis do suposto Cândido Portinari, que apresenta diferenças grotescas em relação ao mesmo santo retratado pelo pintor brasileiro em vida, há um esforço de imitação do estilo original de Claude Monet.
Quem tem um entendimento superficial de artes plásticas pode até acreditar que os quadros supostamente mediúnicos são mesmo de Monet, porque à primeira vista os estilos parecem idênticos. Mas uma observação mais cautelosa pode verificar a fraude, aqui bem mais sutil.
Primeiro, porque as sutilezas de distribuição de cores mostram diferenças que, numa análise rigorosa de um especialista, indicam que não basta apenas misturar bem as cores, mas adotar uma personalidade de pintura cujas nuances podem ser imperceptíveis para leigos, mas são rigorosamente identificadas por estudiosos sérios.
Monet aproveita melhor a produção de pigmentos coloridos, da combinação de traços de matizes, como se nota sobretudo em "Port Donnant - Belle Ile", uma de suas obras. Coisa que o "espírito" de Monet não realiza criando fundos de paisagem "lisos", que destoam do estilo do francês.
As sutilezas indicam que, mesmo com a esforçada imitação, há uma diferença no estilo de pintar de Monet em relação ao suposto Monet espiritual. Além disso, para um estudioso, tem-se a impressão de que o suposto Monet-espírito se aproxima mais da imitação de um Pierre-Auguste Renoir, outro pintor francês "usado" por José Medrado, e que analisaremos noutro texto.
A máscara cai quando se observa a assinatura, como destacamos na imagem comparativa acima, em que o autógrafo de Claude Monet é bem diferente entre o original e o do suposto espírito. Mesmo a imitação de grafia do "M" do sobrenome é tão banal quanto desenhar um "A" caligráfico redondo, com um círculo e um "rabinho", e não indica a autenticidade do espírito.
Quanto à grafia como um todo, mais uma vez a assinatura "espiritual" parece coisa qualquer nota, em comparação com a caligrafia registrada pelo pintor em vida, com um "C" tímido e um "onet" escrito às pressas. E que dá indício, mais uma vez, de fraude, uma vez que não há identidade entre as duas assinaturas e a assinatura, sabemos, é um atestado decisivo de personalidade de alguém.
Dando sequência à análise dos supostos quadros mediúnicos, aqui mostramos o caso de Claude Monet, que, na suposta psico-pictografia de José Medrado, é descrito como um dos "líderes" de uma "equipe" de pintores que se oferecem, tal qual um cozinheiro de lanchonete, de fazer o trabalho de pintura por encomenda.
OUTRO SUPOSTO QUADRO DE MONET, TAMBÉM POR JOSÉ MEDRADO.
Seria fácil demais reunir pintores de diferentes épocas, diferentes lugares, diferentes tempos de vida e diferentes destinos num evento de pintura. Não que isso fosse absolutamente impossível, mas da forma como ocorre é muitíssimo difícil de se acontecer.
Na boa, alguém imaginaria um Rock In Além juntando, com facilidade de professor de jardim de infância juntando os aluninhos, atrações como Raul Seixas, Ian Curtis, Cazuza, Ronnie James Dio, Jimi Hendrix, Sacha Distel, Mariska Veres (cantora do Shocking Blue, do sucesso "Venus"), Júlio Barroso, Cássia Eller, John Lennon, George Harrison, Ian Stewart, Jon Lord, Kurt Cobain e o bluesman Robert Johnson?
REGATTA AT ARGENTEUIL, DE CLAUDE MONET.
Se já se tem muita dificuldade de reunir todos os colegas de escola num espaço de 25 anos, quanto mais gerações diferentes de pintores, que a gente nem sabe se estão realmente juntos ou se estão aí a dispor para pintar para o público como quem frita um pastel para o freguês.
Aqui analisamos o caso de Claude Monet (1840-1926), pintor francês do movimento impressionista, nome muito citado nos espetáculos de suposta pintura mediúnica feitos pelo baiano José Medrado, e geralmente a principal atração aparente desses eventos.
ACIMA, ASSINATURA DE CLAUDE MONET EM VIDA. ABAIXO, SUPOSTA ASSINATURA DE CLAUDE MONET "DEDICADA" A JOSÉ MEDRADO.
Nota-se que, do contrário do São Francisco de Assis do suposto Cândido Portinari, que apresenta diferenças grotescas em relação ao mesmo santo retratado pelo pintor brasileiro em vida, há um esforço de imitação do estilo original de Claude Monet.
Quem tem um entendimento superficial de artes plásticas pode até acreditar que os quadros supostamente mediúnicos são mesmo de Monet, porque à primeira vista os estilos parecem idênticos. Mas uma observação mais cautelosa pode verificar a fraude, aqui bem mais sutil.
Primeiro, porque as sutilezas de distribuição de cores mostram diferenças que, numa análise rigorosa de um especialista, indicam que não basta apenas misturar bem as cores, mas adotar uma personalidade de pintura cujas nuances podem ser imperceptíveis para leigos, mas são rigorosamente identificadas por estudiosos sérios.
Monet aproveita melhor a produção de pigmentos coloridos, da combinação de traços de matizes, como se nota sobretudo em "Port Donnant - Belle Ile", uma de suas obras. Coisa que o "espírito" de Monet não realiza criando fundos de paisagem "lisos", que destoam do estilo do francês.
As sutilezas indicam que, mesmo com a esforçada imitação, há uma diferença no estilo de pintar de Monet em relação ao suposto Monet espiritual. Além disso, para um estudioso, tem-se a impressão de que o suposto Monet-espírito se aproxima mais da imitação de um Pierre-Auguste Renoir, outro pintor francês "usado" por José Medrado, e que analisaremos noutro texto.
A máscara cai quando se observa a assinatura, como destacamos na imagem comparativa acima, em que o autógrafo de Claude Monet é bem diferente entre o original e o do suposto espírito. Mesmo a imitação de grafia do "M" do sobrenome é tão banal quanto desenhar um "A" caligráfico redondo, com um círculo e um "rabinho", e não indica a autenticidade do espírito.
Quanto à grafia como um todo, mais uma vez a assinatura "espiritual" parece coisa qualquer nota, em comparação com a caligrafia registrada pelo pintor em vida, com um "C" tímido e um "onet" escrito às pressas. E que dá indício, mais uma vez, de fraude, uma vez que não há identidade entre as duas assinaturas e a assinatura, sabemos, é um atestado decisivo de personalidade de alguém.
terça-feira, 20 de maio de 2014
Cissa Guimarães e a suposta mensagem de Rafael Mascarenhas
Só mesmo no Brasil, em que as lições de Allan Kardec se evaporam como fumaça de água fervendo pelo ar, que as mensagens espirituais se banalizam e estranhamente se submetem a um padrão de misticismo religioso um tanto suspeito.
Recentemente, divulgou-se, na mídia, uma mensagem atribuída ao jovem músico Rafael Mascarenhas, filho do casamento, há tempos desfeito, da atriz Cissa Guimarães e do músico Raul Mascarenhas. Rafael faleceu aos 18 anos, em 2010, atropelado por um automóvel.
Para um jovem que foi skatista e tinha seu jeitão de rebelde comum, como tantos jovens de sua geração, a mensagem atribuída a ele é excessivamente formal e bastante solene, além de estar dotada de um sentimentalismo religioso que não seria típico de sua personalidade.
Cissa é tratada como "senhora", algo que não se acredita que tenha ocorrido em vida. É natural que, em famílias como estas, o filho chamasse a mãe ou o pai de "você", já que se tratam de contextos mais contemporâneos de famílias modernas, de uns 30 anos para cá.
É preocupante que se divulguem mensagens assim, sem qualquer verificação rigorosa de todos os seus aspectos. Vai um e diz que é fulano, e basta a mensagem ser carregada de palavras tipo "luz", "amor", "preces" e coisa parecida que tudo vale.
E mais uma vez advertimos: isso é muito perigoso. Afinal, se a mensagem não for do espírito a que se atribui, pior para a comunicação entre mortos e vivos, porque os falecidos não podem se comunicar, outros que se passam por eles já lhes passaram a perna e mandaram mensagens.
E tudo fica mais estranho ainda quando há clichês religiosos, numa pieguice que nem sempre é típica da personalidade do falecido. Pelo que se observa no padrão de mensagens espirituais divulgadas no Brasil, dá-se a falsa impressão de que, após o falecimento, as pessoas necessariamente se convertem em beatos religiosos.
Esse panfletarismo religioso pode ser muitas vezes da imaginação religiosa de supostos médiuns ou dos espíritos que lhe cercam, porque nem todo mundo do "lado de lá" vai falar que vive "numa esfera de luz" e que está bem por causa "das bênçãos e das preces enviadas por entes queridos".
Na verdade, muitos espíritos simplesmente manteriam o estilo de mensagem que tiveram em vida e dirão as sensações que tiveram, sem necessariamente apelar para clichês religiosos. Ou alguém esperaria que até Redson, da banda punk Cólera, viesse dizer em mensagem espiritual algo tipo "irmãos, estou feliz por receber as graças das vossas preces de luz que me confortaram a alma"?
Por isso, é preciso muito cuidado. O risco de levar gato por lebre é enorme. De repente, aquele ente querido que acreditamos ter mandado mensagem para nós não é realmente o autor dessa mensagem, e isso fica pior. Porque a verdadeira comunicação com os falecidos fica comprometida, quando outra pessoa se passa por algum finado para mandar "mensagens de amor e paz".
A falta de verificação de aspectos de personalidade, e a simples sedução que fazem as mensagens "carinhosas" de "luz e fraternidade" são verdadeiras armadilhas que poderão trazer dor e desilusão no futuro. Antes de alguém se render aos encantos das "mensagens amorosas", seria melhor um pouco mais de observação e pesquisa quanto à natureza da mensagem enviada, para evitar problemas sérios.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Fraude em duas pinturas "mediúnicas"
RETRATOS DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - O da esquerda foi feito por Cândido Portinari. À direita, pintura atribuída ao espírito de Portinari, feita por José Medrado.
O "espiritismo" brasileiro carece de qualquer verificação. Tudo é feito pelo "achismo", sem que os critérios científicos de Allan Kardec fossem considerados devidamente, o que permite a muitos "espíritas" usarem de toda fraude para enganar as pessoas sob o pretexto das "palavras de amor".
Isso influi numa mediunidade que se faz ou se supõe fazer sem qualquer verificação, sem qualquer regulação. Livros que podem ter sido ditados por espíritos traiçoeiros, ou então por espíritos farsantes ou simplesmente por supostos médiuns de imaginação fértil. Vale tudo, que os "espíritas" saem logo acreditando.
Na pintura, ocorre a mesma coisa. Não há uma verificação, tudo é permitido por causa das "boas emoções", das supostas "boas energias" que não passam de uma grande fantasia, uma grande alucinação coletiva disfarçada de vibrações positivas. Desde que se aceite tudo, sem verificar, tudo parece ter boas vibrações.
Verificando alguns casos de pinturas ditas mediúnicas (ou supostas psico-pictografias), o que se nota é que também nelas há o risco de haver espíritos farsantes ou simplesmente supostos médiuns, em ambos os casos imitando os estilos dos pintores falecidos.
ACIMA, ASSINATURA DE CÂNDIDO PORTINARI EM VIDA. ABAIXO, SUPOSTA ASSINATURA DO "ESPÍRITO" PORTINARI EM OBRA DE JOSÉ MEDRADO.
O que é estarrecedor é que supostos eventos de pinturas mediúnicas iludem as pessoas diante da "oportunidade" de reunir, num só acontecimento, diferentes personalidades, com uma facilidade extrema que nem um mecenas de salão de artes iria reunir de maneira tão garantida.
Será mesmo que espíritos de origens e épocas tão díspares estariam sempre disponíveis para aparecer para um único médium para criar obras assim com a relativa rapidez de quem prepara um prato de lanchonete pedido por um freguês?
Parece bom demais para ser verdade, todo mundo pintando assim por encomenda, rapidamente, como se quisessem atender aos pedidos dos fregueses. E, aqui, mais uma vez é o médium, ou melhor, o anti-médium, que se torna o astro principal, os "espíritos pintores" são apenas um detalhe do espetáculo, já que o "médium" deixou de ser intermediário (medium) para ser o comandante da festa.
RETRATO DE MÁRIO DE ANDRADE, POR ANITA MALFATTI, À ESQUERDA. JÁ À DIREITA, RETRATO DO ESCRITOR SUPOSTAMENTE PINTADO PELO "ESPÍRITO" DE ANITA MALFATTI.
Observando essa seleção de imagens, relacionadas a pintores do Modernismo, como Anita Malfatti (1889-1964) e Cândido Portinari (1903-1962), observa-se irregularidades na comparação entre as obras produzidas por eles em vida e as obras atribuídas supostamente aos seus espíritos.
O que se observa, nesses exemplos, é chocante. Além de não haver uma identidade fiel de estilos, em que pese o esforço da verossimilhança, as assinaturas indicam que tais pinturas podem ter sido fraudulentas, já que tais assinaturas já apresentam diferenças gritantes de grafia.
Na gravura no alto, que mostra a imagem de São Francisco de Assis pintada por Portinari em vida, confrontada com a suposta imagem do santo atribuída ao espírito do mesmo pintor, é extremamente gritante a diferença de estilo.
Mesmo que a pintura não tivesse saído rigorosamente igual à original, seria de esperar que houvesse alguma harmonia de estilo, seja pela distribuição de cores, seja pelos traços desenhados. Não é isso que acontece na pintura realizada pelo baiano José Medrado.
É muito contrastante a distribuição de traços físicos, e mesmo as cores são pintadas sem o vigor da obra original, com o agravante de que a obra de Portinari data de 1941, enquanto a obra "psico-pictografada" de José Medrado data de 2014 e parece "desbotada".
Até parece que o São Francisco do "Portinari / Medrado" tomou alguma birita, diante do olhar morbidamente abatido do santo, se comparado com a serenidade firme da mesma pessoa retratada em vida pelo pintor.
Para piorar, a assinatura também indica fraude, uma vez que a assinatura "espiritual" parece uma assinatura "qualquer nota", diante do que é a assinatura original do pintor, com fontes levemente arredondadas que contrastam com a assinatura trêmula e insegura do suposto espírito.
No caso de Anita Malfatti, é a mesma coisa. Há a comparação entre o retrato do amigo da pintora, o escritor Mário de Andrade, e a suposta psico-pictografia, de autoria mediúnica não creditada, retratando o mesmo escritor e atribuída ao "espírito" da pintora.
Aqui também a diferença de estilos é gritante, em que pese o esforço de imitação. O retrato de Mário pelo suposto espírito é bem mais simplório, sem a riqueza de traços e cores da pintura original. Além disso, o poeta e escritor é retratado de forma rudimentar e confusa que mais parece a de um palhaço do que a do mestre modernista.
Neste caso, há o indício de fraude. Aqui se pegou a assinatura da pintora de outra obra, "Pedras na Praia", que aparece acima na comparação. A assinatura real de Anita Malfatti aparece na imagem acima sob o fundo marrom e com o "m" caraterístico da pintora.
Nota-se que esse traço do autógrafo de Anita Malfatti falta na grafia atribuída a seu espírito, mostrando mais um caso de assinatura "qualquer nota" em que o "m" é mais "acanhado" e escrito às pressas, e não há sequer o estilo gráfico das letras retas e de um "f" caligráfico contrastando com as letras de forma da pintora.
Daí, com a análise das assinaturas, podemos concluir que ocorreu fraude, que as ditas pinturas mediúnicas, a partir dos exemplos mostrados, nada têm de autênticas, devido às irregularidades de estilo e de assinaturas.
Portanto, as obras foram feitas por imitadores que, diga-se de passagem, nem eram tão bons imitadores assim, vide o Francisco de Assis de "Portinari / Medrado" que a ninguém convence, senão quem não entende de pintura. E pior ainda é o Mário de Andrade da suposta Anita Malfatti, que não apresenta o estilo da modernista e é primariamente desenhado.
Dois casos vergonhosos estes. Uma mostra de que os traiçoeiros espíritos, daqui e de lá, do Espiritolicismo, só sabem mesmo é "pintar o sete".
O "espiritismo" brasileiro carece de qualquer verificação. Tudo é feito pelo "achismo", sem que os critérios científicos de Allan Kardec fossem considerados devidamente, o que permite a muitos "espíritas" usarem de toda fraude para enganar as pessoas sob o pretexto das "palavras de amor".
Isso influi numa mediunidade que se faz ou se supõe fazer sem qualquer verificação, sem qualquer regulação. Livros que podem ter sido ditados por espíritos traiçoeiros, ou então por espíritos farsantes ou simplesmente por supostos médiuns de imaginação fértil. Vale tudo, que os "espíritas" saem logo acreditando.
Na pintura, ocorre a mesma coisa. Não há uma verificação, tudo é permitido por causa das "boas emoções", das supostas "boas energias" que não passam de uma grande fantasia, uma grande alucinação coletiva disfarçada de vibrações positivas. Desde que se aceite tudo, sem verificar, tudo parece ter boas vibrações.
Verificando alguns casos de pinturas ditas mediúnicas (ou supostas psico-pictografias), o que se nota é que também nelas há o risco de haver espíritos farsantes ou simplesmente supostos médiuns, em ambos os casos imitando os estilos dos pintores falecidos.
ACIMA, ASSINATURA DE CÂNDIDO PORTINARI EM VIDA. ABAIXO, SUPOSTA ASSINATURA DO "ESPÍRITO" PORTINARI EM OBRA DE JOSÉ MEDRADO.
O que é estarrecedor é que supostos eventos de pinturas mediúnicas iludem as pessoas diante da "oportunidade" de reunir, num só acontecimento, diferentes personalidades, com uma facilidade extrema que nem um mecenas de salão de artes iria reunir de maneira tão garantida.
Será mesmo que espíritos de origens e épocas tão díspares estariam sempre disponíveis para aparecer para um único médium para criar obras assim com a relativa rapidez de quem prepara um prato de lanchonete pedido por um freguês?
Parece bom demais para ser verdade, todo mundo pintando assim por encomenda, rapidamente, como se quisessem atender aos pedidos dos fregueses. E, aqui, mais uma vez é o médium, ou melhor, o anti-médium, que se torna o astro principal, os "espíritos pintores" são apenas um detalhe do espetáculo, já que o "médium" deixou de ser intermediário (medium) para ser o comandante da festa.
RETRATO DE MÁRIO DE ANDRADE, POR ANITA MALFATTI, À ESQUERDA. JÁ À DIREITA, RETRATO DO ESCRITOR SUPOSTAMENTE PINTADO PELO "ESPÍRITO" DE ANITA MALFATTI.
Observando essa seleção de imagens, relacionadas a pintores do Modernismo, como Anita Malfatti (1889-1964) e Cândido Portinari (1903-1962), observa-se irregularidades na comparação entre as obras produzidas por eles em vida e as obras atribuídas supostamente aos seus espíritos.
O que se observa, nesses exemplos, é chocante. Além de não haver uma identidade fiel de estilos, em que pese o esforço da verossimilhança, as assinaturas indicam que tais pinturas podem ter sido fraudulentas, já que tais assinaturas já apresentam diferenças gritantes de grafia.
Na gravura no alto, que mostra a imagem de São Francisco de Assis pintada por Portinari em vida, confrontada com a suposta imagem do santo atribuída ao espírito do mesmo pintor, é extremamente gritante a diferença de estilo.
Mesmo que a pintura não tivesse saído rigorosamente igual à original, seria de esperar que houvesse alguma harmonia de estilo, seja pela distribuição de cores, seja pelos traços desenhados. Não é isso que acontece na pintura realizada pelo baiano José Medrado.
É muito contrastante a distribuição de traços físicos, e mesmo as cores são pintadas sem o vigor da obra original, com o agravante de que a obra de Portinari data de 1941, enquanto a obra "psico-pictografada" de José Medrado data de 2014 e parece "desbotada".
Até parece que o São Francisco do "Portinari / Medrado" tomou alguma birita, diante do olhar morbidamente abatido do santo, se comparado com a serenidade firme da mesma pessoa retratada em vida pelo pintor.
Para piorar, a assinatura também indica fraude, uma vez que a assinatura "espiritual" parece uma assinatura "qualquer nota", diante do que é a assinatura original do pintor, com fontes levemente arredondadas que contrastam com a assinatura trêmula e insegura do suposto espírito.
ACIMA, ASSINATURA DE ANITA MALFATTI, COM SEU TÍPICO "M". ABAIXO, ASSINATURA DO SUPOSTO ESPÍRITO DA PINTORA MODERNISTA.
No caso de Anita Malfatti, é a mesma coisa. Há a comparação entre o retrato do amigo da pintora, o escritor Mário de Andrade, e a suposta psico-pictografia, de autoria mediúnica não creditada, retratando o mesmo escritor e atribuída ao "espírito" da pintora.
Aqui também a diferença de estilos é gritante, em que pese o esforço de imitação. O retrato de Mário pelo suposto espírito é bem mais simplório, sem a riqueza de traços e cores da pintura original. Além disso, o poeta e escritor é retratado de forma rudimentar e confusa que mais parece a de um palhaço do que a do mestre modernista.
Neste caso, há o indício de fraude. Aqui se pegou a assinatura da pintora de outra obra, "Pedras na Praia", que aparece acima na comparação. A assinatura real de Anita Malfatti aparece na imagem acima sob o fundo marrom e com o "m" caraterístico da pintora.
Nota-se que esse traço do autógrafo de Anita Malfatti falta na grafia atribuída a seu espírito, mostrando mais um caso de assinatura "qualquer nota" em que o "m" é mais "acanhado" e escrito às pressas, e não há sequer o estilo gráfico das letras retas e de um "f" caligráfico contrastando com as letras de forma da pintora.
Daí, com a análise das assinaturas, podemos concluir que ocorreu fraude, que as ditas pinturas mediúnicas, a partir dos exemplos mostrados, nada têm de autênticas, devido às irregularidades de estilo e de assinaturas.
Portanto, as obras foram feitas por imitadores que, diga-se de passagem, nem eram tão bons imitadores assim, vide o Francisco de Assis de "Portinari / Medrado" que a ninguém convence, senão quem não entende de pintura. E pior ainda é o Mário de Andrade da suposta Anita Malfatti, que não apresenta o estilo da modernista e é primariamente desenhado.
Dois casos vergonhosos estes. Uma mostra de que os traiçoeiros espíritos, daqui e de lá, do Espiritolicismo, só sabem mesmo é "pintar o sete".
sábado, 17 de maio de 2014
Emmanuel errou: textos originais do Evangelho estão perdidos
MARCOS TERIA SIDO O PRIMEIRO A ESCREVER OS CAPÍTULOS QUE CONSTITUEM O EVANGELHO, PARTE INTEGRANTE DO NOVO TESTAMENTO.
Uma das provas contundentes que Emmanuel não teria vivido nos tempos de Jesus é a série de contradições e equívocos, vários deles gravíssimos, que contrariam fatos e informações realmente relacionadas à época do jovem ativista judeu e mesmo de tempos posteriores no Império Romano.
Um desses equívocos mostra a completa desinformação que o "mentor" de Chico Xavier tem em relação aos textos bíblicos, entre as quais a suposição de que continuam existindo os textos originais do Evangelho escritos por Marcos, Mateus, Lucas e João.
Esta desinformação consta no livro O Consolador, que Emmanuel, através da pena de Xavier, trouxe para publicação em 1941, pela editora da FEB. O trecho em questão é reproduzido abaixo e os questionamentos que fizemos se baseiam em informações do historiador Lair Amaro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segue o trecho:
"A grafia original dos Evangelhos já representa, em si mesma, a própria tradução do ensino de Jesus, considerando-se que essa tarefa foi delegada aos seus apóstolos".
O que Amaro relata é que os textos originais dos Evangelhos - a gente pode defini-los no plural, Evangelhos, se referirmos às obras individuais, ou no singular, Evangelho, como compilação de todo esse trabalho - não estão mais entre nós, como muitos dos textos e livros que se produziram na Antiguidade e em tempos posteriores, como os de Jesus e boa parte da Idade Média.
Os textos, que já são posteriores à vida de Jesus, teriam sido escritos provavelmente a partir de alguns anos antes da destruição do Segundo Tempo de Jerusalém, em 70 d.C, na chamada Guerra Judaico-Romana que durou de 66 a 73. Esta data seria a época em que Marcos teria escrito o seu Evangelho (nome que quer dizer "boa nova", no grego, a partir da palavra "euangelion").
Há controvérsias sobre se Marcos teria sido o mais antigo ou se ele havia resumido os relatos de outros evangelistas, como Mateus e Lucas (João teria sido o último a escrever um Evangelho). Mas muitos historiadores, em que pese o fato do Evangelho de São Marcos ser o mais curto, afirmam que há fortes indícios de que ele teria sido o primeiro a escrever tais textos.
Neste sentido, Marcos teria influenciado Mateus e Lucas, que teriam se aprofundado nas pesquisas para seus trabalhos, usando os textos de Marcos como fonte primária para os mesmos. A partir dessa hipótese, considerada a mais provável, Marcos teria escrito o Evangelho na primeira década de 60 da nossa era.
No entanto, alguns pesquisadores alegam que os textos do Evangelho de São Marcos aparecem sem registro de sua autoria, o que faz alguns pensarem que nem sequer Marcos teria sido seu autor, sendo, neste caso, uma autoria apócrifa.
Em todo caso, os textos que se preservaram teriam sido reproduções, já que os textos originais, que já não haviam sido escritos em aramaico, idioma falado por Jesus, e eram posteriores à morte do ativista, mas sim em grego, haviam sido perdidos. A cópia mais antiga dos Evangelhos que nos resta data de 125 e é um pequeno fragmento que tem o tamanho de um cartão de crédito.
REPORTAGENS?
Há quem diga que os trabalhos dos evangelistas teriam sido um misto de reportagens com trabalhos de historiadores, embora aspectos mitológicos ou surreais sejam identificados em suas obras, pelo menos da forma de suas traduções mais acessíveis, fontes para os livros que nos são acessíveis atualmente.
Mateus, João Evangelista (obviamente não se deve ser confundido com o primo de Jesus, João Batista) e Marcos teriam convivido com Jesus. Já Lucas não conviveu com o ativista, tendo apenas convivido com apóstolos que haviam sido companheiros de Jesus.
Em todo o caso, os quatro autores colheram diversos relatos de gente que viveu a época, três deles tomaram como base seus testemunhos sobre Jesus e em suas obras inseriram o que compreendiam das lições que o mestre judeu deixou para a posteridade.
Pode até ter que os livros originais tivessem sido uma espécie de reportagens, à sua maneira e dentro do nível de compreensão da produção dos textos. Evidentemente, não existia o jornalismo tal como o conhecemos, mas o processo e o propósito se aproximam do que hoje entendemos como os livros de reportagens.
Além do problema de não se ter mais os textos originais, há também o problema das traduções medievais, sobretudo de uma crença católica criada por imperadores romanos, o que deturpou seriamente os ensinamentos e a natureza de Jesus, já que o Império Romano duplamente eliminou o chamado cristianismo primitivo.
Esse extermínio se deu, primeiro, com a condenação, sob diversas formas, de seus seguidores e pregadores à morte, e, segundo, pela tendenciosa reabilitação de Jesus, feita para atender aos interesses das elites imperiais.
ERROS E ERROS
Portanto, pode-se acreditar que, com as deturpações promovidas pelo Catolicismo medieval, lançado pelo Império Romano, se deu a visão surreal de muitos fatos bíblicos, não só os do Novo Testamento, criando um nível de percepção católico que se tornou dominante e fortemente defendido por seus adeptos, mas no fundo sem qualquer sentido lógico para a realidade daquele tempo.
Há também outros Evangelhos escritos - vários compostos de fragmentos do que pôde chegar aos nossos dias - de apóstolos de Jesus, como os de Pedro, Judas Iscariotes e Maria de Magdala (que teria sido namorada do ativista judeu). Não se entende por que a Igreja não os acolheu na Bíblia, uma vez que são obras de gente que conviveu pessoalmente com Jesus.
Graças a essa situação, a compreensão de Jesus se tornou um tanto atrofiada, reduzindo ele a um misto de mágico, místico e pregador moralista. Nem criar religião foi seu propósito, e hoje diferentes seitas religiosas chegam a fazer confrontos violentos em nome de Jesus.
E se ele havia sido usado como pretextos para atos rigorosamente anti-cristãos, como as condenações mortais dadas a supostos hereges na Idade Média, só isso é suficiente para que se busque a essência de Jesus fora do dogmatismo religioso, através do processo científico - inclusive antropológico e sociológico - que busca entender o que realmente aconteceu nos tempos de Jesus.
Com as pesquisas arqueológicas, sociológicas, historiográficas e antropológicas, se buscará melhor a essência de Jesus bem mais do que o dogmatismo religioso que, em suas diversas matizes, apenas se ocupa em mitificar Jesus, do Catolicismo medieval mais sanguinário ao suposto Espiritismo (o da FEB, o de Emmanuel) dotado ainda de vícios dogmáticos.
Uma das provas contundentes que Emmanuel não teria vivido nos tempos de Jesus é a série de contradições e equívocos, vários deles gravíssimos, que contrariam fatos e informações realmente relacionadas à época do jovem ativista judeu e mesmo de tempos posteriores no Império Romano.
Um desses equívocos mostra a completa desinformação que o "mentor" de Chico Xavier tem em relação aos textos bíblicos, entre as quais a suposição de que continuam existindo os textos originais do Evangelho escritos por Marcos, Mateus, Lucas e João.
Esta desinformação consta no livro O Consolador, que Emmanuel, através da pena de Xavier, trouxe para publicação em 1941, pela editora da FEB. O trecho em questão é reproduzido abaixo e os questionamentos que fizemos se baseiam em informações do historiador Lair Amaro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segue o trecho:
"A grafia original dos Evangelhos já representa, em si mesma, a própria tradução do ensino de Jesus, considerando-se que essa tarefa foi delegada aos seus apóstolos".
O que Amaro relata é que os textos originais dos Evangelhos - a gente pode defini-los no plural, Evangelhos, se referirmos às obras individuais, ou no singular, Evangelho, como compilação de todo esse trabalho - não estão mais entre nós, como muitos dos textos e livros que se produziram na Antiguidade e em tempos posteriores, como os de Jesus e boa parte da Idade Média.
Os textos, que já são posteriores à vida de Jesus, teriam sido escritos provavelmente a partir de alguns anos antes da destruição do Segundo Tempo de Jerusalém, em 70 d.C, na chamada Guerra Judaico-Romana que durou de 66 a 73. Esta data seria a época em que Marcos teria escrito o seu Evangelho (nome que quer dizer "boa nova", no grego, a partir da palavra "euangelion").
Há controvérsias sobre se Marcos teria sido o mais antigo ou se ele havia resumido os relatos de outros evangelistas, como Mateus e Lucas (João teria sido o último a escrever um Evangelho). Mas muitos historiadores, em que pese o fato do Evangelho de São Marcos ser o mais curto, afirmam que há fortes indícios de que ele teria sido o primeiro a escrever tais textos.
Neste sentido, Marcos teria influenciado Mateus e Lucas, que teriam se aprofundado nas pesquisas para seus trabalhos, usando os textos de Marcos como fonte primária para os mesmos. A partir dessa hipótese, considerada a mais provável, Marcos teria escrito o Evangelho na primeira década de 60 da nossa era.
No entanto, alguns pesquisadores alegam que os textos do Evangelho de São Marcos aparecem sem registro de sua autoria, o que faz alguns pensarem que nem sequer Marcos teria sido seu autor, sendo, neste caso, uma autoria apócrifa.
Em todo caso, os textos que se preservaram teriam sido reproduções, já que os textos originais, que já não haviam sido escritos em aramaico, idioma falado por Jesus, e eram posteriores à morte do ativista, mas sim em grego, haviam sido perdidos. A cópia mais antiga dos Evangelhos que nos resta data de 125 e é um pequeno fragmento que tem o tamanho de um cartão de crédito.
REPORTAGENS?
Há quem diga que os trabalhos dos evangelistas teriam sido um misto de reportagens com trabalhos de historiadores, embora aspectos mitológicos ou surreais sejam identificados em suas obras, pelo menos da forma de suas traduções mais acessíveis, fontes para os livros que nos são acessíveis atualmente.
Mateus, João Evangelista (obviamente não se deve ser confundido com o primo de Jesus, João Batista) e Marcos teriam convivido com Jesus. Já Lucas não conviveu com o ativista, tendo apenas convivido com apóstolos que haviam sido companheiros de Jesus.
Em todo o caso, os quatro autores colheram diversos relatos de gente que viveu a época, três deles tomaram como base seus testemunhos sobre Jesus e em suas obras inseriram o que compreendiam das lições que o mestre judeu deixou para a posteridade.
Pode até ter que os livros originais tivessem sido uma espécie de reportagens, à sua maneira e dentro do nível de compreensão da produção dos textos. Evidentemente, não existia o jornalismo tal como o conhecemos, mas o processo e o propósito se aproximam do que hoje entendemos como os livros de reportagens.
Além do problema de não se ter mais os textos originais, há também o problema das traduções medievais, sobretudo de uma crença católica criada por imperadores romanos, o que deturpou seriamente os ensinamentos e a natureza de Jesus, já que o Império Romano duplamente eliminou o chamado cristianismo primitivo.
Esse extermínio se deu, primeiro, com a condenação, sob diversas formas, de seus seguidores e pregadores à morte, e, segundo, pela tendenciosa reabilitação de Jesus, feita para atender aos interesses das elites imperiais.
ERROS E ERROS
Portanto, pode-se acreditar que, com as deturpações promovidas pelo Catolicismo medieval, lançado pelo Império Romano, se deu a visão surreal de muitos fatos bíblicos, não só os do Novo Testamento, criando um nível de percepção católico que se tornou dominante e fortemente defendido por seus adeptos, mas no fundo sem qualquer sentido lógico para a realidade daquele tempo.
Há também outros Evangelhos escritos - vários compostos de fragmentos do que pôde chegar aos nossos dias - de apóstolos de Jesus, como os de Pedro, Judas Iscariotes e Maria de Magdala (que teria sido namorada do ativista judeu). Não se entende por que a Igreja não os acolheu na Bíblia, uma vez que são obras de gente que conviveu pessoalmente com Jesus.
Graças a essa situação, a compreensão de Jesus se tornou um tanto atrofiada, reduzindo ele a um misto de mágico, místico e pregador moralista. Nem criar religião foi seu propósito, e hoje diferentes seitas religiosas chegam a fazer confrontos violentos em nome de Jesus.
E se ele havia sido usado como pretextos para atos rigorosamente anti-cristãos, como as condenações mortais dadas a supostos hereges na Idade Média, só isso é suficiente para que se busque a essência de Jesus fora do dogmatismo religioso, através do processo científico - inclusive antropológico e sociológico - que busca entender o que realmente aconteceu nos tempos de Jesus.
Com as pesquisas arqueológicas, sociológicas, historiográficas e antropológicas, se buscará melhor a essência de Jesus bem mais do que o dogmatismo religioso que, em suas diversas matizes, apenas se ocupa em mitificar Jesus, do Catolicismo medieval mais sanguinário ao suposto Espiritismo (o da FEB, o de Emmanuel) dotado ainda de vícios dogmáticos.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Por que o Espiritolicismo exalta tanto o Segundo Império?
É de praxe, no chamado "espiritismo" brasileiro, a exaltação, com o mais explícito entusiasmo, ao Segundo Império. Em especial as figuras de Dom Pedro II e de sua filha, a Princesa Isabel, que aos olhos dos pregadores "espíritas" brasileiros, parecem ter sido dotados de extraordinárias missões humanitárias.
Isso é tão típico que, no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, o louvor aos dois é acompanhado de atribuições tendenciosas de missão divina, quase sobre-humana, e que criou um padrão de abordagem do Segundo Império que se segue até hoje.
A pretensão e os louvores surreais acontecem de tal forma que o próprio livro arriscou-se a dizer que Dom Pedro II teria sido, em encarnação antiga, o intelectual romano Cássio Longino, que teria vivido no território da atual Síria entre 213 e 273 de nossa era.
Nascido Caius Cassius Longinus, ele teria sido discípulo do filósofo neoplatonista (seguidor de Platão) Amônio Sacas, que por sua vez foi mestre de outro filósofo, Plotino. Longino teria sido um escritor bastante produtivo e prestigiado, mas boa parte de suas obras, inclusive as mais prestigiadas, se perdeu.
A pretensão é exclusiva do livro, pois não houve qualquer pesquisa séria que trouxesse algum indício. Mas como no Espiritolicismo funciona o "achismo", o julgamento combinado de seus dirigentes sobre quem foi quem - o que não impede controvérsias, como, por exemplo, dizer quem foi André Luiz em vida - , suposição ganha status de "verdade".
É evidente que D. Pedro II foi um grande apreciador de artes. Era, portanto, uma pessoa culta até acima da médica de sua tradição familiar, tida como de gente de comportamento vulgar. Mas daí a dizer que ele havia sido o filósofo Cássio Longino não parece fazer sentido algum.
E por que o chamado "espiritismo" brasileiro exalta a figura de Dom Pedro II? E por que, no caso da Lei Áurea, os "espíritas" superestimam o documento e a pessoa da filha do imperador, Isabel de Bragança, como se ela tivesse feito um ato extraordinário de humanismo inigualável?
Ora, é evidente voltarmos ao tempo e localizarmos a origem da Federação "Espírita" Brasileira, a roustanguista FEB. Além do próprio interesse em buscar apoio financeiro do Império, há o fato de seu segundo e mais popular presidente, o médico Adolfo Bezerra de Menezes, ter trabalhado como redator de um periódico da Academia Imperial de Medicina.
Bezerra de Menezes, que foi um político do extinto Partido Liberal - partido moderado que existiu no período imperial e cuja extinção se deu com a proclamação da República - , também trabalhou em empreendimentos de implantação de ferrovias e de urbanização de bairros (um deles o de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, a serviço do Barão de Drumond), iniciativas respaldadas pelo governo imperial.
Por isso, mediante as atividades políticas do Dr. Bezerra, que influíram no respaldo imperial aos líderes que fundaram a FEB, é que se pode explicar por que a federação tanto exalta Dom Pedro II e sua filha, que eram apenas políticos de perfil mediano, mas foram definidos pelos "espíritas" como missionários extraordinários da fraternidade humanitária.
A julgar pelos livros de História laicos, o papel do imperador e de sua filha nada tiveram de excepcionais. Não eram figuras políticas ruins ou daquelas que praticassem corrupção abertamente e que tenham a habilidade da demagogia. Mas também seus papéis na transformação do Brasil, embora relativamente expressivos, foram insuficientes para lhe atribuirmos tamanhas missões.
terça-feira, 13 de maio de 2014
"Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" e a escravidão
Hoje já não se considera o 13 de maio como marco da luta contra a escravidão, uma vez que a princesa Isabel, filha do imperador Dom Pedro II, apenas assinou um documento de importância menor, uma vez que não garantiu a inserção do povo negro na sociedade, tirando-o do cativeiro mas jogando-o à própria sorte.
Mesmo assim, cabe aqui mencionar a relação do tema escravidão com o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, que Chico Xavier atribuiu tendenciosamente ao espírito do escritor Humberto de Campos, que, ao que tudo indica, nunca escreveu esse livro.
Afinal, a obra é risível por adotar uma visão um tanto deturpada ao nível dos livros didáticos da época. Sua promessa de ser um livro de vanguarda, no pretexto da aparente inovação do "espiritismo" introduzido poucas décadas antes no Brasil, em nada se cumpriu, pois o livro apenas repete a abordagem caricata e um tanto mofada dos livros de História então ensinados nas escolas.
Nele, o "iluminado" espírito Ismael, tido como o "protetor espiritual" do Brasil, comete o constrangedor equívoco de denominar o país de Terra de Santa Cruz, como os desinformados navegantes comandados por Pedro Álvares Cabral entendiam a terra em 1500. E isso em relatos supostamente psicografados em 1938!
ÁFRICA DEFINIDA COMO SE FOSSE UM INFERNO
A visão do povo africano descrita no referido livro é de uma grande infelicidade. Com uma visão sutilmente racista e paternalista, o suposto diálogo entre Ismael e um Jesus caricato feito nos moldes do catolicismo medieval define o povo africano como "sem consciência".
A África é definida ligeiramente como se fosse um inferno, o povo africano generalizadamente descrito como "sofredor". Não que os africanos não tivessem seus sofrimentos e injustiças, mas a impressão que se tem é que na África, a julgar pelo que o "iluminado" livro descreve vagamente, não há também alegrias, cultura, festividades, organizações sociais.
"Os donatários dos imensos latifúndios de Santa Cruz fizeram-se à vela, escravizando os negros indefesos da Luanda, da Guiné e de Angola. Infelizmente, os pobres cativos, miseráveis e desditosos, chegam à pátria do nosso Evangelho como se fossem animais bravios e selvagens, sem coração e sem consciência", teria dito Ismael no citado diálogo.
Tal visão ignora, por exemplo, que os escravos eram na verdade dominados por negros rivais, em disputas de poder de tribos hostis, mas que antes dessas condições eram um povo organizado, feliz e com clara consciência de suas vidas e suas missões sociais.
Essa consciência se manteve nas mentes dos cativos, se eles pareciam "selvagens" é por causa da profunda revolta de serem tirados de seus locais de origem, onde eram cidadãos livres que já haviam sido capturados por rivais, sem poder reagir contra homens dotados de armas e crueldade que os africanos sequestrados não conheciam.
Em relação ao lamentável processo de exploração e comercialização da mão-de-obra escrava, em que pese admitirem o sentido negativo da escravidão, o Jesus do livro recomenda uma atitude de conformismo e oração, desaconselhando a inconformação com a situação, que será "resolvida" depois, com as "consequências" do livre arbítrio.
Segue um trecho em que se supõe a predestinação de Portugal de "trazer" os africanos para o Brasil, diante da predestinação mecânica de juntar os "povos humildes" no território brasileiro para a formação da "pátria do Evangelho":
"Ismael, asserena teu mundo íntimo no cumprimento dos sagrados deveres que te foram confiados. Bem sabes que os homens têm a sua responsabilidade pessoal nos feitos que realizam em suas existências isoladas e coletivas. Mas, se não podemos tolher-lhes aí a liberdade, também não podemos esquecer que existe o instituto imortal da justiça divina, onde cada qual receberá de conformidade com os seus atos. Havia eu determinado que a Terra do Cruzeiro se povoasse de raças humildes do planeta, buscando-se a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa cooperação fosse efetivada sem o atrito das armas, aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qualquer natureza. A colaboração africana deveria, pois, verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo de minhas amorosas determinações".
Em outro trecho, o suposto Jesus continua recomendando a conformação, contradizendo as próprias qualidades de Jesus de agir contra as injustiças sociais, já que, em verdade, Jesus havia feito, em vida, seu ativismo esclarecendo e instruindo as pessoas: "Não nos compete cercear os atos e intenções dos nossos semelhantes e sim cuidar intensamente de nós mesmos, considerando que cada um será justiçado na pauta de suas próprias obras".
Há ainda a desinformação de que Portugal, naquelas épocas de "descoberta do Brasil" - que sabemos que não houve, porque o Brasil já era um território explorado por outrem e povoado por povos existentes nele desde a Antiguidade - , tal como a Espanha, não tem mais o "povo mais pobre e mais laborioso da Europa", já que a Península Ibérica era uma das regiões ainda atrasadas na Europa, em que pese o progresso que se notava sobretudo na indústria de navegação.
Negros e índios são considerados, no livro, "sub-raças", tratados de forma inferiorizada e paternalista como "sofredores", e as regiões em que viviam eram tidas como "regiões inferiores". Típica visão de preconceito social que, naquela época contaminava a Antropologia, tomada de uma visão etnocêntrica e eurocêntrica, e a História, descrita sob a perspectiva dos vencedores.
Já na época do lançamento do livro de Chico Xavier, o ano de 1938, funcionava plenamente o movimento da Escola dos Annales, dos franceses Marc Bloch e Lucien Febvre, que transformou as pesquisas nas ciências sociais, fazendo com que se considerem e admitam pesquisas sob o ponto de vista de pessoas anônimas e humildes, sem precisar usar o critério da fama ou do poder.
Isso já põe em xeque-mate o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, que se manteve em velhas abordagens, comprometendo seriamente a promessa, não cumprida, de um livro "revelador". Isso porque, fora da órbita "espírita" desse livro, havia gente vendo negros e índios de maneira bem mais realista do que a "iluminada" obra.
Através da Escola dos Annales, podemos ver a situação de negros e índios não mais como "miseráveis", mas como povos diferenciados dotados de suas próprias organizações sociais, com legados culturais admiráveis e estruturas até complexas de parentesco e mobilização político-social, e cujos infortúnios, descontando rivalidades tribais, se devem à ignorância e à tirania dos exploradores europeus.
Quanto ao 13 de maio de 1888, o livro erra por encarar a data de maneira entusiasmada, definindo a atitude da princesa como "espírito magnânimo" e definindo esse dia, de mera assinatura formal de um documento sem efeitos concretos, como a realização dos "mais elevados ensinamentos cristãos". Daí o trecho:
"Por toda parte, espalharam-se alegrias contagiosas e comunicativas esperanças. O marco divino da liberdade dos cativos erguia-se na estrada da civilização brasileira, sem a maré incendiária da metralha e do sangue".
Sabemos que não foi bem assim. Os senhores de engenho ficaram irritados porque caíram no prejuízo, eles, atrasados que eram, tinham na escravidão a sua atividade econômica, e não receberam sequer orientação e investimentos para se adaptarem à Revolução Industrial tardiamente a ser introduzida no país. E mesmo os abolicionistas acharam a Lei Áurea muito frouxa e ineficaz.
A sociedade ficou como está, sendo necessárias outras pressões sociais para que progressos pudessem ser conquistados. Porque, se for pela Lei Áurea, tão exaltada pelos louvores febianos, os negros eram jogados à própria sorte, apenas mudando o contexto de sua marginalização social, propiciando o aumento do trabalho informal e mal-remunerado, da favelização e até da violência.
Portanto, o paternalismo um tanto racista do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho vai contra a História que comprovou que a Lei Áurea foi insuficiente para promover a emancipação social do povo negro no Brasil. E mescla ao seu moralismo religioso a falsa cordialidade bem comum àqueles que querem disfarçar os sentimentos racistas em nosso país.
domingo, 11 de maio de 2014
Allan Kardec sempre recomendou questionar processos mediúnicos
O pedagogo Allan Kardec, seguidor do processo investigativo de René Descartes, para o qual a dúvida é o caminho que se leva à busca da verdade, sempre recomendou o questionamento de processos mediúnicos que não receberam uma comprovação definitiva.
O questionamento não é uma atitude ofensiva, mas uma forma honesta de perguntar se tal processo ocorreu, se o modo que ele ocorreu, se isso o foi de fato, foi adequado, e é uma forma de buscar a veracidade, trazendo segurança para as pessoas.
Infelizmente, as "palavras de amor" viraram uma grande desculpa para que boa parte das supostas mensagens espirituais no Brasil sejam divulgadas sem qualquer verificação do processo. A coisa ficou tão sem controle que basta alguém com um mínimo de prestígio escrever qualquer mensagem simpática e atribuir a autoria de um falecido ilustre para qualquer um acreditar.
Até mesmo Ayrton Senna foi usado em supostas psicografias, incluindo uma composição musical (?!?!) para sua ex-namorada Xuxa, e livros como O Podium da Imortalidade. Pouco importam as contradições e os equívocos, se as mensagens "fraternais" permitem todo tipo de erro e irregularidade. "Palavras de amor" servem para "perdoar" todos os erros existentes, por piores que sejam.
Não é assim que se deve acontecer. É até perigoso um processo mediúnico ocorrer dessa forma tão sem controle ou verificação. Sim, porque as "palavras de amor" não podem perdoar todo tipo de erro, elas podem até ser muito perigosas para a relação entre os espíritos do além e os entes que havia deixado.
O "espiritismo" brasileiro esqueceu Allan Kardec, na essência de suas lições e conselhos, nem sempre agradáveis aos festivos "espíritas" brasileiros. O professor deixou claro, em seus livros, sobretudo O Livro dos Médiuns, que corresponde ao assunto desta postagem, sobre todo tipo de cautela que se deve fazer em relação à mediunidade.
Embora Kardec tenha vivido em tempos de tecnologia mais atrasada em relação a hoje, suas advertências são sempre atuais, porque correspondem ao raciocínio humano e a uma cautela rigorosa que se expressa como um conselho atemporal, porque não é uma questão de valores do tempo, mas de expressão de honestidade e busca pela veracidade que nunca se tornam antiquadas.
O "espiritismo" brasileiro, ou Espiritolicismo, é que tentou tomar por "antiquados" os conselhos de Kardec. Qualquer um hoje finge algum transe, escreve qualquer livro melodramático com mensagens supostamente fraternais e bota o nome de um espírito e inventa trajetórias passadas. O "espiritismo" brasileiro virou a Casa da Mãe Joana. Joana de Angelis!!!!
E por que isso é perigoso? Porque os espíritos do além, que, do contrário que crenças religiosas antigas, merecem ser ouvidos por nós e, dependendo do caso, um contato de um espírito falecido com quem está vivo hoje em dia pode ser saudável e proveitoso, o que poderia ser comprometido com algum desvio de conduta no processo mediúnico.
Isso porque, sem qualquer controle ou verificação da mediunidade, há o sério risco de um espírito farsante, ou mesmo de um falso médium (quando este apenas elabora uma mensagem ou livro de sua própria imaginação), se passar pela figura falecida, o que pode trazer consequências bastante dolorosas.
Só esse processo de falsidade ideológica pode entristecer o espírito do falecido, porque este se vê impossibilitado de se comunicar com seus entes queridos. Um outro alguém se passa pelo falecido, e a mensagem enviada por esse farsante, na medida que é legitimada pelos vivos aqui na Terra, até mesmo pelo status simbolizado pelo seu divulgador, cria sérios problemas para o ente que já se foi.
Imaginemos. Você mora distante de seus pais e você espera mensagem deles sobre como está a vida deles longe de você. Mas um picareta que você não sabe quem é imita a caligrafia de sua mãe e escreve uma carta com mensagens dóceis, numa carta falsificada que chega em suas mãos. Você vai acreditar que essa carta é verdadeira, só porque mostra mensagens amorosas?
Nesta ocasião, se a farsa for descoberta, seus pais ficarão muito tristes com o ocorrido. Eles foram impedidos de mandar uma mensagem antes que o farsante mandasse a sua. E todo o sentimento afetivo é desviado por uma mensagem falsa, por uma fraude que corrompe as emoções, criando um clima que nada tem de verdadeiro.
É a mesma coisa na mensagem mediúnica. Pouco importa se é alguém bastante badalado como Chico Xavier e Divaldo Franco. Eles, que já tiveram sérias acusações de plágios e cujas obras psicografadas entram em graves contradições de conteúdo com o que seus supostos autores fizeram enquanto foram vivos, não podem estar acima de qualquer necessidade de verificação das mensagens espirituais.
Em outras palavras, Chico e Divaldo nem de longe são pessoas confiáveis. E se eles inventam mensagens supostamente atribuídas a espíritos falecidos, por que temos que acreditar neles mais do que de qualquer necessidade de buscar a lógica e a veracidade?
Há o risco de entristecermos se nossos entes que se foram, porque não são eles que dão o recado que atribuímos a eles, mas muito provavelmente de espíritos imitadores, verdadeiros parodiadores, que se aproveitam da boa-fé das pessoas e da credulidade dada aos "médiuns" da Terra para mandarem mensagens de "amor e fraternidade".
Existe até a combinação desses espíritos zombeteiros, da qual podemos imaginar até algumas frases ditas entre eles. "Você começa a mensagem mais ou menos dizendo 'Irmãos, uni-vos nessa esfera de amor e caridade'. O pessoal sai acreditando", diz um. "É só dizer que está bem, que sofreu muito, e carregue nas palavras fraternais que os leitores sairão da sala chorando de agradecimento", diz outro.
No entanto, é uma fraude das mais perigosas que, não obstante, podem provocar o afastamento daquele espírito querido do qual os entes que ele deixou queriam tanto se comunicar. "Ninguém liga para mim. Vai um farsante se passando por mim que escreve qualquer coisa e as pessoas gostam. Se não dá para eu mandar mensagens para meus queridos, não sei o que estou fazendo aqui", dirá ele.
Por isso Allan Kardec recomenda a "incômoda" e "desagradável" necessidade de verificar as mensagens espirituais. Com base em suas lições, pacientemente escritas, com a maior clareza possível, em O Livro dos Médiuns, é necessário desde o conhecimento da vida pregressa dos espíritos manifestantes como averiguar se essas mensagens não apresentam alguma contradição ou equívoco em relação aos autores a que elas são atribuídas.
Isso nada tem de ofensivo. Pouco importa o aparente prestígio do médium. Se a mensagem apresenta uma contradição em relação ao espírito que ela lhe é atribuída, sua validade se anula, pouco importando as "palavras de amor" nelas expressas.
Segundo Kardec, é melhor que se recusem dez verdades do que aceitar uma mentira. O rigor científico deve vir em primeiro lugar, porque a honestidade está acima de "palavras de amor". Só depois de verificar as mensagens espirituais, com cuidadoso senso investigativo, é que se dirá se tais mensagens são verdadeiras ou não. Os espíritos do outro lado agradecem.
sábado, 10 de maio de 2014
A questão da suposta psicografia de Silveira Sampaio
Uma das figuras pouco conhecidas da primeira fase da televisão brasileira (1950-1964), o apresentador de TV, ator, diretor teatral, humorista e dramaturgo Silveira Sampaio (1914-1964), só é conhecido pelas gerações posteriores a essa fase pelas obras espiritualistas atribuídas a ele.
São quatro livros, registrados pela médium Zíbia Gasparetto, intitulados Bate-papo com o Além (1969), O Mundo que eu Vivo (1985), Pare de Sofrer (1997) e O Repórter do Outro Mundo (2007). Aparentemente, os títulos mostram um estilo parecido com a narrativa de Silveira Sampaio, e a Fundação Biblioteca Nacional atribui os registros como os do próprio autor.
Em todo caso, os livros deveriam pelo menos constar de uma verificação que fosse de conhecimento do grande público. Isso porque, embora diga-se que tenham havido pesquisas de verificação, as mesmas não eram de conhecimento público e também muitos discutem se essas pesquisas ocorreram ou como ocorreram.
Nota-se que os livros mostram o habitual panfletarismo religioso, típico das obras supostamente psicografadas, como se a única intenção do espírito de alguém falecido fosse a pregação religiosa e uma certa terapia moral e psicológica.
O próprio Silveira Sampaio, nos últimos anos, carece de maior atenção à sua trajetória artística. Nascido no Rio de Janeiro, ele foi um dos pioneiros dos talk shows, lançando, na TV Rio, em 1957, o programa SS Show. Outro programa, Bate-papo com Silveira Sampaio, também lançado no mesmo ano, fazia entrevistas em tom humorístico com personalidades políticas.
Certa vez, popularizado pelo bordão "Carlos, meu filho, não faça isso", depois de comentar os atos do governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que havia sido colega de faculdade de Silveira, um sério incidente foi criado. Lacerda mandou ocupar os estúdios da TV Rio e Silveira se transferiu para São Paulo, produzindo seus programas nos estúdios da TV Record, parceira da TV Rio nas Emissoras Unidas.
Silveira Sampaio também assinava colunas de comentários políticos, principalmente na Folha de São Paulo. É autor de várias peças de teatro, algumas adaptadas para o cinema. Nos seus programas de TV, ele contou com a colaboração de um humorista que hoje é bem conhecido, Jô Soares, que afirmou que, juntamente com David Letterman, sua influência como entrevistador foi Silveira Sampaio.
Infelizmente não há conhecimento de imagens desses programas que foram mantidas hoje. O YouTube até começa a resgatar a memória dessa fase inicial da televisão brasileira, entre 1950 e 1964, aproveitando o que restou de um material que se perdeu em incêndios e videoteipes desgravados. Não se sabe se algum registro de Silveira Sampaio foi preservado.
Seria muito melhor que pudéssemos recuperar o Silveira Sampaio dos textos teatrais, nas suas atividades de ator, diretor, produtor e cronista político, e aprofundar nas informações sobre sua atividade de apresentador de televisão.
Uma boa sugestão seria alguém lançar um livro biográfico sobre ele, que teria feito 100 anos este ano e 50 de falecimento. Além de ser uma bela homenagem, seria um meio de apresentar Silveira Sampaio para as novas gerações.
Seria muito melhor resgatarmos o que Silveira Sampaio fez e significou em sua breve vida. Aí é que depois se torna possível comparar sua trajetória com os livros mediúnicos e darmos um parecer mais exato sobre isso. Por enquanto, se usarmos o método de Allan Kardec, o legado mediúnico atribuído a Silveira Sampaio ainda se constitui uma lacuna para quem quer conhecê-lo realmente.
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