quinta-feira, 5 de março de 2015

"Exército de Cristo" cria ameaça de fundamentalismo religioso


Uniformes com camuflagem de soldados do exército e propagandas mostrando soldados de capacetes ou cavaleiros com armaduras dão o sinal de alerta. O "Exército de Cristo", lançado pela Igreja Universal do Reino de Deus, é a novidade que está sendo discutida nos últimos dias na imprensa e nas mídias sociais.

A propaganda diz que o "verdadeiro cristão" é "um guerreiro" e convida a sociedade para participar dessa "batalha da fé". O discurso evoca jargões militares, e compara a militância religiosa a uma guerra, feita para fortalecer o referido movimento religioso.

Tentando comparar o movimento "Exército de Cristo" ou "Gladiadores do Altar", que é o nome adotado por um grupo organizado pela IURD, a um movimento escoteiro, o "movimento" tenta desmentir o aspecto violento e belicista de sua ideologia:

1.       Gladiadores do Altar é um projeto da Igreja Universal do Reino de Deus de orientação e formação de jovens vocacionados para a propagação da Fé Cristã, que funciona desde janeiro de 2015.

2.       A disciplina que o projeto Gladiadores oferece aos seus membros é apenas aquela espiritual.

3.       Seus membros são voluntários da Força Jovem Universal, programa social que conta com milhões de jovens em todo o Brasil e em outros países e que desenvolve atividades culturais, sociais e esportivas para auxiliar no resgate e amparo de populações de rua, viciados, jovens carentes e em conflito com lei.

4.       A Força Jovem também promove campanhas de doação de sangue, de alimentos, roupas e livros para comunidades carentes e para clínicas de recuperação.

5.       Realiza ações de conscientização e cidadania – como o incentivo ao jovem que obtenha o título de eleitor.

6.       Oferece cursos profissionalizantes gratuitos a pessoas carentes e as encaminha ao mercado de trabalho.

7.       Apoia socorristas em situações de emergência e tragédias, com a entrega de água, alimentos e outros materiais necessários.

O grande problema, também, não é o discurso "filantrópico". O discurso "pacifista" muitas vezes mascara o caráter impulsivo que tais crenças incutem nos seus seguidores, que podem desenvolver um histeria que pode gerar atos extremistas, algo que "ideais de amor e paz" não impedem.

O deputado e jornalista Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi um dos primeiros que perceberam a armadilha que está por trás do discurso militarista e fez o seguinte comentário: "O militarismo se constitui na presença de um inimigo. Afinal, quem é esse inimigo? Será que a prática atenta contra a diversidade sexual e religiosa?".

Jean foi rebatido pela Igreja Universal, que definiu seu comentário como "burrice" e alegou que os "Gladiadores do Altar" não constituem em movimento "militar", embora não desse qualquer explicação sobre a evocação de imagens de guerra em seus vídeos.

O que se sabe é que o fundamentalismo religioso não surge por decreto. Ele surge de maneira "acidental", quando seus seguidores se sentem contrariados diante de suas atitudes de impor a supremacia de suas crenças.

O perigo não está, portanto, nos enunciados, porque todos os movimentos autoritários e segregadores sempre veem com enunciados positivos, de grande elevação social ou coisa parecida. Mas, quando eles encontram algum obstáculo para seu crescimento de poder, aí é que surgem manifestações de ódio e de violência.

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