FOTO DA CARTEIRA DE TRABALHO DE WILSOM DE OLIVEIRA.
Um caso de irregularidade na aparente psicografia de Francisco Cândido Xavier pode ser observado no caso do jovem Wilsom de Oliveira, já descrito pelo blogue Obras Psicografadas. O jovem, nascido em 12 de outubro de 1946, teve curso de torneiro-mecânico incompleto, interrompido depois de terminar o 2º ano.
Ele nasceu em Barretos, cidade do interior paulista, e viveu em Jundiaí. Em maio de 1963, decidiram retornar a Barretos, mas as dificuldades e empecilhos fizeram com que a família se limitasse a dar um passeio na Fazenda do Ipê, em outra cidade paulista, Itatiba, quando, ao mergulhar numa pequena represa, Wilsom se afogou, tendo sido socorrido inconsciente, morrendo duas horas depois no dia 04 de maio de 1963.
Em 28 de junho do mesmo ano, na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba - cidade que a família de Wilsom se interessou em migrar, mas o jovem recusou - , uma mensagem atribuída ao espírito de Wilsom foi divulgada por Chico Xavier, depois deste ter recebido uma mensagem do seu mentor, Emmanuel.
Diz a referida mensagem:
Orientação
Querida Mamãe,
peço à senhora para me abençoar. Venho com o tio José rogar ao seu coração paciência e calma. Lembre-se, mamãe, do papai, dos meninos, de nós todos. Precisamos da sua coragem e da sua fé em Deus. Não pense que a minha partida pudesse ser evitada sem o nosso passeio. Tudo obedeceu às leis de Deus. Estou mais forte, mas precisando de seu auxílio; o auxílio de sua conformação. Mamãe, ampare as crianças sofredoras, trabalhe para o bem. Não mudem por minha causa. Jesus está em toda a parte. Para a senhora, papai, e os irmãos queridos, todo o carinho. Seu filho Wilson de Oliveira.
FAC-SÍMILE DA MENSAGEM ATRIBUÍDA AO ESPÍRITO DE WILSOM.
O caso teve repercussão internacional e foi publicado em um livro do escritor G. Victor Levesque, Miracle Cures for Millions, em 1964, publicado pela Editora Bloch com tradução de Paulo Perdigão.
O Anuário Espírita 1964 também publicou o caso, mas escreveu errado o prenome, escrevendo Wilson. Mas os familiares haviam escolhido Wilsom mesmo, ou talvez o escrivão do cartório tenha assim escrito. O que se sabe é que o prenome terminava com "m", mesmo.
DETALHE DA CARTA SUPOSTAMENTE PSICOGRAFADA, COM ASSINATURA "COLADA" COM O FINAL DO TEXTO.
O médico-legista Elias Barbosa, amigo de Chico Xavier e sem relação com o advogado Milton Barbosa que representou os herdeiros de Humberto de Campos (que processaram Chico), alegou que havia "semelhanças" entre as duas assinaturas, escrevendo o seguinte parecer na reportagem publicada no Anuário Espírita 1964:
"A fim de que possamos comprovar a veracidade do fato que ora expomos, não somente pelo que ele tem de confortador — provando uma vez mais que a morte não cessa no túmulo —, com vistas à documentação, necessária sempre, solicitamos ao leitor observar a semelhança da assinatura de Wilson quando entre os encarnados e a de Wilson após a desencarnação, através da psicografia, perante centenas de pessoas".
Vamos lá. Numa vista apressada, alguém pode pensar que as assinaturas são idênticas, mesmo, mas o próprio blogue Obras Psicografadas já fez o seguinte comentário sobre as diferenças que existem entre uma assinatura e outra:
"Há algumas semelhanças, mas as diferenças são óbvias. O último traço do “W” no original vai bem para cima, enquanto na psicografia não. O “l” na psicografia começa da base, e no original começa do alto. Na psicografia a barriga do “d” quase não existe, enquanto no original é bem saliente. O “O” de “Oliveira” na psicografia é bem gordo, não atravessando a base, enquanto que no original o “O” é fino e atravessa a base. Além disso, no original o “v” está separado da letra seguinte, o “e”, enquanto que na psicografia estão juntos".
Voltando ao médico Elias Barbosa, ele foi o mesmo que não viu qualquer indício de fraude no caso de Otília Diogo, delito que foi, todavia, confirmado por uma reportagem de O Cruzeiro em 1970, incluindo localização do material usado por Otília para fazer seus truques de ilusionismo, travestidos de materialização, num processo claramente apoiado por Chico Xavier.
Quanto à assinatura, percebemos que ela teria sido colocada posteriormente, por representar uma assinatura inserida numa mensagem que tomou, sem necessidade, o espaço do final da folha, já que mais acima sobrou espaço.
A mensagem como um todo parece ter a caligrafia do próprio Chico Xavier, mas a assinatura abaixo traz dúvidas disso, podendo ser de um colaborador do "centro espírita". As referidas diferenças descritas por Obras Psicografadas também foram observadas por nós, e a assinatura parece bem garranchada e feita sob o intuito de imitação da assinatura original.
Nota-se que, na assinatura "psicografada", o "s" parece desenhado como que tentando imitar a letra original, sem consegui-lo de fato. Tanto é a trapalhada que o "o" maiúsculo pareceu escrito de maneira nervosa, com a letra tremida e larga.
Isso comprova que não são as semelhanças em si que garantem a veracidade, mas as diferenças que fazem uma réplica entrar em séria contradição com a fonte original.
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