quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O desespero de "espíritas" em tentar salvar Chico Xavier


A doença infantil do "espiritismo" brasileiro tem nome: Francisco Cândido Xavier. Ninguém quer perder o "bom velhinho", e o que se fez de apelação, no ano passado, para manter o anti-médium mineiro no seu pedestal não está no gibi, nem mesmo se "psicografado".

Há quem acredite que dá para ser fiel a Allan Kardec e a Chico Xavier ao mesmo tempo, repudiar Jean-Baptiste Roustaing e venerar Xavier, defender o espiritismo científico das bases originais mas manter seu chiquismo em dia, e esconder algumas ideias de Emmanuel e André Luiz por debaixo das obras básicas.

Grande ilusão. O preocupante apego a Chico Xavier e toda a aflição em ver abalado esse totem, falecido em 2002, mas convertido em "guia máximo" da espiritualidade brasileira, a todo preço, nem que seja na marra.

O erro deixou-se crescer e se multiplicar em 70 anos, tudo porque juízes não conseguiram entender os propósitos da ação judicial. Talvez a cautela tenha prejudicado o processo judicial, porque os herdeiros de Humberto de Campos até que foram melindrosos demais com o "humilde" caipira que se tornava portador de dons paranormais.

Os herdeiros, em sua ação judicial, queriam apenas saber se a obra atribuída a Humberto de Campos era ou não realmente de seu espírito, e que, caso positivo, os familiares receberiam pelos direitos autorais, mas, no caso negativo, seria proibido a Chico Xavier e a FEB usar o seu nome.

O caso provocou grande repercussão na mídia, mas os juízes entenderam que o caso não procede, porque a Justiça dos homens só se especializava em obras que os falecidos já haviam produzido em vida. Eles entenderam que não era de alcance jurídico as obras que teriam sido inéditas pela obra de espíritos já mortos, ainda que em tese.

O empate jurídico se deu porque o enunciado do processo poderia ser outro. O advogado dos herdeiros de Humberto, Milton Barbosa, já identificou irregularidades na suposta obra espiritual, incluindo cacófatos, vocabulário mais rudimentar e narrativa menos elaborada.

E nós, deste blogue, ainda identificamos que a linguagem do "espírito Humberto" destoa totalmente da narrativa que o escritor maranhense produziu em vida. Mas aí, esse reconhecimento foi tardio demais e Chico Xavier ainda conseguiu seduzir a mãe de Humberto, Ana de Campos, que, tomada de emoção, se enganou com a falsa impressão de que os estilos eram idênticos.

CHICO MAIS PARECIA LUTADOR DE UFC

Chico Xavier mais parecia lutador de UFC (Ultimate Fight Campeonship), querendo brigar com a ética, com a lógica dos fatos e, mesmo depois de morto, chegar incólume a todo tipo de batalha travada diante de irregularidades apontadas em sua aparente mediunidade.

Enquanto "molemente" dizia que preferia recolher no silêncio da oração, diante de acusações de irregularidades e mesmo de provas de fraudes cometidas - como os famosos plágios de livros apontados em "psicografias" - Chico parecia prevalecer sobre tudo e todos, como se quisesse derrubar as barreiras até do realismo, da lógica e de todo tipo de investigação.

Chico era jogado para ficar acima de tudo e de todos. Oportunista, quis até mesmo se aproveitar da crise do roustanguismo para divulgar supostas mensagens espirituais de Bezerra de Menezes pedindo para "kardequizar", a exemplo do que também fez outro oportunista, Divaldo Franco.

Chico Xavier nunca foi de apreciar as ideias de Allan Kardec, a coisa que ele menos foi em toda sua vida foi seguidor de Kardec e o anti-médium mineiro sempre foi um católico fervoroso, porém heterodoxo, já que a FEB queria superestimar o conflito entre "espíritas" e católicos, já que seu "espiritismo" sempre foi feito para agradar os católicos.

O anti-médium, tal qual um personagem de uma obra surreal - pense em Franz Kafka, Luís Buñuel, Salvador Dali ou mesmo o nosso Stanislaw Ponte Preta e seu FEBEAPÁ (FEB?) - , foi associado ao "mais autêntico kardecismo brasileiro" e atribuído a uma suposta capacidade de romper com a Igreja Católica mesmo sendo fervoroso aos seus dogmas e crenças.

Está tudo ali, no Pinga Fogo da TV Tupi de São Paulo, transmitido para milhares de pessoas em 1971. Chico Xavier defendendo a ditadura militar, afirmando sua devoção ao Catolicismo, mostrando sua espiritualidade conservadora e mais mística do que racional. E há quem queira colocar Chico Xavier como "discípulo autêntico" de Kardec que apenas "cometeu uns errinhos"!

AS APELAÇÕES

Nunca, em 2014, se fez tanto para tentar salvar Chico Xavier. Isso a partir de suas frasezinhas dóceis publicadas no Facebook, desses receituários sem muita importância que pedem que nós soframos em silêncio, substituindo a indignação pela oração.

Se somos injustiçados, que nos danemos, vamos chorar pelos cantos (no máximo 15 minutos, como manda dona Joana de Angelis), sorrir depois por nossos próprios sofrimentos e achar que nossas piores angústias são o melhor dos prêmios.

Mas pouco importa de Chico Xavier, à maneira do Amigo da Onça, expressava algum prazer pelo sofrimento alheio. Ele é permanentemente ajudado, por sítios espiritólicos, por outros aparentemente "mais kardecistas" e outras mídias "independentes" que não sabem metade das histórias sombrias que cercam Chico Xavier.

E aí, o que tivemos? A interpretação um tanto oportunista de um antigo sonho que Xavier, como qualquer pessoa, teve quando dormiu, num belo dia de 1969, e que foi transformada em "previsão científica" dos rumos da humanidade no Planeta Terra. Umas poucas horas de nada transformadas em previsão de meio século de transformações geológicas e geopolíticas, vejam só!!!

Agora são as cartinhas atribuídas a Jair Presente, das quais se observa logo de cara a fraude, pois a primeira mensagem mostra um Jair religioso demais, como se acabasse de fazer a primeira comunhão na Igreja Católica, e, num espaço de cinco meses, ele se transforma num doidão paranoico que acabou de sofrer uma ressaca depois de uma "viagem psicodélica".

E vieram coletâneas da FEB e até um livro "inédito" de mensagens amorosas de "diversos espíritos", reforçando o mito de "conselheiro sentimental" de Chico Xavier, agora promovido não só a dublê de filósofo ou de profeta, mas agora como "cientista" que prevê os rumos da humanidade através de um sonhozinho confuso de nada.

Mas tudo é feito para salvar Chico Xavier e mantê-lo em seu pedestal, nem que seja na marra. Vale até mandar mensagem atribuída ao espírito de Che Guevara com texto que lembra mais a de um secretário do papa no Vaticano.

Xavier foi como uma espécie de "câncer" para a Doutrina Espírita no Brasil. Um tumor que parecia até benigno há 70 anos atrás, mas como não foi removido ele cresceu e tornou-se maligno. E muitos ficam tristes quando se fala em remover esse tumor. Há quem fique por demais impressionado porque a palavra "tumor" rima com "amor"...

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