sábado, 10 de fevereiro de 2018

"Espiritismo" brasileiro virou um grande Carnaval

CARNAVAL NO UMBRAL, O "PARAÍSO" DOS "LÍDERES ESPÍRITAS" QUE SE ACHAM "ILUMINADOS" PELAS PAIXÕES RELIGIOSAS DA TERRA.

A moral do "espiritismo" brasileiro fala tanto que o Carnaval é o período de vibrações espirituais inferiores, onde os chamados "espíritos do umbral" se sentem atraídos pelas ruas das grandes cidades ou do interior e se inserem na folia vivida pelos encarnados.

Mas esquecemos que o "espiritismo" brasileiro, deturpado, se identifica com o próprio umbral que idealizou, pois é nas zonas inferiores que se dirigem os próprios palestrantes e "médiuns" que, pelas paixões religiosas da Terra e pelo aparato artificial de palavras melífluas e mensagens igrejeiras, se alojam nessas zonas, decepcionados por não terem entrado no Céu para o "banquete dos puros".

Sim. Isso mesmo. Os "espíritas" que as paixões religiosas terrenas, com a devoção catártica garantida pelo "bombardeio de amor" e pelas fascinações obsessivas pelos "médiuns espíritas" e seus apelos emotivos exagerados e entorpecedores - elas trazem sensações que parecem boas e elevadas, mas são alucinógenas - , definem seus ídolos e pregadores como "espíritos de luz", não conseguem imaginar que, no retorno à "pátria espiritual", eles são os que mais povoam o que conhecem como "umbral".

Umbrais não existem, mas diante das decepções de muitos espíritos no retorno ao mundo espiritual - que apresenta uma realidade muito diferente do que tinham certeza que encontrariam - , eles se tornam "ambientes sociais" cujo aspecto "material" nos é desconhecido e misterioso, e podemos inferir que é bem diferente do que se supõe ser na Terra as zonas inferiores e sombrias.

Tantos ídolos "espíritas" sentiram um choque violento quando, eleitos "espíritos de luz" pelas paixões religiosas terrenas, achavam que, pelo menos, seriam designados por "Nosso Senhor" Jesus Cristo para apenas completar a missão reencarnatória com uma ou duas encarnações a mais, a pretexto de cumprir tarefa "missionária". Uns, no entanto, acreditam que já têm o ingresso garantido no "banquete dos puros", não precisando mais reencarnarem.

Muitos acreditam que Francisco Cândido Xavier foi direto para o "reino dos puros". Crendice de fanáticos religiosos que não condiz à realidade. Chico Xavier foi o que mais contribuiu para a desonestidade doutrinária que atingiu o Espiritismo e, portanto, foi o maior causador de tanta desordem e licenciosidade que ele nunca teria sido "sugado", como se acredita, para conviver com Jesus de Nazaré como se tivesse sido seu amigo de infância.

A verdade, porém, é que Chico Xavier tomou um choque muito violento quando retornou ao mundo espiritual, encerrando junho de 2002. Achou que seria recebido por parentes, amigos, por autoridades do Universo e por Jesus de Nazaré, e seria sugado como um pedaço de papel por um superpotente aspirador de pó, desses que "chupam" objetos leves.

Não. Chico Xavier sofreu uma decepção traumática, um choque comparável ao que tiranos como Adolf Hitler, por motivo bem diferente, sofreram. Talvez mais, pois Hitler teria melhor se preparado para a decepção no mundo espiritual. Até o magnata "boa vida", o famoso Jorginho Guinle, teria voltado ao mundo espiritual bem mais tranquilo e feliz que Chico Xavier.

Ficamos imaginando como seria Divaldo Franco levando um choque ao saber que, quando ele retornar ao mundo espiritual, não encontrará uma edição "paradisíaca" do Você e a Paz, com corais de anjos entoando cânticos de paz, as autoridades do Universo e o próprio Jesus, "sempre obrigado" a se preparar para acolher os "médiuns espíritas", presente para chamar cada um destes para o "Reino dos Puros".

Não. Divaldo Franco voltará ao mundo espiritual como o mais ordinário dos ordinários, como nos alertou com muita sabedoria Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo, sobre as pessoas que se acham grandiosas pelas paixões terrenas e, quando morrem, retornam ao mundo espiritual chocados com a imagem "apequenada" que no fundo desenvolveram com seu orgulho e presunção.

FARRA COM OS MORTOS

O "espiritismo" brasileiro tornou-se um grande Carnaval. Há uma verdadeira farra feita com os mortos, e criam-se mensagens fake atribuídas a mortos de todo tipo. E, contrariando o Conselho Universal dos Ensinos dos Espíritos, existem no Brasil até supostos médiuns que se dizem "especializados" nos mortos de sua escolha.

Adriano Correia Lima, o "médium" carioca do Facebook, já inventou "psicografias" atribuídas a filósofos de origem germânica do século XX sem ter o cuidado de lançar em texto original em inglês. As vítimas foram Hannah Arendt, Alfred Schutz e um Erich Fromm que "escreve" como se fosse um youtuber montando um blog. Nenhum deles com texto em alemão ou em português, e, ainda por cima, defendendo o Brasil como suposta nação a liderar o mundo.

Isso é risível, quando se sabe que os EUA dominam o mundo e, se existe outra nação que ameaça concretamente a sua supremacia, é a China. No "concerto das nações", o Brasil, no contexto do golpe político iniciado em 2016 e apoiado pelos próprios "espíritas" - que elogiaram a Operação Lava Jato, o Movimento Brasil Livre, o governo Michel Temer, as reformas trabalhista e previdenciária e a Escola Sem Partido - , voltou à situação subordinada de subnação subdesenvolvida.

Virou bagunça. Hoje, qualquer oportunista que alojar pobres e doentes numa casa qualquer, a título de "assistência social", tenha considerável prestígio social e uma carreira razoável de palestrante ou escritor pode criar uma mensagem fake, botar a autoria no morto que escolher e tudo é livremente aceito, como se o morto tivesse realmente escrito as bobagens que, em verdade, não teria a menor coragem nem o mínimo interesse em escrever.

De repente podemos ter Dolores O'Riordan carregada de igrejismo dizendo que o Brasil, e não a Irlanda, terá uma posição dominante na comunidade das nações da Terra, e a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva implorando para ninguém votar em Lula para evitar conflitos desnecessários na nação brasileira "comprometida com os ideais cristãos". Ver Marisa Letícia "rebaixada", em supostas psicografias, a cabo eleitoral de Luciano Huck é dose.

Infelizmente, porém, é uma grande farra. O "médium" se disfarça do morto que escolher. Infelizmente, tudo é livre e há casos em que os próprios familiares caem na pegadinha do falso morto em "mensagem espiritual", esquecendo que eles próprios ofereceram informações para rechear, via "leitura fria", as supostas psicografias. Pior: em nome da "caridade" e das "mensagens positivas", vale usar qualquer fake, até Ronnie James Dio "escrevendo" como se fosse um capelão de Jundiaí.

O "espiritismo" brasileiro virou uma religião dos que "fazem o que querem". Traem Allan Kardec e têm o cinismo de dizer que cumprem "fidelidade absoluta" e "respeito rigoroso" ao seu legado, e ainda cobrando dos outros a fidelidade que não possuem? E ainda condenam a "vaticanização do Espiritismo" dos outros, porque a deles eles apoiam com muito gosto e sem o menor escrúpulo.

Os "médiuns" se fantasiam dos mortos. E, claro, os "mortos" aparecem meio abobalhados. Cazuza "aparece" no mundo espiritual como se quisesse ser o "Sérgio Malandro do além-túmulo". Raul Seixas, agora chamado Zílio, "aparece" como um abobalhado beato religioso apegado ao misticismo que o roqueiro baiano abandonou ainda em vida. E Noel Rosa "aparece" como um igrejeiro ingênuo que só quer "fazer caridade", dentro daquela concepção paliativa do Assistencialismo.

As reuniões nas "casas espíritas", principalmente as "mediúnicas", são verdadeiras orgias carnavalescas, verdadeiras folias. As reuniões comandadas por Chico Xavier eram verdadeiras catarses coletivas, não muito diferente das orgias carnavalescas mais mórbidas, com o agravante que as catarses emocionais e os êxtases mais sombrios não são obtidos pelo contexto do sexo, do álcool nem das drogas e as vaidades e ambições não são movidas por dinheiro, o que não sugere que tais sensações sejam melhores nas "casas espíritas", muito pelo contrário.

Essas sensações são agravantes porque são feitas sob um aparato de sobriedade e relativa lucidez. São sensações mórbidas, que combinam êxtase, catarse e sensações de ansiedade, obsessão e euforia de forma semelhante às das orgias carnavalescas, mas sem o combustível das drogas, das bebidas alcoólicas nem do erotismo. Isso é muito grave, porque se obtém as mesmas sensações mórbidas e sombrias, só que disfarçadas de "serenidade", "emoções sublimes" e "energias elevadas".

Tudo isso é doentio. Quem fosse entrar nas reuniões comandadas por Chico Xavier, deveria prestar atenção nas energias vibratórias bastante pesadas nesses ambientes. Eles não se resultam de "irmãozinhos endurecidos" que "vieram para aprender novas lições", mas da própria natureza do "espiritismo" brasileiro e do "médium" que havia cometido irregularidades graves em sua carreira, motivada pelo arrivismo religioso.

Não se deve esquecer que o próprio Chico Xavier tinha um semblante muitíssimo pesado. Em 1935, uma foto com o "médium" olhando de frente, publicada em O Globo, expressava um semblante muito maligno. No programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo, em 1971, o "médium" expressava um semblante muito ranzinza, alternando expressões mal-humoradas com olhares irônicos.

O "espiritismo" brasileiro faz uma farra com os vivos e os mortos, "urinando" no caminho deixado por Allan Kardec e se fantasiando dos mortos que forem escolhidos por cada "médium". Dá migalhas para o povo pobre a título de "Assistência Social" mas faz mero Assistencialismo não muito diferente dos tendenciosos quadros "sociais" do Caldeirão do Huck, apresentado pelo mesmo Luciano Huck que a maioria dos "espíritas" quer ver presidindo a República.

O "espiritismo" brasileiro é uma religião conservadora que se fantasia de progressista para conquistar o apoio das esquerdas, como a raposa que quer conquistar as galinhas abanando seu rabinho. É um Catolicismo medieval que combinou a influência jesuíta do Brasil-colônia com as "modernices" de Jean-Baptiste Roustaing, mas que se passa por "futurista" e defensor de uma racionalidade intelectual que vive esculhambando o tempo todo, vide a infeliz expressão "tóxico do intelectualismo".

Com isso, o "espiritismo" brasileiro vive sempre se mascarando. É a religião da dissimulação, que há muito tempo ofendeu o trabalhoso legado de Allan Kardec, preferindo promover um igrejismo medieval que se propagou tanto que arruinou o legado espírita original, alvo da mais gosmenta bajulação e apropriação por aqueles que justamente mais traem esse legado. Como na alegoria carnavalesca, os "espíritas" brasileiros estupraram Kardec e querem sair impunes disso, alegando que "é só Carnaval".

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