sábado, 10 de maio de 2014
A questão da suposta psicografia de Silveira Sampaio
Uma das figuras pouco conhecidas da primeira fase da televisão brasileira (1950-1964), o apresentador de TV, ator, diretor teatral, humorista e dramaturgo Silveira Sampaio (1914-1964), só é conhecido pelas gerações posteriores a essa fase pelas obras espiritualistas atribuídas a ele.
São quatro livros, registrados pela médium Zíbia Gasparetto, intitulados Bate-papo com o Além (1969), O Mundo que eu Vivo (1985), Pare de Sofrer (1997) e O Repórter do Outro Mundo (2007). Aparentemente, os títulos mostram um estilo parecido com a narrativa de Silveira Sampaio, e a Fundação Biblioteca Nacional atribui os registros como os do próprio autor.
Em todo caso, os livros deveriam pelo menos constar de uma verificação que fosse de conhecimento do grande público. Isso porque, embora diga-se que tenham havido pesquisas de verificação, as mesmas não eram de conhecimento público e também muitos discutem se essas pesquisas ocorreram ou como ocorreram.
Nota-se que os livros mostram o habitual panfletarismo religioso, típico das obras supostamente psicografadas, como se a única intenção do espírito de alguém falecido fosse a pregação religiosa e uma certa terapia moral e psicológica.
O próprio Silveira Sampaio, nos últimos anos, carece de maior atenção à sua trajetória artística. Nascido no Rio de Janeiro, ele foi um dos pioneiros dos talk shows, lançando, na TV Rio, em 1957, o programa SS Show. Outro programa, Bate-papo com Silveira Sampaio, também lançado no mesmo ano, fazia entrevistas em tom humorístico com personalidades políticas.
Certa vez, popularizado pelo bordão "Carlos, meu filho, não faça isso", depois de comentar os atos do governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que havia sido colega de faculdade de Silveira, um sério incidente foi criado. Lacerda mandou ocupar os estúdios da TV Rio e Silveira se transferiu para São Paulo, produzindo seus programas nos estúdios da TV Record, parceira da TV Rio nas Emissoras Unidas.
Silveira Sampaio também assinava colunas de comentários políticos, principalmente na Folha de São Paulo. É autor de várias peças de teatro, algumas adaptadas para o cinema. Nos seus programas de TV, ele contou com a colaboração de um humorista que hoje é bem conhecido, Jô Soares, que afirmou que, juntamente com David Letterman, sua influência como entrevistador foi Silveira Sampaio.
Infelizmente não há conhecimento de imagens desses programas que foram mantidas hoje. O YouTube até começa a resgatar a memória dessa fase inicial da televisão brasileira, entre 1950 e 1964, aproveitando o que restou de um material que se perdeu em incêndios e videoteipes desgravados. Não se sabe se algum registro de Silveira Sampaio foi preservado.
Seria muito melhor que pudéssemos recuperar o Silveira Sampaio dos textos teatrais, nas suas atividades de ator, diretor, produtor e cronista político, e aprofundar nas informações sobre sua atividade de apresentador de televisão.
Uma boa sugestão seria alguém lançar um livro biográfico sobre ele, que teria feito 100 anos este ano e 50 de falecimento. Além de ser uma bela homenagem, seria um meio de apresentar Silveira Sampaio para as novas gerações.
Seria muito melhor resgatarmos o que Silveira Sampaio fez e significou em sua breve vida. Aí é que depois se torna possível comparar sua trajetória com os livros mediúnicos e darmos um parecer mais exato sobre isso. Por enquanto, se usarmos o método de Allan Kardec, o legado mediúnico atribuído a Silveira Sampaio ainda se constitui uma lacuna para quem quer conhecê-lo realmente.
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