sábado, 13 de agosto de 2016

"Vencer a si mesmo" e a falta de humanismo no "espiritismo"

PARA OS ESPÍRITAS, PIMENTA PODE SER UM "BOM COLÍRIO" PARA OS OLHOS DE ALGUÉM.

Muito fácil dizer a quem sofre: "aceite as desgraças e tenha confiança. Vença o maior inimigo, que é você mesmo". O "espiritismo", pensando assim, comprova ser seguidor da Teologia do Sofrimento, tendência da Igreja Católica de origem medieval, e isso é feito da maneira mais explícita possível, a partir do próprio "bom exemplo de Francisco Cândido Xavier.

Sim, é isso mesmo. O próprio Chico Xavier sempre dizia em suas próprias palavras para ninguém reclamar ante o sofrimento, para as pessoas aceitarem desgraças, fosse o preço que tiverem que pagar (se é que poderão pagar), visando sempre os prêmios da "vida futura", as tais "bênçãos futuras" que mais parecem tentativa de se definir o nada como alguma coisa boa.

Chico Xavier foi adepto da Teologia do Sofrimento e deve-se divulgar isso amplamente, porque isto está muito claro em suas palavras e da forma mais explícita possível. Não é possível dizer que esta constatação é fruto de interpretação equivocada ou maledicência, porque está tudo claro nas próprias palavras do anti-médium mineiro.

"Sofrer sem demonstrar sofrimento", "não reclamar das desgraças da vida", "aguentar o sofrimento e confiar no futuro", tudo isso Chico Xavier havia dito diversas vezes, em livros, depoimentos e entrevistas. E o pessoal tão tolamente acreditando que o "bondoso médium" era progressista! Pode isso?

Em muitos casos, é como se o "espiritismo" dissesse para um condenado à prisão perpétua que, se comportar direitinho, conquistará a liberdade. Que liberdade é essa, que benefícios terá, isso é um mistério, mas é uma manobra sutil e bem esperta de cada religião usar o incerto como certo, levar sempre a pessoa a acreditar na certeza daquilo que é duvidoso.

É como naquele quadro de um antigo programa de Sílvio Santos. em que a pessoa abre um recipiente para ver se tem um buquê de flores (que vale um prêmio em dinheiro) ou se salta uma cobrinha de brinquedo, e, abrindo o objeto, sai a segunda opção.

É desumano. Você sofre desgraças sucessivas, precisa de auxílio, vê tudo ocorrer errado em sua vida, e o "espírita" ali, insensível, dizendo que as reclamações são "frescura", que o drama que você vive é apenas "uma sucessão de desafios" e o único conselho que ele lhe dá é para aceitar a situação e confiar "no Alto".

O "espiritismo" ignora necessidades humanas. É muito fácil para o "espírita" que se acha detentor da "melhor palavra", dizer para alguém abrir mão de seus desejos, de suas necessidades, de seus talentos, de seus projetos de vida, de suas habilidades, e fazer a vida do nada depois dos prejuízos acumulados.

Se uma mulher pede um homem de caráter e atrai um empresário de índole medíocre, ela que tenha que aceitar e, como diz a gíria, "carregar casamento". Se o homem quer uma mulher de caráter e só atrai uma periguete, ele que aceite, e o "espírita" ainda diz para ele "ajudá-la a ter caráter", ensinar "coisas boas".

Pior é quando essa periguete for uma ex-namorada de um miliciano e ele não ter se conformado com o fim da relação. Mas aí, se o pobre rapaz assediado pela periguete for espancado pelo miliciano e seus comparsas, o "espírita", como um Amigo da Onça que é, usará a desculpa dos "resgates espirituais": "De repente você fez algo ruim em outra vida e está pagando por isso. Mesmo assim, ore e confie".

Quem está no fundo do poço terá que aceitar isso como "desafio"? E se a pessoa, de desgraça em desgraça, vê sua vida se converter num cotidiano de mendigo, no perigo das ruas, na insegurança da noite, na sujeira das calçadas, no frio do clima em certos dias? Será ela também "cumpridora de testes sucessivos"?

Isso mostra o quanto o "espiritismo" se revela uma religião desumana, moralista, perversa, com seu igrejismo viciado, com seu conservadorismo muito mal assumido, e a doutrina brasileira comprovou que nada tem a ver com Allan Kardec e suas ideias progressistas e racionais, já que os "espíritas" brasileiros querem mesmo é fazer um Catolicismo dissimulado, embora claramente medieval.

É muito fácil um "espírita" dizer para o outro que sofre para ele aceitar tudo ou se sacrificar acima dos limites para "vencer na vida". E é muito mais fácil para o "espírita" que recebe medalhas e condecorações por suas palestras, como um mero acrobata das palavras, dizer para o outro "vencer a si mesmo".

Mas a verdade é que "vencer", no caso, é "derrotar" e o que o moralismo "espírita" quer é que o sofredor se derrote, deixando de lado sua individualidade e sendo apenas um "qualquer um" que dá murro em ponta de faca para ter apenas uma pequena parcela de benefícios.

Daí que o "espiritismo" demonstra seu sadismo, quando espera arrogantemente que surjam casos de "superação" de pessoas que enfrentaram dificuldades pesadas demais. Só que, esperar por exemplos assim já revela uma crueldade assustadora, já que o moralismo religioso, com isso, acaba fazendo propaganda às custas da desgraça alheia.

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