quinta-feira, 28 de maio de 2015
Perigo: místicos criam "Charlie, Charlie", variação rudimentar das tábuas Ouija
Uma nova prática perigosa de evocação de espíritos tornou-se moda entre os jovens do mundo inteiro. A brincadeira foi denominada "Charlie, Charlie" ou "Desafio Charlie" ("Charlie Challenge", em inglês) e é uma espécie de variação rudimentar das tábuas Ouija, e anda fazendo sucesso nas mídias sociais da Internet, como o Vine, Instagram, Facebook e Twitter.
Para quem não conhece, a tábua Ouija é um tabuleiro no qual existe uma combinação de número de palavras no meio, as palavras "sim" e "não" no topo e uma espécie de setinha colocada para ser movimentada pelos presentes e depois "manipulada" por um suposto espírito mediante um ritual.
Como nas brincadeiras do copo e do compasso - mais populares no Brasil do que a tábua Ouija, mas nem tanto quanto a necromancia das brincadeiras "psicográficas" de Chico Xavier - , faz-se uma pergunta ao suposto espírito e, dessa forma, o objeto é "manipulado" para que uma resposta específica seja dada pelo "fantasma".
Agora, o "Desafio Charlie" surge constituído de dois lápis - podem ser canetas ou algo parecido - que são posicionados um sobre o outro, em posição transversal que lembra uma cruz. Desta forma, o lápis de cima "flutua" de forma que possa "escolher" alternativas.
Dessa forma, se uma pergunta é feita oralmente por alguém e o lápis se move para uma das opções mostradas - na verdade as respostas "sim" e "não" escritas duas vezes em posição diagonal - , a resposta corresponde à palavra escrita.
Assim, se, por exemplo, um curioso de plantão pergunta se o Vasco da Gama será campeão do Campeonato Brasileiro de 2015 ou "dormirá" na série A para o próximo ano - hilário usar como exemplos o fanatismo do futebol, sobretudo o carioca - e o lápis de cima se posicionar para a resposta "sim", acredita-se que tenha sido o espírito Charlie que garantiu a alegria dos vascaínos.
BRINCADEIRA PERIGOSA
A necromancia, prática antiga, conhecida a partir de povos como os do Egito Antigo, é considerada perigosa, pelo risco que é a evocação irresponsável e brincalhona de espíritos do além. Através dessas práticas, é duvidoso e, podemos afirmar, impossível, que espíritos sérios tenham interesse de perder seus preciosos tempos com tais entretenimentos.
Isso se deve a muitos aspectos, como a obsessão de encarnados para desencarnados e o caráter fútil que predomina nos atos de evocação. Espíritos zombeteiros e de baixíssimo grau de evolução moral costumam se divertir com tais brincadeiras.
Apesar disso, o entretenimento das tábuas Ouija foram pesquisados com atenção e paciência pelo pedagogo Hippolyte Leon Denizard Rivail, pela inclinação que ele teve pelas ideias do magnetismo de Franz Anton Mesmer.
Rivail, com ceticismo e um senso investigativo rigoroso, ele pesquisava os fenômenos, com seu habitual senso crítico, e, a partir daí, lançava questionamentos que, depois, viriam a compor a base de seu pensamento, através do codinome Allan Kardec, sobre o delicado tema da vida espiritual.
É curioso, no entanto, que, em vez de usar o mesmo faro científico que marcou a trajetória e o trabalho do pedagogo francês, o anti-médium mineiro Chico Xavier (que nunca se interessou pelo pensamento de Kardec) preferiu deturpar a mediunidade aos níveis brincalhões comparáveis às tábuas Ouija e ao "Desafio Charlie". Criou a necromancia chiquista.
O aspecto perigoso da brincadeira pode representar algum dano moral para as pessoas, se caso ela for conduzida de forma mais leviana. Além disso, a necromancia em nada contribui para o contato saudável e proveitoso entre encarnados e desencarnados.
E O "MOVIMENTO ESPÍRITA"?
Evidentemente, o "movimento espírita", que tende a defender, até com muita firmeza, as atividades de Chico Xavier e Divaldo Franco - no fundo tão brincalhões quanto os jovens que fazem as brincadeiras da Ouija e do Charlie - , procura definir as referidas brincadeiras como "perigosas", mas com uma justificativa diferente.
Segundo eles, as práticas da tábua Ouija ou do Desafio Charlie são "perigosas" pelo caráter irresponsável da mediunidade usada por esses jovens, mais preocupados em perguntar aos espíritos coisas relacionadas aos interesses juvenis desses encarnados, em muitos casos coisas fúteis ou, na pior das hipóteses, até mesmo malignas ou vingativas.
O que os "espíritas" não querem admitir é a "brincadeira de adulto" que eles denominam de "mediunidade séria". Chico Xavier usurpando as famílias que perderam seus entes queridos e se aproveitando das tragédias alheias para produzir histeria sensacionalista também não é menos irresponsável que a molecada que fica gritando "Charlie, Charlie" chamando por um fantasma.
"Palavras de amor" não podem ser vistas como uma compensação "responsável", uma vez que bons sentimentos não são garantia de evitar os perigos da evocação fútil ou de qualquer tipo de fraude. Questionamentos diversos já começam a comprovar muitas fraudes cometidas por Chico Xavier, Divaldo Franco e outros, embora eles até agora não tenham um reconhecimento oficial.
Em todo caso, a evocação aleatória e fútil dos espíritos do além, seja pelo movimento de copos, lápis posicionados em forma de cruz, setinhas em tabuleiros de madeira, ou seja pela "mentiunidade" das mensagens apócrifas de apelo demasiado religioso que consistem as supostas psicografias, revelam sempre um perigo que nenhum benefício traz às pessoas. Apenas ilusão seguida de intriga e dor.
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