segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Allan Kardec teria rejeitado tese de "pioneirismo" de Chico Xavier

COM CERTEZA ABSOLUTA, ALLAN KARDEC FICARIA NO LADO DE PERCIVAL LOWELL.

Allan Kardec tinha muito o que fazer. E ele rejeitaria com firmeza e total segurança todo tipo de mistificação e sobretudo com as confusões doutrinárias causadas de maneira impune pelo anti-médium Francisco Cândido Xavier, que nunca foi mais do que um católico paranormal.

Kardec, antes de tudo, era um cientista, poliglota, pedagogo, intelectual e pesquisador. Mas no Brasil somos obrigados a acreditar que ele foi um religioso. Ele analisou as religiões de maneira crítica e questionadora, e seu livro O Evangelho Segundo o Espiritismo quase se chamaria Interpretação do Evangelho Segundo o Espiritismo (o termo francês "imitation" foi mal traduzido como "imitação", deturpando o propósito original).

Se Kardec soubesse as malandragens que o "movimento espírita" estão fazendo em torno de Chico Xavier, ficaria envergonhado. Sejamos sinceros: se Chico Xavier fosse um aluno e Allan Kardec professor de colégio, a atuação do aluno seria tão problemática que os pais dele seriam chamados para uma conversa séria com o professor e com um aflito e assustado diretor da escola.

Chico Xavier era para ser completamente descartado pela Doutrina Espírita, em vez do aproveitamento que se faz até no exterior, com a tradução de sua leviana obra. E isso pelo conjunto da obra. Não vale réplica, Afinal, nunca se segue uma doutrina por ser "bonzinho", se deturpa gravemente seus ensinamentos.

Em relação à suposta previsão de que Chico Xavier "previu" vida em Marte, Kardec não resistiria em dar uma risada. Afinal, ele, o bom senso em pessoa e muito educado em suas posições, no entanto não deixaria de ver a tese defendida por entusiasmados "espíritas" brasileiros como simplesmente ridícula e inconcebível.

Pois a "façanha" de Chico Xavier não consta do menor fundamento lógico, é desprovida de qualquer embasamento científico e, portanto, é inconcebível. Se até a tese de "André Luiz" ter previsto em seis décadas descobertas sobre a glândula pineal, com todo o verniz acadêmico, soou completamente ridícula e sem embasamento científico, quanto mais a tese de que Chico "descobriu" vida em Marte?

O assunto já era muito velho na época de Cartas de uma Morta (1935) e Novas Mensagens (1939). No século XIX, falava-se em tudo o que "nos trouxe" Chico Xavier: presença de água, vida humana, sociedades desenvolvidas, tecnologias marcianas etc.

Como Percival Lowell é um grande desconhecido entre os brasileiros, tido como um "mero estudioso de solos japoneses" que "vivia isolado" no Arizona e "namorava a Lua" nas horas vagas, ninguém se dá conta do quanto ele pesquisou sobre o solo em Marte.

Ele avaliou, nos seus três livros - Mars (1895), Mars and Its Canals (1906) e Mars as the Abode of Life (1908) - , que Marte estava ameaçada de se ressecar, que a vida humana de lá estava ameaçada e que marcianos teriam construído um sistema de canais que percorriam declives próximos a colinas para promover irrigação.

Ou seja, os "elementos" da "profecia" de Chico Xavier estavam todos lá: presença de água, indícios de vida humana e vestígios de sociedades avançadas. Com a diferença que, em vez de vagos e chorosos relatos sem embasamento científico, havia uma abordagem científica em que se comparava aspectos geológicos da Terra e possíveis similares em Marte.

É irônico que o mais recente título da trilogia de Percival Lowell, Mars as the Abode of Life, quer dizer "Marte Como a Morada da Vida", um título que agradaria Chico Xavier, tivesse sido lançado dois anos antes do nascimento do anti-médium mineiro.

O PROFESSOR

Allan Kardec teria reprovado a tese de "profecia" de Chico Xavier, sem hesitar. Ele veria nisso uma coisa sem nexo. Como cientista, Kardec estava a par do que acontecia no cenário científico de seu tempo, e, se ele não viveu para ver as pesquisas de Percival Lowell, o pedagogo ainda estava vivo quando Giovanni Schiaparelli, astrônomo italiano que estudou Marte e inspirou as pesquisas de Lowell, divulgava seus primeiros trabalhos.

Kardec, certamente, preferiria estar no lado de Percival Lowell. Como homem de ciências, o pedagogo francês não iria cair feito patinho nas mistificações que seus supostos seguidores brasileiros tanto fazem, sobretudo neste caso, quando a "profecia" de que Chico Xavier "previu" vida em Marte, foi inventada de forma irresponsável pelo radialista carioca Gerson Simões Monteiro.

Allan Kardec foi certeiro quando disse, certa vez: "Se algum dia a ciência provar que o Espiritismo, está errado em determinado ponto, abandone este ponto, e fique com a ciência". É constrangedor que os "espíritas" brasileiros fingem concordar com essa frase, achando que não é com eles que se dirige o recado.

Tanto quanto os pensadores de seu tempo, Kardec sabia que o tema da vida em Marte era fartamente discutido nos círculos intelectuais e se refletiu em parte na opinião pública. Ou seja, o fato de que esse debate era constante e intenso no século XIX era uma coisa tão óbvia que qualquer caipira já tinha ideia de que essas discussões ocorriam e o que elas traziam de ideias.

Portanto, além de não possuir qualquer fundamento científico, a tese de que Chico Xavier "previu" vida em Marte seria, com toda e a mais absoluta certeza, rejeitada e reprovada por Allan Kardec, que veria a ideia como ridícula, na melhor das hipóteses. Os fatos e os argumentos mostram que, em 1935 e 1939, falar em possibilidade de vida em Marte já era um assunto "do tempo da vovó"...

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