domingo, 21 de junho de 2015
Mausoléu de Chico Xavier sofreu ato de vandalismo
Na madrugada do último dia 18, o mausoléu onde está o túmulo e a estátua de Francisco Cândido Xavier foi alvo de vandalismo. Desordeiros teriam usado peças de mármore, incluindo uma plaqueta, tirada de um túmulo vizinho, para danificar o vidro e o caixão do anti-médium mineiro, enterrado na cidade de Uberaba, na região do Triângulo Mineiro.
De acordo com Eurípedes Higino, filho adotivo de Chico Xavier e responsável pelo mausoléu, ele havia chegado pela manhã e encontrou os danos cometidos. "Nessa altura, tanto pode ser atitude de drogados, como de intolerância religiosa. Eu pensava que o Chico era respeitado desde as periferias e por pessoas de todas as religiões", afirmou Eurípedes, sobre o ocorrido.
Ele já entrou em contato com um serralheiro para fazer a grade de segurança. O mausoléu já teve objetos roubados em outras ocasiões. O incidente causou comoção entre os seguidores de Chico Xavier nas mídias sociais.
Condenamos todo ato de vandalismo e intolerância religiosa. Respeitamos o mausoléu como forma dos adeptos de Chico Xavier homenagearem e prestarem tributos a ele, e uma forma de expressar a memória do ídolo religioso. Só discordamos das formas que Chico é visto e tratado, completamente fora da realidade.
O ato de vandalismo, seja de quem for, de simples drogados ou de intolerantes religiosos - como, possivelmente, radicais evangélicos - , acaba fortalecendo o mito de Chico Xavier e as qualidades atribuídas a ele de forma bastante surreal, como se não bastasse a mitologia exagerada que já ocorre em torno dele.
A violência não é um ato positivo. Ela pode expressar um desabafo aqui e ali, mas não é a melhor forma de combater ou protestar contra um problema. Pelo contrário, ela corresponde a um ato extremo e irracional, além de imprudente, e aquele que a pratica acaba criando mais desordem e complicando muito mais as coisas, causando prejuízos de qualquer natureza.
A questão da intolerância religiosa também não pode ser banalizada pela aparente oposição a um ícone "espírita" que esse ato supostamente representou. Talvez os vândalos nem tenham ideia do que é o "espiritismo" brasileiro. É muito provável que eles tivessem estragado esse mausoléu, como estragariam outros de personalidades de outras religiões ou mesmo laicas.
A questão das críticas ao "espiritismo", portanto, não podem ser vistas como manifestos de intolerância religiosa. Pelo contrário, nossa tolerância com essa doutrina seria maior se ela assumisse a herança roustanguista, em vez de ficar teoricamente exaltando Allan Kardec e na prática seguindo Jean-Baptiste Roustaing.
Criticamos o engodo que é o "espiritismo" brasileiro, com todo o seu ranço católico-medieval e todo o seu conteúdo ideológico que trabalha as ideias de mediunidade e vida espiritual através da especulação, do "achismo", e se perde em um receituário moralista bastante conservador.
O que fazemos não é intolerância e nem o estímulo ao vandalismo e à violência. Fazemos críticas enérgicas, mas dentro do respeito de convívio. Os "espíritas" têm seu espaço, só que precisam assumir que não gostam muito de Allan Kardec por ser "científico demais" e não esconderem sua predileção pelo religiosismo de Roustaing, o verdadeiro mestre ideológico de Chico Xavier.
O que não toleramos é a mentira, a falsidade, a fraude, o pastiche e a mistificação. Condenamos a desonestidade, sobretudo a que se faz sob o verniz da "honestidade plena" e da "caridade". Usar a filantropia para mascarar a desonestidade mediúnica e o retrocesso religioso são tão ruins quanto o vandalismo que acaba realimentando esse círculo vicioso da exaltação extrema a Chico Xavier.
O que não toleramos é essa suposta mediunidade sem estudo, as supostas curas espirituais feitas no improviso, as mensagens apócrifas de proselitismo religioso, os pastiches literários, tudo isso que transformou a atividade mediúnica numa bagunça, desmoralizando a prática no Brasil, manchada por uma estrutura de corrupção e de faz-de-conta.
É essa a nossa intolerância. A intolerância do pretensiosismo e da falsidade, a intolerância de ver uma doutrina exaltar, na teoria, a obra de Allan Kardec, mas, na prática, nem chegar perto de seus pontos mais delicados, é isso que sentimos. Mas nunca a ponto de defender a violência e o vandalismo, mas tão somente o questionamento de ideias e atitudes.
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