quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O espiritolicismo teria instinto de Herodes?


Estranha doutrina o espiritolicismo, que se manifesta pela glamourização das tragédias juvenis, pelos sentimentos mórbidos que cultiva diante de mortos prematuros, que atendem à indústria de supostas mensagens espirituais divulgadas aos familiares dos jovens falecidos.

Há uma ênfase estranha, um tanto macabra, a essas tragédias, que alimenta o sentimento mórbido, uma aparente tristeza que parece causar um secreto êxtase nos pregadores espiritólicos, diante das tragédias que vitimam jovens, sobretudo de boa aparência e grandes projetos futuros.

Sob o pretexto da sobrevivência do espírito, o espiritolicismo parece regojizar com tragédias que ceifam sobretudo jovens com grandes projetos de vida, como se quisesse "enterrar" o futuro neles expresso, e esconde um certo conservadorismo ideológico cruel desse suposto "espiritismo" feito no Brasil.

Primeiro, o sutil fascínio do espiritolicismo por jovens mortos, na ironia do espiritolicismo evocar tanto a figura de Jesus, parece mais evocar o instinto de Herodes que, segundo a Bíblia, teria sido advertido por algum profeta de que haveria um mensageiro que mudaria a humanidade, o que fez Herodes, o Grande, rei da Judeia, investir no assassinato de bebês pouco antes do ano zero de nossa era.

Segundo, o fascínio pelas tragédias juvenis do "espiritismo" brasileiro seria também uma maneira de defender valores conservadores desta crença, na medida em que contrapõe a ceifa do "novo" pela manutenção do "velho", já que o espiritolicismo atrai sobretudo uma grande demanda de gente idosa através de seu "catolicismo redivivo".

Este é um meio do espiritolicismo, mesmo com seu verniz de espiritualidade futurista, defender e sustentar valores moralistas, superestimando a instituição família não no que ela tem de importância social, mas pelos valores conservadores associados a esta instituição, remanescentes do catolicismo medieval.

Em terceiro lugar, o espiritolicismo estaria alimentando seus ritos e dogmas,com uma indústria de "mensagens consoladoras", explorando a tristeza das famílias que perdem seus entes queridos mais jovens e que são aproveitadas de seus prantos para serem envoltas nesse sistema de crenças medievais, moralistas, místicos e dogmáticos que nada contribuem para o verdadeiro crescimento espiritual.

Sob o pretexto de forjar esperanças em mentes afetadas pela tragédia, o espiritolicismo junta para si um grande rebanho de pessoas idosas, consideradas mais sensíveis, e por isso altamente vulneráveis a somar grandes números de fiéis dessa suposta doutrina que traveste o catolicismo medieval, já expurgado do Catolicismo propriamente dito, com espiritualidade pseudo-futurista.

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