quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A verdade sobre o tal do Mínimus


Soa uma grande picaretagem. Um ambicioso livro que, supostamente, tende a explicar o Novo Testamento, sob uma ótica dita "espírita", cujo autor atende pelo "singelo" nome de Minimus, que durante muito tempo não deu qualquer informação a respeito.

O livro em questão é Síntese de O Novo Testamento, editado, é claro, pela roustanguista FEB, que lançou a referida obra em 1949, época do famoso Pacto Áureo, realizado na Grande Conferência Espírita do Rio de Janeiro, evento que reforçou os princípios deturpadores da Doutrina Espírita pela FEB.

Evidentemente, a obra segue o enfoque espiritólico, dentro da linha de livros como Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, Nosso Lar, Há 2000 Anos e as traduções pasteurizadas dos livros de Allan Kardec por Guillon Ribeiro.

Portanto, o conteúdo do livro, seguramente, segue um suposto espiritualismo, com algum pedantismo pretensamente filosófico e científico, e recheado do mais retrógrado moralismo católico, nos moldes do catolicismo medieval que vigorou até mesmo no século XIX. Nada que acrescentasse muito às distorcidas traduções acumuladas pelo Novo Testamento.

Durante tempos Mínimus não deu os "mínimus" detalhes de quem era. Várias edições foram publicadas sem que qualquer informação fosse dada. Até que pesquisei um texto num blogue roustanguista, chamado "Aron, um Espírita", sobre outro livro de "Mínimus", Os Milagres de Jesus, e veio a verdade: Mínimus é, na verdade, Antônio Wantuil de Freitas, ex-presidente da FEB.

Ele, que havia sido farmacêutico, havia dirigido a entidade entre 1943 e 1970, e através dele a FEB apoiou o Estado Novo e o golpe militar de 1964, além de ter defendido Chico Xavier no caso Humberto de Campos e presidido as reuniões que deram no Pacto Áureo.

Provavelmente, a identidade foi revelada pouco depois, talvez até após a morte de Wantuil, em 1974, o que fez Mínimus ter permanecido durante algum tempo como "enigma", o que contradiz muito a suposta transparência que o "espíritismo à brasileira" tenta transmitir a seus fiéis.

O livro Síntese de O Novo Testamento continua em catálogo, sendo um dos "livros básicos" de toda essa deturpação que mancha a imagem do professor Allan Kardec, cujas ideias foram distorcidas da pior maneira possível, ocultando as verdadeiras lições do mestre lionês, pouco conhecidas no Brasil.

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