sábado, 7 de dezembro de 2013
"Médium" havia usado o nome de Alberto Santos Dumont em fraude literária
Na postagem anterior, comentamos a habilidosa fraude do livro JK: Caminhos do Brasil, em que o "médium" Woyne Figner Sacchetin habilidosamente imitou o estilo de escrever do ex-presidente Juscelino Kubitschek e escreveu um livro sobre um suposto candango brasiliense, Severino, para forjar humildade e vender o livro dentro do já tendencioso mercado espiritólico.
Woyne, segundo informações colhidas na Internet, seria um médico oftalmologista de São José do Rio Preto (SP), com doutorado na USP. Aparentemente, não é uma figura destacada no chamado movimento espírita, mas havia decidido faturar em torno de obras "psicografadas".
Pois Woyne havia se envolvido numa outra encrenca, pior do que as contradições que jogou aqui e ali no livro atribuído a JK, do qual apontamos a contradição entre a reação que Juscelino teve diante da pergunta de um comerciante, Toniquinho da Farmácia, sobre a possibilidade de construção de Brasília. Nos registros históricos, JK hesitou um pouco, mas no livro "espírita", "respondeu sem hesitar".
Woyne escreveu, depois do "simpático" livro de 480 páginas, um outro livro chamado Voo da Esperança, que supostamente se dedica a "explicar" o acidente do voo JJ 3054 da TAM. Também foi editado pela Lachâtre, que publicou o outro livro.
Para quem não sabe, o acidente do voo da TAM foi um dos piores ocorridos no Brasil e também na América Latina. Foi durante o pouso de um avião da linha JJ 3054, que ligava São Paulo a Porto Alegre, no Aeroporto de Congonhas, no lado paulista. O contato de uma das asas com um prédio que armazenava combustível, aliado ao excesso de combustível no avião, provocaram a tragédia.
Um grande incêndio foi provocado e todos os 187 ocupantes do avião morreram. Além destes, 12 pessoas que se encontravam no solo no local do acidente também faleceram, o que totalizou para 199 o número de vítimas da tragédia.
O livro pode em si ter um apelo sensacionalista de um certo mau gosto, mas a coisa pararia aí se não fosse um detalhe bastante oportunista: como é de praxe nas obras espiritólicas, um nome ilustre foi usado como suposto autor espiritual, e no caso foi ninguém menos que Alberto Santos Dumont, o inventor do transporte aéreo.
E aí vieram frases amargas como "Ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados" e "A providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros", que dificilmente sairiam de uma mente generosa que havia sido o genial engenheiro mineiro.
Os herdeiros de Alberto Santos Dumont, descendentes dos sobrinhos do inventor (que havia sido solteiro), decidiram então processar Woyne e o juiz Antônio Roberto Andolfato de Souza, de São José do Rio Preto (SP), decidiu proibir a comercialização da obra, por reconhecer nela passagens que soam ofensivas para os parentes das vítimas.
Com um certo tom "revanchista", Woyne teria escrito, através do uso do nome do pioneiro da aviação, que os mortos do acidente com o avião da TAM teriam sido antigos romanos que se regojizavam punindo infratores e acusados de subversão ao poder do Império Romano condenando-os a serem queimados vivos em praça pública.
Uma obra dessas vai contra os princípios de caridade, e se torna bem mais grave que o "generoso" livro atribuído a JK, embora este seja grave por si só, por conta da desonestidade que a contradição deixa vazar em certas mensagens fraudulentas.
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