sábado, 18 de janeiro de 2014

José Medrado divulga "espiritismo" em rádio surgida em esquema de corrupção

MÁRIO KERTÈSZ, O "PAULO MALUF" BAIANO (E), E O MÉDIUM-ESTRELA ESPIRITÓLICO, O BAIANO JOSÉ MEDRADO.

O que é ser evoluído? É propagar suas mensagens simpáticas e carinhosas até mesmo em espaços de credibilidade bastante duvidosa? E justo abrir mão de princípios em nome da visibilidade? Ou será que os ideais a serem propagados não são tão bons assim e faz sentido eles encontrarem espaço em canais pouquíssimo confiáveis de divulgação?

Quem acompanha este blogue sabe que o "espiritismo" brasileiro está há pelo menos 130 anos - data da fundação da FEB - entregue a todo um rol de deturpações e erros gravíssimos. São tantos erros que não deveríamos sequer usar as "palavras de amor" como atenuantes a essa vergonhosa bagunça montada pelos "jesuítas do espaço".

Um caso de que o "espiritismo à brasileira" não mede escrúpulos para se propagar é o fato de um médium-estrela, o baiano José Medrado, fundador da Cidade da Luz e ligado ao espírito do frei jesuíta Carlos Murion, mentor desse templo espiritólico, se servir de uma emissora de rádio de origem muito suspeita para propagar sua doutrina.

Seu programa é irradiado na Rádio Metrópole, do engenheiro e ex-prefeito de Salvador Mário Kertèsz, considerado um dos "coronéis" do rádio baiano, que se aproveita do suposto rompimento com o grupo político de Antônio Carlos Magalhães para tentar dominar as forças progressistas que atuam na capital baiana.

A Rádio Metrópole tem origem suspeita, cuja origem se remete a um escandaloso esquema de corrupção montado por Kertèsz na segunda gestão municipal em Salvador. Sabe-se que Kertèsz foi um político "nascido" na ARENA, apadrinhado por ACM e cuja primeira gestão foi como prefeito biônico (nomeado pela ditadura militar) da capital baiana.

Kertèsz tem o mesmo estilo falsamente desenvolvimentista lançado pela ditadura e que no plano nacional, é comparável ao paulista Paulo Maluf, até por sua sede de corrupção e visibilidade política. Maluf também havia sido criado pela ARENA e iniciado sua carreira como prefeito biônico e tanto este como Kertèsz se igualam em desonestidade, tendenciosismo e ambição.

Como homem de mídia, Kertész pode também ser comparado, com segurança, ao ex-premiê italiano Sílvio Berlusconi, pela corrupção, pela personalidade falsamente sofisticada e pseudo-galanteadora. Kertèsz pode ser chamado, portanto, de "Sílvio Berlusconi com dendê".

A Rádio Metrópole havia sido uma repetidora da extinta emissora carioca Rádio Cidade, quando Kertész decidiu, ao lado de Roberto Pinho (recentemente envolvido no esquema de mensalão de Marcos Valério), desviar um grande valor de verbas públicas, do Fundo de Participação dos Municípios, que seria para obras de urbanização de Salvador, no final dos anos 80.

Através de empresas "fantasmas", Kertèsz e Pinho transferiram todo o dinheiro para seus patrimônios pessoais. Da parte de Kertèsz, uma parte do dinheiro público roubado foi usada para comprar ações nas emissoras Rádio Clube de Salvador AM, Rádio Cidade FM, Rádio Itaparica FM e TV Bandeirantes de Salvador.

Além disso, em 1990, Kertèsz, que havia reconciliado com Antônio Carlos Magalhães, foi nomeado interventor do Jornal da Bahia, importante periódico progressista de Salvador. Kertèsz deu o golpe mortal ao jornal, transformando-o num tabloide popularesco da pior qualidade.

Estranhamente, os livros dos dois fundadores do Jornal da Bahia, João Carlos Teixeira Gomes e João Falcão, respectivamente Memórias das Trevas e Não Deixe Esta Chama Se Apagar, não denunciaram essa participação decisiva de Kertèsz na destruição do JBa, talvez por algum acordo secreto de poupar o nome dele em troca da visibilidade dos dois autores.

Kertèsz virou o típico "barão da mídia" não assumido. Ele quer ser o dono da opinião pública e quer controlar o pensamento de esquerda e as forças progressistas existentes na Bahia, através de seu radialismo tendencioso, pseudo-jornalístico e irresponsável.

Mário Kertèsz é uma versão "tabaréu" ("matuto") do que Bóris Casoy tem de pior - pense nos comentários do paulista sobre os garis, por exemplo - , mas quer parecer um suposto Mino Carta baiano (Mino é um jornalista progressista que dirige a Carta Capital).

A Rádio Metrópole, portanto, surgiu de uma roubalheira. Foi construída com dinheiro público, diante de uma Salvador com obras paralisadas. Uma corrupção sem tamanho, que Kertèsz tentou a todo custo ocultar, criando na rádio uma reputação de "honestidade", "democracia" e "diversidade ideológica" que na realidade nunca existiu nem irá existir.

Daí que faz sentido haver um programa espiritólico, diante das fraudes cometidas pelo "setor baiano", no caso através da figura "arrojada" de José Medrado que costuma desperdiçar suas palestras com piadinhas sobre louras e citações do portal Kibe Loco. E que ainda bota um Chicletão com o picareta Bell Marques no toca-CD para animar a plateia "espiritualizada".

Vá entender...

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