quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mancinela ou a seara sombria de veneno


Uma árvore encontrada na Flórida e na América Central, a mancinela, é uma boa metáfora para o "espiritismo" brasileiro. Uma árvore muito atraente e admirável, mas bastante perigosa e até mortal para as pessoas.

A mancinela é uma árvore que parece como qualquer outra. Suas folhas são ovais, o tamanho da árvore pode atingir 16 metros, o aspecto de suas folhas, seu tronco e seus frutos é muito atrativo e os frutos, por sua vez, são bonitos, cheirosos e têm um sabor bastante agradável.

No entanto, tudo nessa árvore é venenoso. A árvore solta resinas que podem causar queimaduras na pele. A fumaça tóxica liberada pela madeira dos troncos pode causar cegueira, que em certos casos pode ser permanente. As folhas também são perigosas num simples toque, podendo queimar a pele.

A fruta da mancinela também é bastante perigosa. Ela é apelidada de "maçã da morte". Seu odor é muito agradável, seu sabor é delicioso, segundo dizem estudiosos. Mas seu efeito é praticamente mortal, já que seu veneno pode sufocar a garganta e fechar a laringe. Em certos casos, pode matar a pessoa por asfixia e queimadura entre o céu da boca e a garganta.

A coisa é tão séria que, diante dessas árvores, existem placas advertindo para as pessoas manterem distância das mesmas. O Guiness Book, o famoso livro de recordes mundiais, classificou a mancinela como a árvore mais venenosa do mundo. E é um péssimo abrigo para dias de chuva, mesmo sem trovões. É porque a própria árvore pode se tornar uma perigosa assassina.

E o que o Espiritolicismo tem a ver com isso?

Muito. A metáfora da mancinela encaixa muito bem no "espiritismo" brasileiro, com todo o seu aparato de amor, bondade infinita e profunda emotividade. A mancinela simbolizada pela doutrina popularizada por Chico Xavier e ditada pelos burocratas da FEB consiste num confortável atrativo de efeitos certeiros para muita gente que deixa os ditos centros espíritas até mesmo superlotados.

Seus frutos consistem em melífluas palavras de amor, em mensagens confortadoras, que expressam um saboroso entretenimento para a alma, temperada com palestras animadas e de suposto caráter de sabedoria, às vezes até com musiquinhas que tocam fundo na alma.

Há muitas frases de efeito, livros amorosos de lições "profundas" de vida, médiuns-estrelas com vozes macias e discurso verborrágico, feitos sob medida tanto para sugerir uma voz bondosa e uma retórica que simule sabedoria e erudição. Há "receitas" prontas de "felicidade", em inúmeros livros, para que os incautos não se esforcem em raciocinar a respeito da felicidade que querem.

RECONHECE-SE A ÁRVORE PELOS FRUTOS - Como na fruta da mancinela, o espiritolicismo despeja veneno nas dóceis "palavras de amor".

Só que, por trás de tudo isso, há a ação de espíritos perversos, como o padre Emmanuel, ou de farsantes que se disfarçam de qualquer tipo de personalidade ilustre, de Marilyn Monroe a Raul Seixas. Todos querendo seduzir o público juntando sensacionalismo com palavras de amor!...

Esses "espíritos" - sem eles os espíritos realmente desencarnados, mas zombeteiros, ou a ação apócrifa de supostos médiuns - chegam mesmo a convencer as pessoas de que as contradições que os supostos ilustres mostram em relação aos que foram em vida (como um Raul Seixas idiotizado sob o codinome de Zílio) não têm importância, só importando as palavras de amor.

Da mesma forma, também querem que seus adeptos deixem passar os grosseiros erros históricos de um Emmanuel que desconhece totalmente da regras de hierarquia política ou de castas familiares do Império Romano e não conhece sequer seus principais prédios e pontos turísticos, como foi provado no livro Há Dois Mil Anos, um péssimo livro histórico que "vale" pelas "lições de amor".

A pessoa adere a essa doutrina melíflua sem saber que, em muitos casos, o azar bate à sua porta. Filhos espiritólicos veem o pai traindo a mãe das crianças com outra mulher. O espiritólico que compra uma mansão acumula encrencas de repente. O rapagão espiritólico se casa com a mulher que os amigos recomendam e leva uma verdadeira megera para casa. O jovem espiritólico é contratado para uma repartição e é o primeiro a ser atraído, sob pressão, para um esquema de corrupção.

Em outros casos, o espiritólico até ganha na Loteria Federal, mas num passeio com o amigo, os dois são assaltados e o amigo, baleado, perde a vida. O internauta espiritólico atrai inimigos mortais só por causa de uma polêmica besta. A senhora que busca no Espiritolicismo um conforto para sua alma vê morrer precocemente sua filha mais querida. Enfim, vários infortúnios.

E, o que é pior, esses infortúnios ainda são definidos pelos pregadores "espíritas" como "sacrifícios necessários para o resgate da alma". Sob o pretexto de provar a vida eterna, o Espiritolicismo traz azar, dor e infelicidade para as pessoas.

Querem montar seu rebanho espalhando a dor, como se fosse um "holocausto do bem". Promovem o retrocesso, a tragédia, o infortúnio, só para fazer os outros serem dependentes dessa forma deturpada e grosseira de espiritismo, sobretudo às custas de seu moralismo sobrenatural.

Daí a analogia com a mancinela. A árvore venenosa de frutos venenosos. Bela e atraente, com frutos saborosos. Tal qual o Espiritolicismo, com suas palavras de amor, com sua estética de muita luz, com seu discurso e seu verniz de muita fraternidade, carinho e compaixão.

Por trás disso tudo, porém, o Espiritolicismo esconde todo um processo traiçoeiro de escravização da alma humana, tal uma seara (só para recorrer a um jargão espiritólico) sombria cheia de veneno. Convém tomarmos muito cuidado. Allan Kardec já nos avisou dessas armadihas desse o início.

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