sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Joana de Angelis pode não ter sido Joana Angélica
Do contrário de Emmanuel, que pelos seus aspectos de personalidade, condiz muito ao padre jesuíta Manuel da Nóbrega, até pelo poder de manipular culturas alheias para submetê-las a seu domínio - a cultura indígena, na condição do padre português, e a Doutrina Espírita, já como "mentor" de Chico Xavier - , Joana de Angelis pode não ter sido a sóror Joana Angélica.
Embora aparentemente, segundo uma análise superficial, Joana de Angelis pareça coincidir com um certo temperamento enérgico com a bravura da soror baiana, há um forte indício de que a "mentora" de Divaldo Franco, na verdade, teria sido muito mais autoritária e extravagante do que a religiosa e escrivã.
Um aspecto que pode muito bem pôr em xeque a tese de que Joana de Angelis teria sido Joana Angélica é que a soror baiana era devota de Nossa Senhora da Conceição, ou seja, era concepcionista, como se conhece de seus seguidores.
Mas aí o leitor irá dizer se isso faz alguma diferença, ao lembrarmos que Emmanuel teria sido um padre a serviço da Companhia de Jesus, e, por isso, os "mentores" de Chico e Divaldo teriam sido igualmente missionários religiosos.
Só que a Companhia de Jesus adotava uma disciplina militar para seus membros homens, e os jesuítas que atuaram no Brasil colonial eram treinados pelo exército português, praticamente sendo soldados a serviço do reino de Portugal e comandados pelo Governador das Armas, o brigadeiro Inácio Luiz Madeira de Melo, depois derrotado pela revolta de Dois de Julho, em 1823.
Joana Angélica, quando morreu em 1822, aos 61 anos, era diretora do Convento da Lapa, localizado no centro de Salvador, na rua que leva o nome da sóror e onde abriga um campus da Universidade Católica de Salvador, além de estar nas proximidades de áreas como a Barroquinha, Piedade, Nazaré e o entorno do Terminal da Lapa, no caminho entre o Barbalho e o Campo Grande.
A sóror foi assassinada por soldados portugueses que tentaram invadir o local. Eles pretendiam capturar as noviças do Convento da Lapa para serem estupradas pelos militares, que na ocasião da invasão haviam se embriagado e provocado desordem nas ruas de Salvador.
Já Joana de Angelis adota uma postura próxima das influências jesuíticas que governam a crença espiritólica. Também é muito estranho que Joana de Angelis teria sido várias "joanas", como diz ter sido através das mensagens divulgadas por Divaldo Pereira Franco.
Segundo tais mensagens, Joana de Angelis teria sido Joana de Cusa (que viveu no século I e era colaboradora do legado de Jesus), a médica e artista mexicana Juana Inés de La Cruz (que viveu no século XVII) e Joana Angélica, acima citada.
A única "não-Joana" que a suposta orientadora de Divaldo disse ter sido foi Clara de Assis, seguidora de São Francisco de Assis, que viveu entre 1194 e 1253 e fundadora da Ordem das Clarissas, primeira entidade franciscana feminina.
Há algumas correntes do espiritolicismo que ainda dizem que Joana de Angelis teria sido Joana d'Arc (na verdade Jeanne d'Arc), religiosa e rebelde combatente que foi queimada viva aos 19 anos, em 1431. Mas oficialmente, esse dado não é aceito pelas lideranças do Espiritolicismo.
MEMBRO DA FALANGE DE EMMANUEL - Provavelmente, Joana de Angelis não teria sido mais do que um membro da falange de Emmanuel, de igual influência jesuítica e dotada do mesmo autoritarismo do suposto orientador de Chico Xavier.
Neste caso, Joana de Angelis não teria sido as ilustres encarnações que atribuiu e foi tão somente um espírito colaborador do processo de deturpação da Doutrina Espírita que envolveu os dois médiuns e que provocou desordens não menos vergonhosas que as dos soldados portugueses antes de invadirem o Convento da Lapa.
É possível, portanto, que o espírito de Joana Angélica não teria se reencarnado na Terra, buscando outros planetas, mais evoluídos, para realizar a missão que lhe foi interrompida nos terríveis incidentes de Salvador durante a crise do Brasil colonial.
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