domingo, 12 de janeiro de 2014
As vaidades das supostas atribuições de vidas passadas
O Espiritolicismo virou uma Casa da Mãe Joana. Joana de Angelis, é claro. Tudo virou um vale tudo místico, que se torna pior porque se evoca a ciência para tentar corroborar qualquer tipo de abuso.
A "doutrina espírita" do Brasil permite que se delire "em nome da ciência", e que se façam muitas fantasias como se fossem "recados mediúnicos" ou "avisos espirituais". E a consciência de vidas passadas tornou-se um pretexto para que vaidades se dissimulem em supostas responsabilidades missionárias, praticamente escolhendo algumas celebridades para atribuir a elas vidas passadas.
Notando os diversos casos de figurões do dito "espiritismo" brasileiro, ou mesmo de recados de conhecidos espíritos do além em atuação a essa crença, há o evidente envaidecimento de certas personalidades terem supostamente sido antigos nomes ilustres de nossa História.
Os "espíritas" brasileiros pecam pela sua pretensa predestinação, se envaidecem de seus supostos privilégios de "conhecerem" espíritos ilustres como Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Raul Seixas, Winston Churchill, Noel Rosa, Cazuza, Ayrton Senna e tantos outros. Nossa, há mais gente VIP no "espiritismo" brasileiro do que a revista Caras!!
Mas há os que acham que foram pessoas ilustres em outras vidas. O aberrante exemplo do farsante Oswaldo Polidoro é gritante: ele havia sido de Platão a Allan Kardec, passando de José de Anchieta e João Batista, o primo de Jesus.
Assim fica muito fácil: se eu tivesse visibilidade como líder "espírita", poderia muito bem dizer que eu fui, em outras vidas, o contista Esopo, o cientista Isaac Newton, o escritor Oscar Wilde e o ator James Dean, e convencer as pessoas de que eu estou certo nas pretensas informações.
Tudo virou um festival de pretensões, mesmo num contexto em que a consciência da vida espiritual é um assunto ainda controverso, com muito mais dúvidas do que certezas. Talvez com mais dúvidas e quase nenhuma certeza.
Mas no "espiritismo" brasileiro, o que vale é o delírio travestido de ciência, qualquer farsante aparece com mensagens "ocultas" sobre isso e aquilo, e de repente um palestrante surgido do nada vem tratar Elvis Presley como tivesse sido seu primo, e lucrar horrores com isso.
Será que Joana de Angelis foi realmente as tais Joanas de outras vidas? Será que o conservador Nelson Moraes entende mesmo de Raul Seixas? Emmanuel já quebrou a cara quando disse ter sido um senador romano que nunca existiu e demonstrou sérios desconhecimentos do sistema geopolítico e social do Império Romano do tempo de cristo.
E quais as preferências dos diversos "espíritas" quanto às vidas passadas ou quanto às "amizades" do além-túmulo que atribuem em suas "mensagens"?
Nota-se a preferência, quanto às vidas passadas, de juntar num balaio reencarnacional, filósofos, cientistas, padres, ativistas políticos, no caso de homens, e, no caso de mulheres, poetistas, artistas plásticas, missionárias, martires de toda ordem e ativistas sociais.
Já nas "relações sociais", há uma escolha de grandes intelectuais, artistas renomados, políticos de grande envergadura, escritores, poetas, artistas plásticos, cientistas. Todos parecendo entrar nos centros espíritas brasileiros como um cachorro entrando em um açougue num subúrbio.
Tudo se torna uma demonstração explícita de vaidade. Fulano foi o cientista tal noutra encarnação, e, indo mais atrás, foi um missionário católico na Idade Média, ou então foi um político do Império Romano que cometeu erros, ou então foi um filósofo da Grécia Antiga.
Todavia, se demonstrar os conhecimentos necessários para comprovar ou não esse acúmulo de reencarnações ilustres, haver qualquer contradição ou equívoco, o que em quase sua totalidade é provável de ocorrer, nota-se que a "maravilhosa atribuição" não passa de um grande blefe.
Esse verdadeiro envaidecimento tende quase sempre a ser fraudulento, uma vez que nota-se a presunção e o desejo de lotar plateias espíritas. É ótimo para o dirigente do tal centro espírita dizer que ele foi o cientista tal, o abade qual, o imperador acolá, para encher a casa onde ele dirige, e vender livros "espíritas" que nem água.
Enquanto isso, ainda carecem os esforços científicos mais básicos. Carece uma análise séria, uma pesquisa cautelosa, dentro de critérios realmente científicos. O mundo espiritual continua sendo uma incógnita, mas os "espíritas" brasileiros insistem em confundir palpites com certezas, não raro caindo na tentação de suas vaidades materialistas.
E, na medida em que esses "líderes espíritas" se utilizam de personalidades ilustres de maneira bastante leviana, eles cometem erros graves, de enganar as pessoas se aproveitando de sua boa-fé, e mascarando com "mensagens de amor" todo um esquema de mentiras e fraudes que alimenta o dito "espiritismo brasileiro".
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