quarta-feira, 7 de junho de 2017
O maior lesado do "espiritismo" brasileiro: Allan Kardec
Qual o maior lesado, o maior prejudicado e o maior esculhambado pelos "espíritas" brasileiros? Qual é a vítima mais humilhada, depreciada, desmoralizada pelo "movimento espírita" em toda sua trajetória?
Com toda a certeza, é o pedagogo Hippolyte Leon Denizard Rivail, o Allan Kardec, o maior prejudicado pelo "movimento espírita" brasileiro. O "espiritismo" que se faz no Brasil é marcado pela profunda hipocrisia e pelas dissimulações diversas, e a erosão doutrinária é maquiada pelo receituário moral e pelo Assistencialismo (caridade paliativa que só atende casos pontuais e parciais), que muitos acham natural e até admirável.
O "espiritismo" que se faz no Brasil nada tem a ver com a "embalagem" bonita e agradável que se apresenta principalmente ao público leigo, que adere sem despertar um pingo de desconfiança. O "espiritismo" virou um rol de contradições, escândalos, confusões e fraudes, que são mascarados de todo e qualquer jeito.
Tudo isso é feito para iludir e enganar as pessoas, e não são poucos os "médiuns" que chegam com mensagens fake que não refletem a natureza pessoal dos autores mortos alegados. Podem apresentar até um grande número de semelhanças, mas sempre existe uma diferença que derruba qualquer indício de veracidade.
Para piorar, muitos palestrantes, que realizam turnês para promover seu balé de belas palavras, estufam o peito dizendo serem "fiéis seguidores" de Allan Kardec e "rigorosos cumpridores" de seus ensinamentos. Dizem isso para depois praticarem o mais derramado igrejismo roustanguista, tão praticado quanto tão convictamente renegado, expressando falta de sinceridade.
Hoje a crise do "espiritismo" brasileiro é tão grande que se encontra num grave impasse. A doutrina que prometia melhorar a sociedade brasileira se perde em intermináveis contradições, sem poder resolvê-las, e entregue a eterna promessa de "compreender melhor Kardec". Sim, como cães correndo atrás dos próprios rabos, os "espíritas" deturpadores, mais uma vez, apelam para promessas de "conhecer melhor a obra de Kardec", coisa que já vimos antes e que deu na crise que se vive hoje.
É a promessa que tenta fazer os deturpadores manterem as rédeas. O Brasil virou refém desse "espiritismo" deturpado, que se transforma até num engodo, numa grande porcaria religiosa na qual se mistura a podridão do roustanguismo com a boa teoria de Kardec, criando teorias e práticas que se chocam em um conflito grave e insustentável.
É como se misturassem a comida podre do dia anterior com a comida nova, mesclando conceitos igrejistas com ideias científicas e filosóficas, emporcalhando com o legado de Allan Kardec, que com certeza não merece essa avacalhação toda que se faz com o seu trabalho.
Allan Kardec fez sozinho todo o trabalho de divulgação da Doutrina Espírita. Diferente dos festejados "médiuns" e "intelectuais" do "espiritismo" brasileiro, que viajam em aviões de primeira classe e se hospedam em hotéis de luxo para fazer palestras tolas sobre temas emocionais e receber medalhinhas, o pedagogo de Lyon pagava suas próprias viagens, não tinha patrocínios e só as fazia para realizar pesquisas e entrevistar pessoas a fins de estudo dos fenômenos espíritas.
É um horror o que ocorre no "movimento espírita", em que os próprios deturpadores, sob o pretexto de "aprenderem melhor as lições", reciclam seu igrejismo, apenas expondo uma teoria "kardecista" politicamente correta, imaginando que uma mera exposição da teoria espírita autêntica pudesse resolver as contradições.
Afinal, tudo o que se viu foi essa interminável contradição entre prática igrejista e um falso aprendizado da Doutrina Espírita. Essa promessa de "aprender Kardec" já foi estada há mais de 40 anos e resultou nesse lodo religioso que hoje vemos. Será que temos sempre que ser "fraternos" na deturpação, diante dessa postura "dúbia" que tanto envergonha o trabalhoso legado de Kardec?
A crise no "movimento espírita" só tende a se agravar com tantos impasses. Não se trata de uma crise provocada pela "maledicência dos outros" mas das más escolhas que os próprios "espíritas", sejam eles dirigentes, "médiuns" e autoridades, fizeram ao longo dos anos, acumulando as sujeiras que se tornam mais evidentes, por mais que o discurso da "união fraterna" tente mascarar.
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