quarta-feira, 1 de março de 2017

Uma prova da Teologia do Sofrimento de Chico Xavier


As pessoas têm uma moral bastante viciada, que com toda certeza trava o progresso real da humanidade, principalmente num país teimoso como o Brasil. Temos abordagens antiquadas sobre bondade, superação, esperança e otimismo que mais parecem valores trazidos da Idade Média.

Deturpador máximo da Doutrina Espírita, Francisco Cândido Xavier foi o maior arrivista de toda a História do Brasil. Queria ser unanimidade a qualquer preço, e esquecemos o alerta do escritor Nelson Rodrigues, de que "toda unanimidade é burra".

Aliás, em nome de Chico Xavier, joga-se a coerência no lixo. Esquece-se os mais valiosos conselhos em nome de um mito religioso sem muita confiabilidade. Afinal, Chico Xavier é comprovadamente um deturpador da Doutrina Espírita, e nem de longe pode receber a idolatria que recebe, tratado como um Deus, por pessoas pseudo-iluminadas que, dando ouvidos ao "médium" e dublê de pensador, ficam surdos ao mundo.

Isso é um dos apegos muito mais perigosos. Chico Xavier fez coisas que a Doutrina Espírita já afirmava como perigosas e ameaçadoras. Deturpador severo, mistificador perigoso, criador de confusão, manipulador de mentes e, principalmente, um traiçoeiro sedutor de mentes humanas, através de palavras bonitas e arremedos de bondade que escondem planos perversos de desmoralizar uma doutrina que seria voltada ao Conhecimento e não ao deslumbramento igrejeiro.

Chico Xavier foi um católico ultraconservador. Beato, rezador de terços e adorador de imagens de santos (haja materialismo!), Chico Xavier era um católico ortodoxo, cujas crenças remetiam a valores da Idade Média. Sim, Chico Xavier era medieval, por mais que fingisse admitir que a Idade Média é uma fase superada da humanidade.

Mas isso é como os reacionários políticos de hoje (Michel Temer, Aécio Neves, Jair Bolsonaro etc), que também dizem que a ditadura militar é uma "página virada" de nossa história. Para buscar novos retrocessos, se tenta desvincular de processos antigos semelhantes.

Identificamos em Chico Xavier ideias próprias da Teologia do Sofrimento, a corrente medieval da Igreja Católica. E como Chico Xavier é comparado a Madre Teresa de Calcutá, ambos mitos fabricados pela aliança entre mídia e religião (Chico Xavier é protegido da Rede Globo), isso faz muito sentido, porque a Teologia do Sofrimento também era defendido pela "santa".

O fragmento que ilustra esta postagem revela o quanto a Teologia do Sofrimento também tenta trazer argumentos mais dóceis. Essa ideologia sempre apela para a pessoa aguentar o sofrimento, e, por mais que acumulasse desgraças em sua vida, nunca se atrevesse a reclamar e, de preferência, evitar até mesmo gemer de dor.

Na Teologia do Sofrimento, a pessoa tem que aguentar a opressão até acima de seus limites e de suas capacidades, desafiando a paciência até depois de suas energias se esgotarem. É o "quanto pior, melhor" da religião, que, no discurso, parece uma coisa linda para se admirar. O sofrimento é lindo quando narrado em belas palavras, mas vai o religioso encarar esse mesmo sofrimento para ver se é bom. Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

CHICO XAVIER DEU CONSELHO INÚTIL

Mas aí temos a mensagem acima de Chico Xavier. Parece uma mensagem de esperança e otimismo? Parece, mas não é. É a Teologia do Sofrimento. Há a glamourização do sofrimento humano, a apologia da desgraça como um meio de atingir as "bênçãos de Deus" (será que ninguém se tocou na ideia sem pé nem cabeça da "bênção"?), e o conselho do "médium" para a pessoa esquecer os sofrimentos que o levaram a alguma superação.

Trata-se de um conselho inútil, porque a pessoa que supera seu sofrimento já se esforça para esquecê-lo. Mas mesmo que as feridas da desgraça intensa e das dificuldades graves lhe fixam na memória, nem por isso o conselho "amigo da onça" de Chico Xavier serviu para alguma coisa. A pessoa é que tem consciência de sua capacidade e não é o "médium" que, no seu juízo de valor, vai dizer se a pessoa é capaz ou não de enfrentar dificuldades extremas.

As frases de Chico Xavier, observando muito bem, não tem o menor grau de sabedoria. Ela faz o tipo do chato que quer dar pitaco no sofrimento das pessoas e ficar dizendo coisas às vezes óbvias, às vezes insuportáveis, como se quisesse interferir na dor alheia, no momento em que justamente não se deve dar mensagens desse nível.

As pessoas sofrem muito, no momento de dificuldades extremas há muita irritação, depressão, vontade de cometer suicídio ou de agredir alguém, há a tentação da maledicência e de se explodir em fúria. O "espírita" não tem ideia do quanto é ruim passar por tais frases, o sofrimento só é bonito no discurso.

Chico Xavier é esse chato. A pessoa é que tem consciência, pela sua vivência, se vai manter ou não na memória as dores desse sofrimento ou como ela vai lidar com elas. Os "espíritas", que pelo jeito não sabem o que é sofrer, não têm moral para dar juízo para coisa alguma. Não sabem o que é um pesadelo cotidiano de desgraças acumuladas de maneira descontrolada.

Esse fragmento de Chico Xavier é um daqueles que remetem ao mito fabricado por Malcolm Muggeridge. Chico quis imitar Madre Teresa, que virou "filantropa" e se deu a dizer "frasezinhas de esperança" por causa desse mito criado por Muggeridge que reduziu a ideia de "bondade" a um subproduto da instituição religiosa. Uma "bondade" que pouco ajuda, e que só serve para fazer propaganda do "benfeitor", que comemora demais com ajuda de menos.

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