quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Os "espíritas" são mais queixosos e teimosos que se imagina


Os "espíritas" andam fazendo seu juízo de valor a respeito do sofrimento alheio. Definem que as desgraças que o outro sofre são "desafios", "testes sucessivos" e "sacrifícios necessários" e sempre exigem dele que "confie em Deus", "não reclame jamais" e "mude os seus pensamentos".

Exigir dos outros é muito fácil e o que se observa é que também parece cômodo que nós, estando do outro lado do plenário das palestras, sejamos sempre os portadores de erros, fraquezas, hesitações e exageros. Nós somos o "eu" para nós, mas poucos percebem o "eu" dos "conselheiros espíritas" os quais esquecem dos próprios equívocos que cometem.

O "espiritismo" brasileiro é uma sucessão de erros graves. Em que pese a gravidade que as religiões evangélicas de padrão "pentecostal", que lideram a Bancada da Bíblia no Congresso Nacional, trazem para o país, propondo um modelo de sociedade nos moldes do século XVIII, o "espiritismo" em muitos casos é até pior diante de sua desonestidade doutrinária não assumida.

Ver palestrantes que, num momento, exaltam a "brilhante atualidade" do pensamento de Allan Kardec e, depois, vão exaltar o igrejismo "de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, é altamente constrangedor. E mais preocupante é que tudo permanece num ciclo vicioso que parece longe de terminar.

Falta autocrítica no "movimento espírita". Além do mais, o Brasil vive uma tendência, notada em diversas atividades, em que as pessoas se sentem reféns de suas próprias contradições, criando um apego a ideias e práticas retrógradas e ao mesmo tempo a um pretensiosismo em fazer tudo parecer novo e moderno.

É justamente na parcela da sociedade brasileira com maior status quo que ocorre um processo de decadência e crises irrecuperáveis, mas que há todo um esforço em, pelo menos, botar a sujeira debaixo do tapete ou empurrar a tragédia iminente com a barriga.

O "espiritismo" paga o preço caríssimo de ter feito a opção catolicizada. E, como tudo acontece no Brasil, vide manobras como o "jeitinho brasileiro" e a "memória curta" que sempre beneficia os malandros de ocasião, o igrejismo, nos últimos 40 anos, anda dissimulado por uma falsa adesão ao cientificismo kardeciano.

Só isso abre caminho para tantas e tantas irregularidades. Como no próprio caso de Chico Xavier, ele que virou "ícone da caridade" de graça, e sob a ajuda da manipuladora Rede Globo, sedenta em lançar uma "água com açúcar" religiosa para abafar a crise da ditadura militar e concorrer, "à paisana", à ascensão de pastores eletrônicos como R. R. Soares e Edir Macedo.

O próprio Chico Xavier mostrou aspectos condenáveis, como o juízo de valor e a maledicência. O "médium" que dizia para "ninguém julgar quem quer que fosse" acusou, sem provas, as pobres vítimas da tragédia de um circo em Niterói, em 1961, de terem sido romanos sanguinários. Para piorar, ainda botou a responsabilidade a Humberto de Campos, nome usurpado por Xavier e muito mal disfarçado pelo cínico pseudônimo de Irmão X.

Quanto a maledicência, o caso de Jair Presente é ilustrativo. Irritado com o ceticismo dos amigos de Jair Presente, que o conheciam bem e, por isso, desconfiaram das "psicografias" lançadas por Chico Xavier, este definiu o ceticismo como "bobagem da grossa". Como ficar do lado de um ídolo religioso e não de gente que conviveu com um falecido e se sentiu lesada por supostas mensagens do além, é algo bastante preocupante.

Chico Xavier se irritava, reclamava e o próprio fato de pregar para ninguém se queixar da vida é algo que deve ser pensado com muita cautela. Afinal, as pessoas que nunca suportam ver os outros infelizes ou reclamando da vida são mil vezes mais queixosos e mais resmungões e, para piorar, são os que reclamam dos que reclamam da vida com mais razão.

Porque, muitas vezes, as pessoas que supostamente "reclamam demais" da vida sofrem muitos prejuízos e têm dificuldade extrema em superá-los. Os que não aguentam esses queixosos é que querem um mundo de ilusão, de faz-de-conta, de mar-de-rosas, e em vez de ajudar os outros julgam o sofrimento extremo como "aprendizado" e não como desgraça.

Em outras palavras, para o palestrante "espírita", sempre se achando detentor da "melhor palavra" e da "lição certeira", tanto faz a pessoa ser prejudicada. A vítima é a "culpada", e ela é que pague pelo seu próprio prejuízo. Fica fácil dizer para os outros aguentarem o sofrimento, terem paciência aqui e ali.

Ora, os sofredores já encararam suas desgraças com muita paciência. Há muito reformularam seus pensamentos na tentativa de ter alguma esperança. Redobraram seus esforços para superar grandes obstáculos.

Portanto, os conselhos que os "espíritas" sempre dão aos sofredores sempre chega tarde demais. Se o sofredor não consegue superar suas dificuldades, nem sempre é culpa dele, até porque as barreiras são impostas por outrem. Aí que está um dos maiores erros dos "espíritas", achar que dar murro em ponta de faca é aprendizado, achar que a asfixia ensina a respirar melhor.

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