quinta-feira, 4 de maio de 2017
O "bombardeio do amor" como tática perigosa
Um texto do portal Listverse mostra uma lista de dez razões psicológicas para pessoas se juntarem a cultos, não apenas religiosos, mas institucionais de toda espécie, incluindo desde uma fábrica de material esportivo até o manjado nazi-fascismo e organizações estranhas como a Família Manson. Para quem não tem paciência em ler em inglês, há um texto em espanhol.
No exterior, onde a humanidade teve experiência com as várias armadilhas da retórica humana, ninguém se ilude com o "apelo à emoção", ou Ad Passiones, e com o que chamam love bombing, o "bombardeio do amor". É certo que lá tem gente que adere a essas armadilhas, mas elas podem ser também identificadas e seu perigo reconhecido por não pouca gente.
Uma das dez razões apresentadas na lista nós reproduzimos em português, para entender melhor o assunto que focamos nesta postagem, e que revela uma armadilha muito usada pelo "movimento espírita" e que nem os contestadores da deturpação do legado de Allan Kardec têm coragem de questionar:
"Uma das táticas utilizadas pelas seitas para atrair novos membros é o "bombardeio do amor". Esta é uma técnica onde os membros do grupo são demasiado carinhosos e compreensivos. Para alguém que tem baixa autoestima, este é um grande impulso para o ego. Para as pessoas que não estão acostumadas a receber muito amor e adulação em sua vida, isto é obviamente algo muito sedutor. Às vezes, se trata de um culto religioso, se promete aos membros que, além de receber o amor dos seres humanos no grupo, receberão também um amor espiritual e a aceitação de um ser superior.
Porém, uma vez que alguém começa a questionar ou duvidar das ações da organização, este "bombardeio de amor" pode rapidamente voltar. Para castigar a qualquer um que questionar a autoridade, eles o submetem à humilhação pública e ao isolamento social. Temendo a perda de novas amizades e relações íntimas, as pessoas deixam de questionar. Os tipos de pessoas mais suscetíveis a esse tipo de manipulação são aqueles que provém de famílias em conflito e relações abusivas".
O "bombardeio de amor" é a arma usada pela deturpação da Doutrina Espírita para se fazer prevalecer. Cria-se todo um malabarismo de belas palavras, todo um açúcar de frases e imagens, todo um artifício de afetividade que tenta envolver as pessoas, e os questionadores da deturpação param no meio do caminho.
Daí que os questionamentos em torno dos deturpadores Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco estacionam no meio do caminho. A falácia de que eles "praticam bondade" e "ajudam muita gente", além de carecer de embasamento, serve para usar a perigosa tática de "bombardeio de amor" para calar os contestadores.
Dois casos em prol da deturpação envolveram essa perigosa estratégia, que em inglês se denomina love bombing - no fundo, uma versão mais radical do Ad Passiones - e consiste num jogo psicológico de usar artifícios de afetividade e comoção para dominar a pessoa, um "canto de sereia" místico e ainda mais cruel porque evoca ideias como "bondade", "caridade" e "fraternidade" que facilmente subjugam a vítima.
Um ocorreu em 1957. Depois do episódio dos herdeiros de Humberto de Campos, que processaram Chico Xavier e a FEB pelo uso do nome do falecido escritor, o anti-médium mineiro armou uma emboscada para dominar o homônimo filho do escritor, um jornalista e produtor de TV que chegou a aparecer até em uma foto ao lado de Hebe Camargo.
Sabe-se que o desfecho do famoso processo judicial de 1944 resultou em empate. Os juízes tiveram entendimento raso, achando que a questão se limitava aos direitos autorais, quando estava claro que o "espírito Humberto de Campos" era uma farsa. Os herdeiros chegaram a recorrer da sentença e Chico Xavier teria que armar um plano para atrair para si o apoio de suas vítimas.
A víuva de Humberto, D. Catarina Vergolina, também conhecida como "dona Paquita", faleceu em 1951. O esperto anti-médium mineiro já havia seduzido a mãe do escritor, dona Ana de Campos Veras, e se preparava para seduzir o neto desta, Humberto de Campos Filho.
Em 1957, convidou Humberto para uma doutrinária, em um "centro espírita" de Uberaba. e fez todo o alarde. Dois aspectos de manipulação da opinião pública foram usados para seduzir e conquistar Humberto: o Ad Passiones, através da forma radical do "bombardeio de amor", e o assistencialismo. Ambos considerados métodos perigosos de manipulação do inconsciente coletivo.
O "bombardeio de amor" se deu pelo traiçoeiro abraço "fraternal" de Chico Xavier em Humberto de Campos Filho. Este se rendeu ao efeito catártico da comoção extrema, como se fosse um "orgasmo com os olhos" dentro desse processo mórbido de sedução. A esfera "familiar", o clima "afetuoso" e a comoção existente até no fundo musical usado nas "casas espíritas" (na época, músicas orquestrais, distante de nomes como Enya, que se usam hoje), foi certeiro para tal dominação.
No caso do assistencialismo, Chico Xavier mostrou a Humberto Filho atividades "filantrópicas" como um grupo de senhoras cozinhando sopas e uma caravana de ostentação que mais se exibia do que ajudava o próximo: sua "causa" era apenas uma inócua e pouco eficiente doação de mantimentos, uma ajuda que nada contribui em transformações profundas na humanidade.
Outro exemplo de "bombardeio de amor" envolveu a atriz Camila Pitanga. Ela perdeu o amigo e colega de elenco da novela Velho Chico, da Rede Globo, o ator Domingos Montagner, que, ao nadar num trecho do Rio São Francisco, morreu afogado. Camila ia nadar com ele, mas ele a impediu, o que fez ela se livrar da tragédia.
Ateia, Camila Pitanga foi aconselhada, talvez por um colega "espírita" da novela (Carlos Vereza?) a agradecer pela sobrevida no "centro" de João Teixeira de Faria, o João de Deus, o mais novo arroz-de-festa da deturpação do Espiritismo. A chegada de uma atriz da Globo, ateia e de esquerda (João de Deus, latifundiário e direitista, foi até capa de elogiosa matéria da reacionária Veja), foi um prato cheio para a propaganda do anti-médium de Abadiânia, Goiás.
Uma foto que foi divulgada na Internet e até em parte da imprensa escrita mostra Camila ao lado de uma funcionária do "centro", com uma aparente positividade que consiste num dos apelos do "bombardeio de amor", uma propaganda religiosa que não consiste numa bondade espontânea, mas num apelo tendencioso.
Sabe-se que há um esforço para "privatizar" o conceito de "bondade" ao institucionalismo religioso, como se ela não fosse uma qualidade inerente da espécie humana, mas tão somente um subproduto de determinada seita ou movimento religioso. E o "espiritismo" se apoia em muitas falácias para manter a "bondade" como um sub-conceito seu, reduzindo a virtude humana a um mero pragmatismo igrejeiro e paternalista.
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