segunda-feira, 10 de outubro de 2016
A "psicografia coxinha" de Robson Pinheiro
Mais um livro é lançado com a revolta anti-petista dissolvida numa sutil narrativa "espiritual". Depois de O Partido - Projeto Criminoso de Poder, Robson Pinheiro, sob a suposta colaboração do "espírito Ângelo Inácio", agora se tem A Quadrilha, sob a suposta corrupção que teria sido intuída por "inteligências sombrias do mundo espiritual".
Há dados estranhos em O Partido, como definir as ridículas passeatas de 13 de Março de 2016 como "início de regeneração" e atribui-las à "intuição de espíritos superiores". Só faltava mesmo dizer que o Pato da FIESP era a reencarnação da Pomba da Paz que anunciou a "virgem" Maria o "nascimento do Messias".
Há, também, um "mocinho" no livro anterior, chamado Miguel. o "representante máximo da Justiça Divina", um "arcanjo" que seria responsável pela "regeneração" do Brasil. O nome coincide com o do presidente, Michel Temer, não só pela similaridade de Miguel e Michel, mas pelo fato de que o próprio presidente se chama Michel Miguel.
Que "regeneração" se pode esperar com a pauta indigesta que reduzirá empregos, diminuirá a renda dos trabalhadores, acabará com os serviços públicos, entregará as riquezas brasileiras para empresas estrangeiras - que nem estão aí para o povo brasileiro - e vem de um governo cercado de muitos réus criminais, envolvidos com os escândalos da Lava Jato, é o que não dá para entender.
O Brasil passa por tantos retrocessos que o caos só fez aumentar depois que Dilma Rousseff saiu do poder. E ainda se tem livros "espíritas" que atribuem o cenário trevoso em que vivemos a um "projeto da espiritualidade superior" em resolver a crise, às custas do aumento da miséria e da exclusão social que os vários programas do Plano Temer irão fazer, a partir da devastadora PEC 241, que reduzirá investimentos na Educação, Saúde e Assistência Social.
Além disso, nota-se uma sutil campanha anti-PT nos livros de Robson Pinheiro. E que contradizem suas escolhas supostamente mediúnicas, das quais um dos poucos nomes famosos realmente reacionários é o de Madre Teresa de Calcutá, que no entanto nunca teria escrito nem ditado o livro A Força Eterna do Amor porque ela se sentia arrasada no além, depois que foi desmascarada, ainda no final da vida, por um documentário de Christopher Hitchens, Anjo do Inferno.
Cazuza, se vivo estivesse, teria defendido Dilma Rousseff, em que pese a postura contrária do amigo Lobão. Getúlio Vargas, pela identificação com os projetos progressistas de Lula e Dilma, também teria tido a mesma postura. Não se sabe sobre Tancredo Neves, mas ele estaria decepcionado com o cafajestismo político de seu neto, Aécio Neves, enrolado em várias denúncias de corrupção.
É até hipocrisia que Robson queira, em seu portal, dizer que seu compromisso é com a "ciência" e o "conhecimento", quando sabemos que sua atividade é marcada pelo mais profundo obscurantismo místico, sem qualquer compromisso com a verdade, sendo apenas a última palavra em roustanguismo depois dos espetáculos da FEB e seus ídolos mais famosos.
Portanto, a "psicografia coxinha" de Robson Pinheiro é apenas mais um episódio do sensacionalismo barato que envolve a literatura "espírita", num mercado cada vez mais decadente, que é o de livros, cujas publicações mais festejadas são justamente aquelas a que fogem do âmbito do conhecimento. O Brasil virou um ninho de estupidez e sensatez.
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