quarta-feira, 26 de março de 2014

"Centro espírita" de Salvador tranca portas e oferece insegurança durante doutrinárias


A pretexto de promover a disciplina e não "atrapalhar" as "energias superiores da espiritualidade", um "centro espírita" de Salvador, Bahia, é um exemplo do descaso com a segurança e o conforto de seus frequentadores.

O "Núcleo Assistencial do Centro Espírita Cavaleiros da Luz", localizado no bairro do Uruguai, perigosa área do subúrbio soteropolitano, situado na Península de Itapagipe - que envolve também Ribeira, Bonfim (onde tem a famosa Igreja do Bonfim), Vila Rui Barbosa e Maçaranduba - , simplesmente tranca suas portas durante as doutrinárias, sobretudo nas noites dos sábados.

A casa que abriga esse núcleo é pequena e seu salão no térreo é apertado e de acesso difícil à saída. Nesses horários a casa fica lotada e, juntando o fato das saídas apertadas, se houver um risco de um incêndio, a ameaça de uma tragédia é bastante potencial.

Além disso, quem morar longe e quiser sair cedo para pegar um ônibus sem esperar muito não pode sair antes. Depois do fim da doutrinária, o frequentador terá que esperar quase uma hora por um ônibus da linha 0207 Massaranduba / Itaigara, o último a rodar na linha para o Iguatemi, um dos bairros estratégicos para os moradores de Salvador se deslocarem para suas casas.

Se o passageiro não quiser esperar tanto, terá que se arriscar a caminhar uns metros de uma rua escura para pegar o 1612 Paripe / Rodoviária ou o 1637 Mirantes de Periperi / Boca do Rio em direção ao Iguatemi. Não pode pegar, todavia, o 0319 Grande Circular I, porque é menos lotado e raro, com alto risco de haver assaltantes a bordo.

Com tudo isso, em nome da "organização" e das "boas vibrações" da suposta espiritualidade que "está agindo para o bem das pessoas", o Cavaleiro da Luz tem as saídas trancadas a chave durante suas doutrinárias. E são portas típicas de casas modestas, com grades enfeitadas e tudo.

Mas vá que ocorra alguma coisa - um exemplo é ver uma barata circulando livremente num dos banheiros do "centro" e se "enfiando" sob o buraco entre o chão e um vaso sanitário - , como um curto-circuito e coisa parecida, e a demora em abrir os portões não impede que alguma tragédia aconteça.

Foi por causa de uma casa com saídas difíceis e portas trancadas que o incêndio que ocorreu na boate Kiss, em Santa Maria, em janeiro de 2013, causou uma das piores tragédias do gênero, já que muitos dos mortos se deram por causa da incapacidade de saírem do recinto de forma rápida e segura.

Fica complicado até ser espiritólico. Depender de um "centro espírita" que prometa "melhores energias", num local distante e perigoso, com portas trancadas durante uma doutrinária e uma demora angustiante por um último ônibus na saída, é uma tortura para o indivíduo que mora em Salvador. Antes ficasse em casa do que sofrer tantos riscos.

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