quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
O "espiritismo" abandona o sofredor no momento mais difícil
A julgar pelos apelos insistentes que os "espíritas" fazem aos sofredores, se constata, com um realismo contundente, que o "espiritismo", por sua natureza deturpada e moralista, abandona os desafortunados na sua hora mais difícil.
Os mensageiros "espíritas", dos festejados "médiuns" aos "poetas alegres" que pululam em supostas psicografias, sempre demonstram algum descaso com a natureza particular do sofrimento, achando que possuem respostas prontas para os problemas.
A reação é sempre típica do descaso humano. Quando, no primeiro momento, o sofredor conta sua angústia, seus problemas difíceis de resolver e sua incapacidade de intervir no próprio destino, acumulando desgraças de toda ordem, o "espírita" começa sempre dizendo para a pessoa aceitar as dificuldades e "acreditar em Deus".
No segundo momento, quando o sofredor reafirma sua queixa - para desespero dos "espíritas", que pelo jeito odeiam gente queixosa - , o "amigo espírita" então tenta mudar seu discurso, ele que com seu juízo de valor acreditava estar com a palavra final. Uma "palavra final" que se emenda o tempo inteiro.
O "espírita" então tenta contra-argumentar: "Calma, amigo! Talvez você tenha alguns desejos equivocados e não necessite dos projetos de vida que sempre fracassam. Reveja tudo o que você quer, entre em reforma íntima". Vale lembrar que "reforma íntima" é um termo muito usado pelos "espíritas" para defender a "auto-conformação" das pessoas ante as dificuldades da vida.
Alguns, ainda tomados de juízo de valor, despejam o comentário um tanto pernicioso: "Sabe qual é o seu maior inimigo? Você! Combata-se e perceba as belas coisas da vida!". Esse papo de "inimigo de si mesmo" revela que o "espiritismo" criminaliza a individualidade humana, como se dissesse a uma ovelha negra: branqueie seu pelo e se junte ao resto do rebanho.
Sim, porque como a pessoa pode se auto-valorizar e cultivar o amor próprio, se ela é "inimiga" de si própria? Essa rotulação, típica do perverso juízo de valor dos "espíritas", só faz o sofredor ficar deprimido ou irritado. Ou então levá-lo ao suicídio, justamente um ato tão reprovado pelos "espíritas".
Os argumentos então se "evoluem". Tentam cultivar a alegria ao angustiado, pedindo para olhar para a Natureza, pensar em coisas lindas, olhar para o céu azul enquanto sofre uma desgraça pesada, ver os passarinhos voando depois do choque de uma grande frustração e por aí vai.
"Ah, desculpe, rapaz! Aquela mulher é do perfil da Emma Watson e ela se casou com outro? Não se preocupe, tem outra que até tem perfil de mulher-fruta, mas, pense bem. Se ela mostra aquele corpo exagerado, é para ela sustentar a mãe pobre e o afilhado. Veja que bom!", diz o "espírita", com uma certa hipocrisia, a um rapaz sofredor.
Em última instância, os "espíritas" que agem assim recorrem à oração, tentam de tudo. Mas o seu primeiro juízo de valor mostrou a intenção: é o "espírita" achar que conhece mais as necessidades e os desejos do sofredor do que ele próprio.
E os conselhos dados em muitos casos são previsíveis e já foram atendidos. Afinal, o sofredor já havia feitos todas as tentativas, sem recorrer ao conselho alheio: melhorando energias, tendo jogo de cintura, criando iniciativas, se esforçando com otimismo, perseverando, mudando estratégias, abrindo mão de certas vontades e tudo o mais. Se fracassou em tudo isso, aí a culpa não é do sofredor e ele não vai repetir a fórmula que acabou não dando certo.
Daí que, em que pese a suposta dedicação dos "espíritas" àquele que sofre, nota-se que existe o abandono na essência. Quando se começa dizendo para a pessoa "suportar o sofrimento", isso revela um juízo de valor bastante severo.
E as adaptações de conselhos só refletem o descaso com o outro, em que o "conselheiro espírita" sempre condiciona sua tarefa aparente de ajudar o outro com suas convicções e preconceitos pessoais. Isso sim é desprezar o sofrimento do outro, com suas motivações individuais próprias.
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