domingo, 27 de novembro de 2016
Inimigos internos do Espiritismo pedem fidelidade ao legado de Kardec. Ahn?!
Virou bagunça. O "espiritismo" brasileiro, de bases igrejeiras calcadas no Catolicismo jesuíta do Brasil colônia, fundamentado no Catolicismo medieval português, busca manter suas contradições severas, embora sinalize para posturas ainda mais ultraconservadoras e neo-medievais.
Hoje vivemos uma transição em que o "espiritismo" brasileiro se prepara para deixar a fase dúbia ("kardecismo" supostamente autêntico, mas com bases igrejistas) e assumir de vez a Teologia do Sofrimento, já que os "espíritas" sempre carregaram a herança do que havia de mais retrógrado no Catolicismo. O "espiritismo" assumiu, digamos assim, a "mobília" que deixou de ter serventia para a Igreja Católica propriamente dita.
Um livro lançado em 2015 ainda sinaliza a doutrina dúbia, o "roustanguismo sem Roustaing" que ainda deixa suas marcas no "movimento espírita". É o livro Vivendo o Evangelho, um engodo pseudointelectual que relança o fictício André Luiz através de um outro suposto médium, Antônio Baduy Filho e publicado pela editora igrejista IDE.
Em dois volumes, o suposto André Luiz investe numa engenhosa falácia, que é a de narrar as dificuldades que Jesus de Nazare e Allan Kardec tiveram para trazer seus pensamentos pioneiros para a humanidade. Isso pareceria correto se não fosse um detalhe: o "espiritismo" brasileiro é o "inimigo interno" que havia sido advertido ainda nos tempos em que estava vivo o professor lionês.
O "inimigo interno" é definido com outro nome: "adversário íntimo". E aí o discurso fica uma beleza: advertir para que a arrogância e a negligência de cristãos e espíritas não provoquem divisões e prejuízos à divulgação do Espiritismo no planeta. Diz um trecho:
"(...) O Mestre da Boa Nova e o Professor da Nova Revelação colheram adversários declarados, durante a missão sublime de anunciar e restabelecer as verdades divinas.
De nossa parte, guardemos vigilância e fidelidade aos ideais, para que não nos transformemos, por negligência ou arrogância, em adversários íntimos da causa que abraçamos, recordando que Jesus foi traído pelo discípulo do Evangelho e Kardec tem sido negado por aqueles que mais dizem honrar a Codificação Espírita".
Se observarmos bem as coisas, veremos que o livro evoca um suposto espírito que, independente de ter sido ou não uma ficção (hipótese dotada de provas, como o fato de Nosso Lar ter sido plágio de um livro de um reverendo britânico), representa justamente um dos símbolos maiores de todo o processo de traição feito pelo "movimento espírita" ao legado de Allan Kardec.
"ANDRÉ LUIZ" DIVULGOU IDEIAS ESTRANHAS A ALLAN KARDEC
Em outras palavras, Vivendo o Evangelho, de Antônio Baduy Filho, é um livro em que o traidor tenta condenar a traição, e é risível que ele fale em "adversário íntimo" e pedisse para as pessoas "observarem" as suas próprias fraquezas e erros. De repente o suposto André Luiz passou a vestir a fantasia de Erasto e "denunciar" a própria deturpação do "movimento espírita".
Não se trata de autocrítica. Afinal o livro segue a "saudável orientação" de toda uma linhagem lançada por Francisco Cândido Xavier. Sabe-se que o mito "André Luiz" aponta indícios de ter sido inventado a partir de um plágio de Nosso Lar sobre o livro A Vida Além do Véu, de George Vale Owen, e de elementos de ficção científica e pseudociência trazidos por sugestões dadas por Valdo Vieira, então pré-adolescente, e depois parceiro de Chico Xavier na "série André Luiz".
Enquanto no "simpático" livro de Baduy o "André Luiz" expressa sua "preocupação" com os traidores da Doutrina Espírita, sabe-se que as obras que levam seu nome revelam muitos aspectos estranhos ao legado deixado por Allan Kardec.
Um deles é o da "colônia espiritual". Allan Kardec afirmou, em suas obras, que não havia a menor possibilidade de supor o que é um mundo espiritual, mesmo em hipóteses plausíveis. O mundo espiritual é um enigma que até hoje se mantém insuperável, pela falta de estudos sérios e rigorosos à luz da Ciência.
Mas "André Luiz" apostou na "colônia" ou "cidade espiritual", usando a ficção "mediúnica" do reverendo Owen, e com Chico Xavier provavelmente acolhendo as sugestões do adorado fã Waldo Vieira, fã de quadrinhos de ficção científica.
O problema é que a "cidade espiritual" foi construída, não fosse suficiente a partir de outra fonte literária, mediante convicções materialistas: hospitais imponentes e luxuosos, bosques verdejantes e floridos, animais domésticos e passarinhos, crianças brincando, pessoas usando pijamas brancos, lanchonetes oferecendo sucos e alimentos saudáveis, pátios ao ar livre com orquestras etc.
A ideia, justamente daqueles que deturpam a Doutrina Espírita - e Chico Xavier foi o pior desses deturpadores - , é criar uma analogia ao "paraíso católico" (embora a "cidade" de Nosso Lar seja, mediante algumas interpretações, o "purgatório") no "movimento espírita", com um objetivo que parece "bonito" no balé das palavras belas de seus pregadores, mas é muito cruel.
Afinal, usa-se o "paraíso" como forma de fazer apologia às desgraças humanas. O "espiritismo" é ainda mais cruel com o sofrimento humano quando tenta fazer juízo de valor (o mito dos "resgates morais" ou "reajustes espirituais") e adotar postura de descaso (a falácia de que "o sofrimento de uma encarnação inteira é nada diante do futuro de bênçãos da eternidade"), como se fosse moleza desperdiçar 80 anos de vida acumulando desgraças que só agravam as feridas da alma.
O "movimento espírita", para o qual Chico Xavier atuou em inúmeros embustes - um caso gravíssimo que incluiu até uma provável "queima de arquivo", através da estranha morte do sobrinho Amauri Xavier Pena - , quis mesmo criar um "prêmio simbólico" para quem aceitasse sofrer desgraças, achar ótimo perder entes queridos e trabalhar para patrões tirânicos, espécie de "gincana de superação": um suposto mundo superior que trouxesse os prazeres e fantasias reprimidos na vida corpórea.
O "André Luiz" foi um dos "instrumentos" para a traição da Doutrina Espírita feita no Brasil. Chico Xavier personificou com chocante exatidão o "inimigo interno" previsto por Erasto, embora, em vários trechos de O Livro dos Médiuns, as advertências parecem endereçadas também a Divaldo Franco.
Em todo caso, Chico e Divaldo puxaram todo um processo de traições e embustes no "movimento espírita", que as conveniências permitem total e espantosa impunidade. Vai o baiano José Medrado invadir um terreno para construir sua "Cidade da Luz", explorar crianças carentes, difundir preconceitos sociais nas palestras e falsificar quadros sem medir escrúpulos em usar uma única assinatura para diferentes "autores espirituais" e ninguém mexe com ele.
O "movimento espírita" brasileiro é hipócrita, ao pedir fidelidade e vigilância contra as traições. Sendo os próprios traidores que pregam isso, é uma atitude deplorável que merece o mais rígido repúdio.
Os traidores insistem em usar Erasto em causa própria, fazendo-nos esquecer que Erasto, quando falava dos "inimigos internos" (ou "adversários íntimos") da Doutrina Espírita, estava na verdade falando de Chico Xavier, Divaldo Franco, José Medrado, André Luiz, Emmanuel, Joana de Angelis e outras figuras igrejistas que transformaram o legado kardeciano numa grande bagunça.
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